Quanto custa a incompetência?
É óbvio que avanços tecnológicos, qualificações e conhecimento técnico são importantes, mas quanto custa a entropia, a estagnação e a desumanização numa empresa?
Quem conhece a realidade corporativa sabe que, se há linguagem que os empresários conhecem, é a dos investimentos e das despesas. Nos investimentos espera-se valor acrescentado, nas despesas importa a redução de custos. É a gestão simplificada.
No que às pessoas diz respeito, tem havido uma mudança de paradigma: a melhoria das condições de trabalho, a conciliação com a vida pessoal, a promoção do bem-estar e da saúde mental, têm sido cada vez mais vistas como investimento — o que é um bom sinal, com retorno na produtividade, no aumento da felicidade e na retenção de talento.
Segundo o World Economic Forum, no seu mais recente relatório sobre o futuro do trabalho — no qual reúne dados de 803 empresas, com mais de 11 milhões de pessoas de 45 economias de todo o mundo, analisando as tendências e o seu impacto nas competências e nas estratégias de transformação para o período 2023/27 – no top dez das competências essenciais para integrar o mercado de trabalho neste período estão, entre outras, soft skills como empatia, escuta ativa, liderança e influência social, com o segundo lugar do ranking a ser ocupado por três competências de autoeficácia: resiliência, flexibilidade e agilidade; motivação e autoconsciência; curiosidade e aprendizagem ao longo da vida.
Significa isto que, muito além das hard skills — competências técnicas e específicas de certos setores e profissões – estão as soft skills –– competências pessoais e sociais, transversais a todas as pessoas e setores, que tanto acrescentam quando estão desenvolvidas e tanto limitam quando não é assim.
É por isso que questiono: quanto custa a uma empresa ter pessoas tecnologicamente avançadas, mas incapazes de se relacionar com os colegas, partilhar, colaborar e criar empatia? Quanto custa a uma empresa ter pessoas altamente qualificadas, mas resistentes à mudança, bloqueadoras de novas ideias e incapazes de se adaptar? Quanto custa a uma empresa escolher líderes pelo seu conhecimento técnico ou antiguidade, mas incapazes de motivar, ensinar ou escutar a sua equipa?
Nestes casos, aumenta a digitalização e diminui a qualidade das relações; sobe o nível de qualificações e reduz a criatividade; cresce a especialização e cria-se um fosso hierárquico. É óbvio que avanços tecnológicos, qualificações e conhecimento técnico são importantes, mas quanto custa a entropia, a estagnação e a desumanização numa empresa?
Sei que nem tudo entra na folha de Excel, no gráfico de performance dos KPI ou no balancete, mas tudo isto – relações interpessoais, competências pessoais e capacidades de liderança – faz parte da realidade diária das empresas, com impacto direto no seu funcionamento e respetivos resultados.
É este um dos motes para o meu recente livro “Soft Skills para todos”, que vai da motivação à gestão da mudança, da inteligência emocional à criatividade, passando pela atitude positiva, gestão de tempo e definição de objetivos, no qual apresento o que a ciência e a experiência permitem propor para desenvolver estas competências – e sim, é possível fazê-lo! A promoção e capacitação das soft skills é um verdadeiro investimento na produtividade, das pessoas e da própria empresa. Afinal, quanto vale a competência?
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Quanto custa a incompetência?
{{ noCommentsLabel }}