
Quanto custa desenvolver tecnologia sem diversidade?
O futuro da tecnologia está a ser escrito agora. A questão é: queremos escrevê-lo com todas as vozes, ou apenas com metade delas? A escolha — e as consequências — são nossas.
Na velha questão de porque é que ainda se debate a diminuta presença das mulheres em áreas tecnológicas, permitam-me colocar uma questão provocadora: sabem quanto custa desenvolver tecnologia sem diversidade?
Vejamos exemplos reais: sistemas de reconhecimento facial que erram na identificação de mulheres negras, airbags que foram mortais por terem sido testados apenas em manequins masculinos, e agora, com tecnologias emergentes como Quantum Computing, onde apenas 13% são mulheres, arriscamo-nos a amplificar estes erros ou vieses exponencialmente.
Os dados são claros e alarmantes: em IA, 85% das equipas são masculinas. Em análise de dados, apenas 17% são mulheres. Em Quantum Computing, área que promete revolucionar desde a medicina personalizada até à segurança de dados, a representação feminina é ainda menor.
53% das nossas graduadas STEM são mulheres — mas não o retemos. Precisamos de uma mudança radical de paradigma. Temos de deixar de falar apenas do ‘problema do pipeline’ e começar a enfrentar a ‘crise de retenção’.
Quando os dados que alimentam os nossos sistemas são recolhidos, analisados e processados sem diversidade, criamos um ciclo vicioso de exclusão digital. Estamos a testemunhar o maior processo de transformação digital da história, onde dados são o recurso mais crítico do futuro — podem ser infinitos, mas seu valor e impacto dependem inteiramente de quem os processa e como são utilizados.
Já hoje, estes dados estão a ser processados com vieses significativos. Imaginem, quando os algoritmos quânticos começarem a otimizar sistemas de saúde ou desenvolver medicamentos.
Nós temos esse talento — 53% das nossas graduadas STEM são mulheres — mas não o retemos. Precisamos de uma mudança radical de paradigma. Temos de deixar de falar apenas do ‘problema do pipeline‘ e começar a enfrentar a ‘crise de retenção’.
A questão já não é se vamos mudar, mas quando. Ou lideramos esta mudança agora, proativamente, usando dados para informar decisões e garantindo diversidade em todas as áreas tecnológicas, ou seremos forçados a mudar quando já for tarde demais.
O futuro da tecnologia está a ser escrito agora. A questão é: queremos escrevê-lo com todas as vozes, ou apenas com metade delas? A escolha — e as consequências — são nossas.
O Summit Women in Tech 2025, sob o tema “Capacitar a Humanidade: Tecnologia Inclusiva para um Futuro Sustentável”, realiza-se de 9 a 10 de maio, no Parque Tecnológico da Maia.
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