The future is brighter… so they say

E mais do que imaginamos. Pelo menos é este o título do mais recente relatório da consultora de tendências WGSN. E sejamos honestos, dá um certo conforto pensar que sim. Que em 2021 tudo será melhor.

A começar em nós próprios. Não é por acaso que no relatório é expressa uma certa admiração pelo consumidor do futuro. Em 2021 os indivíduos vão provar ser melhores do que o mundo que os rodeia. De certa forma, já começamos talvez a ver traços dessa personalidade em movimentos artísticos, seja os que nascem no meio das ruas de Hong Kong com Ai Weiwei, seja em projetos como o do street artist Peter Drew, o australiano que nas ruas de Adelaide cola posters de campanhas com a mensagem “Real Australians Say Welcome”. Política à parte. Economia à parte. Que são temas que não cabem (nem quero) aqui.

Há então três sentimentos emergentes entre os consumidores futuros e a que, naturalmente, as marcas devem estar atentas, num mundo que vive numa fase de “breaking point”, do ponto de vista da sua sustentabilidade, ou se quisermos, de sobrevivência.

Temos primeiro os “Compressionalists, exaustos e sob pressão, perfeccionistas e que vivem com o medo de falhar, ansiosos, com síndrome de super-humanos, ligados a tudo o que é tecnologia e que adotaram a procrastinação como princípio de vida. Alguém se revê já aqui? Marcas: estes são os consumidores a quem devem dirigir mensagens claras e simplificar a sua experiência de e-commerce, porque os compressionalists não sabem lidar com confusões ou frustrações. E usem data e IA para se anteciparem a eles. Se hoje “speed -to-delivery” já faz parte de algumas estratégias, (basta recordar o projeto da Farfetch com a Gucci, que entre a encomenda de um produto de luxo e a entrega à porta de nossa casa tínhamos que esperar apenas 90 minutos), o speed terá que ser outro já daqui a dois anos.

Depois há os “Kindness Keepers” por quem tenho um crush. Admito. Sentimentais q.b. e que consomem tudo o que é notícias e comentários negativos nas redes sociais. Preocupados com o bem-estar do mundo em geral, inclusivos, éticos, de confiança, constroem pontes entre comunidades criadas dentro da sua própria bolha. O segredo para os conquistar? É medir a bondade como um KPI e colocar sempre as pessoas à frente do lucro. E não tenham problemas em pedir desculpas, estes consumidores não só adoram o seu ato de coragem como o vão considerar como um dos seus – dito isto, seja groupie e transforme a sua marca também numa kindness keeper. Há risco? Sim, mas aqui o risco também pode ser sinónimo de maior lealdade, numa era de consumidores pouco leais às marcas.

E por último foram identificados os “Market Makers”, todos os que, ao contrário dos consumidores ocidentais, vivem numa maré de otimismo capaz de trazer mudanças sociais e até políticas. Jovens empreendedores, de mercados como a Índia, África ou do Sudeste Asiático, confiantes, disruptivos, com energia para criar novos mundos e oportunidades. Mais longe da nossa realidade de mercado é certo, mas ainda assim podem nos inspirar a olhar para o futuro. Um futuro onde as marcas devem construir peer-to-peer marketplaces e em que os centros comerciais são um “terceiro mercado” – o Phygital.

Há dias um amigo comentava-me a dificuldade que tem em reter talento na área da comunicação – porque as novas gerações entendem que não devem “vender” produtos que acham que os consumidores não precisam – questionando o negócio. Ou, se quisermos, o propósito. Em 2021, bem vistas as coisas, não seremos assim tão diferentes. Temos então – consumidores e marcas -, dois anos para, de forma otimista, pensar que o futuro pode ser melhor e que há uma nova oportunidade nesta adaptação aos nossos novos sentimentos.

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