Todos homens de Costa

“Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”, diz o provérbio. Não é possível confiar em quem pessoas destas se rodeia.

Assisti a dezenas de horas de debates e comentário sobre a demissão de António Costa. A generalidade dos participantes parece considerar que a causa do pedido de demissão residiu no último parágrafo do comunicado de imprensa da PGR. E a maioria, embora empatizando com a decisão do PM, manifestam-se preocupada com a ligeireza do referido parágrafo. E têm razão: No que a Costa estritamente diz respeito, o comunicado apresenta muito pouco — referências de terceiros e a passagem da bola para uma entidade, o STJ, que decidirá ou não abrir um procedimento criminal. Sem o dizerem, temem que a judicialização da Pólis, como aconteceu em Itália, possa abrir caminho ao desmembrado sistema partidário tradicional e a sua substituição por aberrações populistas. Simpatizo com a preocupação, mas gostaria de propor um thought experiment.

Suponhamos que as últimas 5 linhas do comunicado da PGR não existiam e, assim, não se encontraria nele qualquer referência direta a Costa. Seria que a autoridade política e institucional de Costa se encontraria comprometida? Seria “tudo o resto” motivo suficiente para o pedido de demissão? A minha resposta é sim! Escária, Lacerda Machado e Galamba são “homens de Costa” (parafraseando o título do bem conhecido filme sobre Watergate, “All thePresident men”).

Vítor Escária foi repescado por Costa do caixote da “tralha socrática” para o pináculo da confiança pessoal e política. Lacerda Machado é o melhor amigo, o Consiglieri a quem Costa recorre para desembaraçar os nós mais emaranhamos. De Galamba, um delfim de Sócrates, estamos falados: Por ele, Costa afrontou o Presidente e destruiu a convivência pacífica com Marcelo.

“Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”, diz o provérbio. Não é possível confiar em quem pessoas destas se rodeia. Não é crime, necessariamente. Mas destrói qualquer capital de confiança e credibilidade.

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