
União Europeia lança pacote financeiro de 500 milhões para atrair cientistas para a Europa
A ação “Escolha Europa pela Ciência” (“Choose Europe”) procura posicionar a União Europeia como destino de excelência para investigadores e cientistas de todo o mundo.
A Comissão Europeia (CE) divulgou recentemente um conjunto de medidas para fortalecer a União Europeia (UE) enquanto destino de excelência para investigadores.
A estratégia “Escolha a Europa”, com um montante de 500 milhões de euros a aplicar entre 2025 e 2027, foi lançada pela presidente da CE, Ursula von der Leyen, na Universidade Sorbonne, em Paris, a 5 de maio de 2025.
Com base em programas de financiamento já existentes, tal como o Horizonte Europa, a iniciativa visa atrair investigadores estrangeiros através de bolsas de investigação, contratos estáveis para jovens cientistas e programas de mobilidade. A prioridade é clara: garantir que a ciência na Europa continue a ser “de ponta”, aberta e livre.
Entre as principais medidas, destaca-se o reforço do apoio a investigadores em risco, a facilitação de trajetórias científicas sustentáveis e o incentivo à contratação de cientistas, investigadores, académicos e trabalhadores altamente qualificados. A iniciativa prevê, ainda, o fortalecimento da interseção entre ciência e indústria, com ênfase em áreas estratégicas como a inteligência artificial, espaço, saúde digital e biotecnologia.
A iniciativa terá como veículo primordial o programa Horizonte Europa, que através de iniciativas já existentes, como o European Research Council e Ações Marie Curie, terá como desígnio atrair talento, para a UE, proveniente de todos os pontos do globo, visto
que não existirão restrições quanto à nacionalidade do candidato, desde que escolham um centro de investigação de acolhimento num Estado-Membro. Como tal, investigadores provenientes dos Estados Unidos da América, por exemplo, poderão encontrar na UE
uma plataforma para a sua carreira científica.
Adicionalmente, está programado o lançamento de um novo concurso, no âmbito do mesmo programa, para a criação do “ERA Chairs”, com um orçamento de 230 milhões de euros para 2026–2027. O concurso, que visa a criação de uma cátedra científica, poderá apoiar até 120 investigadores e gestores de ciência em países com desempenho abaixo da média em I&D, como é o caso de Portugal.
A nível de cada Estado-Membro serão ainda lançadas oportunidades de apoio, bolsas, programas para investigadores visitantes e oportunidades de recrutamento (incluindo posições mais estáveis, cátedras e cargos de liderança), permitindo que os investigadores
desenvolvam a sua atividade em instituições locais, criem redes de colaboração e adquiram experiência internacional relevante.
Em paralelo, os ministros dos 27 Estados-membros aprovaram a nova Agenda de Política do Espaço Europeu da Investigação (EEI) para o período 2025–2027, que assenta em três elementos fundamentais: (1) a contextualização política, que define o cenário para os
objetivos mais amplos e destaca os resultados alcançados, (2) a descrição das políticas estruturais do EEI, que são políticas de longo prazo integradas nas políticas nacionais e europeias, e (3) um plano de trabalho para cada política e ação estrutural proposta.
Em particular, a Agenda de Política do EEI 2025–2027 tem como objetivos centrais:
- Reforçar a competitividade da UE e garantir a sua autonomia estratégica, através de investimentos coordenados e reformas estruturais no setor da investigação e inovação (I&I);
- Consolidar a excelência científica europeia e a sua atratividade internacional, promovendo a mobilidade, o acesso a infraestruturas de ponta e a partilha de conhecimento entre países;
- Alinhar a investigação com os desafios de sustentabilidade, através da transformação industrial e da criação de sinergias com outras políticas europeias.
No ano em que se comemoram os 25 anos do EEI, a UE apresenta uma meta de destinar 3% do PIB para investigação e desenvolvimento até 2030. Esse objetivo estratégico requer a colaboração conjunta de Estados-Membros, universidades, centros de investigação e empresas.
Por fim, foi disponibilizada online uma versão rascunho do que poderá vir a ser o novo programa-quadro para a I&D, i.e., o sucessor do Horizonte Europa. A documentação refere claramente que a iniciativa “Choose Europe” deverá manter-se, igualmente no próximo programa-quadro, para o período pós-2028, a dedicar à excelência científica, que atribuirá parte do seu apoio ao investigador.
Com esta nova iniciativa, a UE dá, assim, um passo decisivo para se consolidar como um centro de excelência científica, capaz de atrair e reter talento global, promovendo uma ciência mais colaborativa, sustentável e voltada para os principais desafios tecnológicos, ambientais e sociais do futuro.
Nota: Os pontos de vista e opiniões aqui expressos são os meus e não representam nem refletem necessariamente os pontos de vista e opiniões da KPMG em Portugal.
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