Fitch: “Nacionalização do Novo Banco difícil de implementar”
Fitch considera que nacionalização do Novo Banco é de difícil implementação política. Destaca arte de negociar com parceiros de António Costa, mas sublinha persistência dos problemas na banca.
A Fitch considera que os riscos políticos em Portugal continuam baixos. António Costa conseguiu garantir uma coesão relativa com os seus dois parceiros políticos, PCP e Bloco de Esquerda, apesar dos receios iniciais que poderiam materializar-se em novas eleições. Ainda assim, diz a agência, no curto prazo subsiste um tema que poderá ser de difícil implementação política: a nacionalização do Novo Banco. Mais uma prova para o primeiro-ministro.
É destacada a “forte competência na negociação” de António Costa, como ficou comprovado no passado com a aprovação do Orçamento do Estado e de outras medidas de âmbito social. Porém, “no curto prazo, uma solução bancária poderá ser difícil de implementar politicamente”, diz a Fitch. “Por exemplo, há pedidos que vêm dos parceiros políticos para nacionalizar o Novo Banco, a que o Governo se opõe“, frisa a agência numa nota de rodapé.
Neste momento, o Executivo estuda a possibilidade de o Estado entrar ao lado do Lone Star, o melhor colocado na corrida, na compra do Novo Banco. A maioria do capital terá de ser sempre do Lone Star, para o Novo Banco deixar de ser um ‘banco de transição’, e, neste contexto, o Governo está a negociar com o Eurostat uma solução que permita que o apuramento do impacto dessa operação no défice seja feito apenas quando se efetivar uma venda posterior da posição do Estado.
Na última revisão do rating de Portugal, a Fitch alertou para os riscos de haver um novo resgate a um banco. “Um novo problema no setor financeiro que exija um apoio financeiro substancial do Estado” poderá por si só levar a Fitch a cortar o rating de Portugal, disse a agência de notação financeira.
Agora, na nota publicada esta quinta-feira, a Fitch sublinha que os problemas no setor bancário persistem. “Desde que tomou posse em novembro de 2015, o executivo de Costa procurou resolver uma série de problemas que afligem o setor bancário, mas os resultados têm sido mistos até agora“, salientam os analistas.
“No que toca à Caixa Geral de Depósitos, o Governo pretende terminar o processo de recapitalização até final do primeiro trimestre, o que deverá deixar o banco público numa posição sólida para melhorar a rentabilidade. Contrastando, a venda do Novo Baco ainda tem de ser concretizada, com as últimas ofertas a ficarem bem abaixo da recapitalização original de 4,9 mil milhões de euros em 2014″, explica a Fitch.
Apesar das divergências políticas que possam surgir no dossiê Novo Banco, “os riscos para a instabilidade política continuam baixos”. Algo que não impede, ainda assim, constrangimentos e limitações para o governo adotar reformas estruturais, particularmente no mercado de trabalho. “Mesmo as reformas que já foram aprovadas, como a lei de enquadramento orçamental, apresentam dificuldades na sua implementação”, diz a Fitch.
A Fitch manteve no início do mês o rating de Portugal em BB+, com uma perspetiva positiva.
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