A diáspora dos banqueiros de Londres para Dublin
A capital irlandesa surge como a melhor cidade para os banqueiros do Standard Chartered, Barclays e Bank of America relocalizarem os seus escritórios, apesar dos elevados impostos ao rendimento.
Pouco mais de vinte e quatro horas depois de a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, ter anunciado que iria iniciar o processo de divórcio entre o seu país e a União Europeia, os grandes bancos em Londres arregaçaram as mangas e começaram a preparar a saída, que já tinham vindo a planear discretamente há meses, avança a Bloomberg.
A agência também cita esta quarta-feira um estudo da Movinga, uma companhia alemã de deslocações de empresas e indivíduos, que averiguou as condições de 15 cidades diferentes para onde os banqueiros do Reino Unido, e outros profissionais que se vejam afetados pelo Brexit, podem deslocar os seus negócios.
Dublin surge como o melhor destino para os banqueiros escaparem ao Brexit, de acordo com o estudo da Movinga. Embora a Irlanda tenha alguns dos mais elevados impostos sobre o rendimento, de 52%, há benefícios claros em ser o único país da União Europeia com o inglês como língua-mãe, à parte do Reino Unido. Além disso, alugar um apartamento em Dublin é bastante mais barato do que em Paris, Frankfurt ou no Luxemburgo, adiantou a Movinga no seu site.
O inquérito não analisou apenas a língua nativa das cidades e países ou os seus impostos. Também incluiu variáveis como o número de restaurantes premiados com estrelas Michelin, o número de lojas da Burberry ou o custo médio de uma sessão de cocktails numa saída à noite.
“Toda a gente fala de cidades como Paris e Frankfurt estarem a preparar-se para receberem um fluxo de profissionais da banca devido ao Brexit, mas outras cidades como Dublin, Valeta, Luxemburgo ou Amesterdão podem vir a estar mais bem preparadas para satisfazerem as necessidades desses profissionais e fazerem-nos sentirem-se em casa”, explicou Finn Hänsel, diretor da base da Movinga em Londres, à Bloomberg.
Esta foi a lista elaborada a partir do estudo da Movinga:
A diáspora dos banqueiros para Dublin
Os bancos britânicos vão dar início à diáspora logo depois de a primeira-ministra Theresa May iniciar as negociações, apontadas para começarem já na próxima quarta-feira, 29 de março, para a saída do país da União Europeia, que se vão estender ainda durante dois anos.
Dublin tem vindo a surgir como o destino de preferência de bancos britânicos como o Standard Chartered Plc, o Barclays Plc e o Bank of America Corp para relocalizarem os seus escritórios. No entanto, a Movinga revela que outras instituições internacionais, como o grupo Goldman Sachs ou o Citigroup Inc, preferem Frankfurt. Isto porque a cidade alemã já tem o seu próprio ecossistema financeiro muito bem desenvolvido, com o Deutsche Bank, o Banco Central Europeu ou o BaFin, um dos únicos reguladores da União Europeia com experiência em ultrapassar relocalizações complicadas nesta área de negócios.
Richard Gnodde, co-diretor de investimentos do grupo Goldman Sachs, disse à CNBC que o seu banco vai deslocar, nestes primeiros tempos, centenas de trabalhadores que estejam em Londres para outros locais, para expandir a rede de escritórios depois da separação com a União Europeia. Já o presidente do banco Morgan Stanley, Colm Kelleher, disse à mesma fonte que teria “de certeza” de deslocar alguns dos seus funcionários.
“Não vai ser o fim de Londres, mas claramente vamos ter de nos ajustar”, afirmou Kelleher.
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