Portugueses só têm um terço do que precisam para a reforma
Os portugueses precisam de 968 euros, em média, para satisfazer as suas necessidades após a reforma. Ou seja, mais 600 euros do que a pensão média, revela um estudo do BBVA.
A grande maioria dos portugueses está consciente da necessidade de encontrar alternativas para complementar o valor da sua reforma, mas a maior parte ainda não fez nada nesse sentido. Esta é uma das principais conclusões da 4ª sondagem do Instituto BBVA de Pensões que pretende aferir os hábitos de poupança dos portugueses e o seu grau de conhecimento sobre as pensões. Esta realidade ganha especial relevância se for tido em conta que as necessidades financeiras após a reforma são quase o triplo do valor médio das pensões.
As principais conclusões do estudo acabam por confirmar que muito pouco mudou em termos da ações dos portugueses no sentido de se adaptarem às mutações do sistema público de pensões e ao previsível forte corte dos valores a receber na hora de se reformarem. De acordo com o estudo do BBVA, 74% dos inquiridos acreditam que o valor das suas pensões será insuficiente para viver quando se reformarem, mas apenas 32% assume estar a poupar para a reforma.
Expectativa face ao valor necessário para a reforma
Uma divergência que ganha relevância, sobretudo tendo em conta as necessidades financeiras que os portugueses assumem que terão após a reforma. De acordo com a sondagem realizada pelo Instituto BBVA de Pensões, os portugueses precisam de 968 euros, em média, para fazer face às suas necessidades financeiras durante a reforma. Esta quantia é quase o triplo do valor da pensão média.
“Este gap é muito significativo, estamos a falar de uma proporção de um para três”, afirma Jorge Bravo, economista membro do fórum de especialistas do Instituto BBVA de Pensões. “Isto gera na maior parte dos inquiridos bastante angustia relativamente à segurança financeira na velhice”, complementa o economista.
Poupar para a reforma: Já começou?
Em face deste tipo de resultados, é fácil perceber que quase 90% (88%) considerem ser necessário poupar para complementar o valor das suas reformas da Segurança Social. Contudo aquilo que acaba por acontecer é que a grande maioria da população não o faz. Os resultados do inquérito indicam que 62% dos sondados ainda não começaram a poupar para a reforma.
“A principal razão que apontam é a dificuldade em afetar parte do seu rendimento a essa finalidade. Mas há também um número significativo de portugueses que acham que é aos sistemas públicos que cabe essa competência. Outros, consideram que ainda é cedo para ter essa preocupação”, explica Jorge Bravo. Mas o economista lembra que “ao contrário da poupança de curto prazo, a poupança de longo prazo exige um compromisso muito grande e que obriga a uma disciplina financeira e inversão de prioridades”. Um compromisso que muitos portugueses, ou porque não dispõem de meios suficientes ou disponibilidade para o fazer, acabam por não assumir ainda.
Poupança recupera
No que respeita aos números da poupança, as conclusões do estudo apontam para que a proporção dos portugueses com hábitos de poupança se tenha mantido relativamente estável, em 2016, sendo notório ainda um aumento dessa capacidade. De acordo com esta análise, 43% dos inquiridos revelaram que conseguem ter hábitos de poupança, um valor que fica ligeiramente aquém face aos 45% registados no inquérito do ano passado. Já o valor médio da poupança mensal, ascendeu a 166,4 euros, em média. Este valor representa um incremento de 30,3 euros face ao montante médio verificado em 2015. Apesar disso quase metade da população inquirida revelou não conseguir atingir uma capacidade de poupança mensal de 150 euros.
O principal motivo da poupança amealhada mensalmente acaba por ser para satisfazer imprevistos e não necessariamente para cumprir um compromisso de longo prazo como é o caso da reforma. Já na hora de poupar para a reforma, aqueles que o fazem acabam por privilegiar na sua maioria, os produtos de reforma tradicionais: mais em concreto os PPR (48%), os seguros de capitalização (21%) e os fundos de pensões abertos (13%).
O estudo do Instituto BBVA de Pensões foi realizado através de mil entrevistas entre a população portuguesa, levadas a cabo entre 4 de outubro e 2 de novembro de 2016.
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