Seis dicas para empreendedores… de outros empreendedores
Na sexta semana do empreendedorismo, quatro empreendedores portugueses partilharam a sua experiência no evento Entrepreneurs Talks. O ECO reuniu seis dicas para quem quer começar um negócio.
O empreendedorismo em cima da mesa. Nela, sentam-se Lara Ligeiro, responsável pela Starters Academy, um programa de aceleração de startups. No lugar de empreendedores mais experientes, estiveram Miguel Cordeiro, diretor da plataforma empreendedor.com e organizador da feira de empreendedorismo de Lisboa, e Nuno Silva, investidor de risco que fundou a primeira empresa aos 18 anos e cujo projeto mais recente é a uReplay. Ao todo, são dez empresas atualmente nas suas mãos. Cátia Neves também já lidou com um número elevado de startups, mas do lado da comunicação: é fundadora da Outstand, a primeira empresa portuguesa especializada no marketing de startups.
Num período em que, nas palavras de Lara Ligeiro, “tudo é empreendedorismo”, impõe-se a necessidade de “ir um pouco mais fundo e tirar mais sumo disto”. Cátia Neves realça o lado trendy que foi acentuado pela Web Summit: “As startups têm às suas costas o vir salvar o mundo; somos um povo de descobridores, e estamos a tentar descobrir pela via económica”. Mas como? O ECO reuniu seis dicas que, segundo estes empreendedores, podem ajudar a encontrar o caminho.
1. Mercado: o termómetro das boas ideias
Nuno Silva não tem dúvidas quanto ao melhor conselheiro dos empreendedores: “quem vos vai dizer a verdade é o mercado“; são os potenciais clientes quem pode dizer se o produto é interessante para eles ou não. Lara Ligeiro sublinha a importância do “saber ouvir”: o mercado sim, mas também a equipa, e aqueles que já falharam. A Starters Academy procura isso mesmo: disponibilizar uma rede de mentores, incubadoras, contabilidade, apoio legal, para que as startups possam crescer apoiadas em quem já sabe um pouco mais.
2. Não é só o pitch…
Já há uma ideia definida. Agora? Um pitch! Os pitch são importantes, mas Nuno Silva alerta para a substância: “Só se preparam para o pitch do conceito; e o registo de uma marca? E os passos para criar uma empresa em Portugal?”. Detalhes sobre a exequibilidade do projeto são um fator de distinção que pode ser decisivo. Cátia Neves deteta uma dificuldade das startups em “explicar o que têm para dar”, e é nisso que as tenta ajudar. Porque no mundo dos negócios “só recebes se dás”.
3. …mas o pitch conta, se for para a pessoa certa
Estas noções serão especialmente relevantes num evento como a Web Summit. Miguel Cordeiro recorda: “No primeiro dia fiquei um bocadinho desiludido — estava mal preparado. Muitos disseram que era uma porcaria. Não é, é como todas as coisas: o que quisermos fazer delas.”. Nuno Silva avisa que os empreendedores “têm de saber o que querem, não ser bola de pingue-pongue”. Os empreendedores ganham o jogo se apontarem no ângulo certo e não se deixarem arrastar “atrás dos investidores vermelhos”, os mais procurados do evento, diz Cátia Neves. É uma lição antiga do marketing, escolher a pessoa “que está interessada em ouvir”.
4. Mãos à obra: pintar a ideia de ouro
A ideia já foi vendida, mas… “A ideia é bola” diz Miguel. “Quase toda a gente já teve a mesma ideia do que nós, e se não teve, variou na cor.”. O segredo para pintar a ideia de ouro? “A equipa certa, foco, risco e ambição”, conclui. A equipa é um ponto-chave, pois por vezes os empreendedores “não sabem fazer nada” para concretizar e a única solução é “delegar”. No seu percurso profissional, Miguel Cordeiro aprendeu ainda que a combinação perfeita são “competências diferentes mas necessárias.”. Lara Ligeiro nota ainda uma melhoria no ecossistema em termos de sinergias: “agora é mais fácil fazer parcerias“.
5. No errar é que está o ganho
Cátia Neves acredita que “não existe uma fórmula para uma startup de sucesso: o que existe é um conjunto de tentativas e erros”. Miguel Cordeiro concorda, e afirma que “os últimos dois anos e meio foram sobretudo descobrir o que não funciona, e por isso é que aprendi tanto. Nos últimos anos aprendi 85% do que sei”. Também Lara Ligeiro coloca no top das suas experiências mais úteis uma empresa onde “tudo o que podia correr mal, correu”.
6. 10% sexy, 90% suor
Sim, o mundo das startups é sedutor: tem o charme de permitir “fazer a diferença”, o fator que leva Cátia, Miguel e Nuno a preferirem o empreendedorismo aos empregos que já tiveram em grandes multinacionais. Mas fazer a diferença não é simples. “Muitas vezes estou com a corda ao pescoço.” confessa Cátia, a alerta que os empreendedores “não se podem encostar: são um pilar da startup. Ela pode cair quando decidem tirar férias”. A frase “10% sexy, 90% suor” é de Nuno Silva, que, por isso mesmo, apela à sensatez: “ideias boas nem sempre dão o lucro que o empreendedor precisa para sobreviver”, sendo que neste caso o conselho é “não te metas nisso”.
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