Sindicato espanhol quer “ações internacionais” contra a Ryanair
Sindicato espanhol está disponível para se juntar à Associação Europeia dos Tripulantes de Cabine para tomar medidas europeias contra a Ryanair. Em Portugal, Parlamento vai ouvir a empresa.
A União Sindical dos Trabalhadores de Espanha vai juntar-se à European Cabin Crews Association (Associação Europeia dos Tripulantes de Cabine) para denunciar as últimas ações da companhia área, que recorreu a tripulação de cabine de bases estrangeiras para compensar a greve dos trabalhadores portugueses. Numa carta enviada à Ryanair, este sindicato espanhol disse ainda que vai solicitar o apoio dos vários partidos políticos, bem como da Autoridade de Aviação Espanhola e do Ministério do Trabalho espanhol.
“A USO Ryanair vai juntar-se às ações internacionais levadas a cabo pela Associação Europeia dos Tripulantes de Cabine para levar este caso às autoridades europeias“, lê-se na carta enviada pela Unión Sindical Obrera (USO) à companhia aérea, a que o ECO teve acesso.
Contactada pelo ECO, fonte oficial da Associação Europeia dos Tripulantes de Cabine assegurou que não existe uma “greve europeia” contra a companhia aérea, uma vez que as situações diferem em cada sítio. “Há países onde os sindicatos já conseguiram chegar a acordo com a Ryanair e outros onde nem sequer se conseguiram iniciar negociações, como é o caso da Alemanha“. O que a associação está a fazer, acrescenta, é falar com todos os sindicatos associados para organizar uma possível ação coordenada, que poderá, eventualmente, vir a acontecer no futuro. “Mas, para já, não há nada“, diz a mesma fonte.
O sindicato espanhol vai solicitar “medidas políticas urgentes dos partidos espanhóis“, num encontro que vai marcar com os mesmos para os informar das condições de trabalho dos tripulantes de cabine, bem como dos seus contratos e das ameaças feitas pela Ryanair. “A USO Ryanair vai informar a Autoridade de Aviação Espanhola, o Ministério dos Transportes, o Ministério do Trabalho, a Inspeção do Trabalho da Ryanair sobre as ações contra os trabalhadores e vai procurar o apoio destas entidades para tomar ações imediatas para preservar e proteger os direitos dos trabalhadores”.
Na carta de uma página e meia, dirigida a Eddie Wilson, responsável da companhia aérea, a USO advertiu ainda a Ryanair de que não vai tolerar este tipo de atitudes, uma vez que têm recebido um “número grande de testemunhos e queixas dos tripulantes de cabine baseados em Espanha, especialmente em Madrid e Barcelona”. “Não vamos tolerar este tipo de comportamento e vamos tentar urgentemente que a companhia cumpra com as leis europeias e espanholas em todos os países em que opera. A Ryanair tem de respeitar os direitos dos seus trabalhadores”, lê-se.
O sindicato espanhol sublinhou ainda a disponibilidade de se encontrar com a companhia aérea em Dublin, no próximo dia 5 de abril, uma solicitação feita na última carta enviada à Ryanair, à qual esta não respondeu.
Em Portugal, a Comissão parlamentar de Economia aprovou, esta quarta-feira, por unanimidade, um requerimento que visa a audição no Parlamento, com caráter de urgência, de representantes da administração da Ryanair em Portugal e várias associações de aviação.
O requerimento apresentado pelo Bloco de Esquerda propõe uma audição conjunta da Comissão de Economia e da Comissão de Trabalho a representantes do Conselho de Administração da Ryanair em Portugal, a representantes do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) e a responsáveis da ACT – Autoridade para as Condições do Trabalho. Os representantes da ANA-Aeroportos de Portugal e da ANAC também vão ser ouvidos na Comissão de Economia.
PCP quer que Governo vá “mais além” com a companhia aérea Ryanair
A deputada do PCP, Rita Rato, considerou esta quarta-feira que não basta a intervenção da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) na greve da Ryanair e que o Governo “deve ir mais além”. O partido vai apresentar esta quarta-feira um requerimento para uma audição do ministro do Trabalho Vieira da Silva, ACT e dos sindicatos para analisar a situação dos trabalhadores da companhia irlandesa de baixo custo.
Rita Rato lembrou que o PCP já acompanha a empresa desde 2015, chamando sucessivamente à atenção para as condições dos trabalhadores na empresa, e considera que é preciso ir mais além da aplicação de multas”, por exemplo, cortar os apoios públicos, diretos e indiretos, concedidos à companhia por diversas entidades públicas.
“A postura da administração da companhia neste processo é inaceitável”, disse a deputada, esta manhã, durante uma audição parlamentar ao ministro do Trabalho Vieira da Silva, que demorou cerca de quatro horas.
(Atualizado às 15h29 com as declarações do PCP)
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