Like & Dislike: PSD fez mais oposição em 15 dias do que em 870

Num curto espaço de tempo, Rui Rio antecipou e introduziu na agenda os temas dos aumentos da Função Pública, do Montepio, de Manuel Pinho e dos devedores da Caixa. O PSD voltou a fazer oposição?

É mais ou menos consensual que Pedro Passos Coelho foi melhor primeiro-ministro do que líder da oposição. Para quem não goste dele, foi pior líder da oposição do que primeiro-ministro.

Desde 26 de novembro de 2015 (há 870 dias), dia em que que António Costa tomou posse e os social-democratas passaram à oposição, o PSD fez uma oposição fraquinha, sentado numa cadeira desgostoso à espera que o Diabo aparecesse, e trazendo para debate temas esdrúxulos que pouco ou nada diziam à generalidade dos portugueses. Ainda todos se lembrarão que o partido andou quase um ano a tentar puxar pelo tema dos SMS de António Domingues, assunto que a maioria dos portugueses ou não percebia, ou não dava grande importância.

Se a oposição era má, pior ficou com a entrada de Rui Rio. O líder parecia não ter discurso nem opinião sobre nada, as escolhas para o Conselho Estratégico Nacional não entusiasmaram ninguém, nem aos próprios, Elina Fraga foi um monumental erro de casting, e as mudanças na liderança da bancada parlamentar quase provocaram um terramoto no partido após uma votação embaraçosa para Fernando Negrão. No meio disto tudo, o caso Feliciano Barreiras Duarte foi gerido com os pés e com pouca coerência e pouco “banho de ética”.

Entretanto, Rui Rio foi tentando corrigir os erros, “escondeu” Elina Fraga não se sabe muito bem onde e deu palco a Margarida Balseiro Lopes, que mereceu o aplauso de todos. E há 15 dias que o presidente do PSD tem marcado a agenda política e mediática com assuntos que “pegam” e colocam o Governo numa posição embaraçosa. Finalmente podemos dizer, temos alguma oposição. Algo saudável em democracia.

15 de abril – Rui pede aumentos para a Função Pública

Depois de Mário Centeno ter ido à concertação social dizer que não haveria aumentos salariais para os funcionários públicos em 2019, Rio veio pedir aumentos iguais à inflação, de 1,4%.

O ex-presidente da Câmara do Porto fez as contas ao dinheiro já investido na recapitalização da Caixa e do Novo Banco para dizer o seguinte: “Se há oito mil milhões para a banca, como é que não existem 300 milhões para aumentar os rendimentos da Função Pública?”.

A comparação é algo demagógica, mas a verdade é que o assunto “pegou” e Mário Centeno foi obrigado a arrepiar caminho: “Nunca me ouviu dizer a palavra nunca”, corrigiu Centeno quando confrontado novamente com o cenário de aumentos no Estado.

20 de abril – PSD trava entrada da Santa Casa no Montepio

Já em março, Rui Rio tinha dito que a Santa Casa está “a apanhar dinheiro dos pobres para pagar imparidades da banca”. Mais tarde, largou o ‘soundbite’ e passou aos atos. O PSD apresentou no Parlamento, juntamente com o CDS, um projeto de resolução para recomendar ao Governo que trave a entrada da Santa Casa na Caixa Económica. O Parlamento aprovou e o Governo, muito provavelmente, será obrigado a arrepiar caminho, impedindo a Santa Casa de arriscar o dinheiro num grupo cheio de problemas e com uma gestão duvidosa.

29 de abril – PSD chama Manuel Pinho ao Parlamento

Se tentarmos agarrar na história desta sexta-feira, da saída de José Sócrates do PS, e começarmos a puxar o fio à meada, vamos parar a uma notícia do Observador que deu conta de que Manuel Pinho terá recebido dinheiro do “saco azul” do Grupo Espírito Santo quando era ministro da Economia.

Depois de um estranho silêncio, o primeiro político a agarrar no assunto foi Rui Rio que chamou Manuel Pinho ao Parlamento porque “a democracia portuguesa não pode continuar com estes sucessivos casos de suspeitas corrupção e de compadrio”.

Quando Marques Mendes foi à Sic dizer que “há um silêncio comprometedor” no caso Pinho, já Rio tinha falado na véspera. A partir daí a história é conhecida: os outros partidos foram a reboque do PSD, até os socialistas que quando deram conta já estavam a criticar Pinho sem se lembrarem que nunca ousaram criticar José Sócrates. Arrepiaram caminho, Sócrates afinal também já “envergonha”, e o ex-líder dos socialistas bateu com a porta.

30 de abril – Rio pede lista dos devedores da Caixa

Foi outro assunto que o presidente do PSD trouxe para a agenda esta semana, com repercussão mediática e com os outros partidos a reboque. Se Rio já tinha “misturado” o assunto das ajudas à banca aos aumentos da Função Pública, agora veio usar um argumento semelhante para pedir à Caixa que divulgue a lista dos 50 maiores devedores em incumprimento: “Os funcionários públicos podem passar mais um ano sem aumentos, mas têm o direito de saber quem são os principais devedores da CGD, que ficaram a dever milhões e milhões de euros, que dava para dar muitos aumentos à Função Pública”. O assunto entrou no Parlamento e, tal como no caso Manuel Pinho, os partidos já digladiam entre si para ver quem apresenta a proposta mais radical para ver a lista dos caloteiros da banca.

Por ter estancado as trapalhadas no PSD, e por estar a antecipar e a marcar a agenda com assuntos relevantes e que dizem alguma coisa aos portugueses, Rui Rio merece um Like.

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