Catarina Martins avisa que “política mudou porque PS não teve maioria absoluta”
Na abertura da convenção do Bloco de Esquerda, a líder explicou porque o voto útil "morreu" e anunciou que Marisa Matias é a cabeça de lista do partido às eleições europeias.
A menos de um ano das eleições legislativas, a líder do Bloco de Esquerda defende que o “voto útil morreu” e que a política mudou porque o PS não teve maioria absoluta em 2015. Na abertura da convenção do partido, que decorre em Lisboa, Catarina Martins anunciou que Marisa Matias é a cabeça de lista do Bloco às europeias marcadas para 26 de maio.
Num discurso transmitido pelas televisões, a líder do Bloco de Esquerda voltou a 2015 para explicar a importância no momento em que faz três anos da assinatura das posições conjuntas do PS com o Bloco de Esquerda, PCP e Verdes e que permitiram uma maioria de esquerda no Parlamento, que derrubou o Governo de Passos Coelho que saiu das eleições de outubro sem maioria na Assembleia.
“O voto útil morreu. Paz à sua alma”, disse a líder perante os delegados da convenção que termina no domingo.
Catarina Martins recordou o que considerou serem as vantagens desses acordos à esquerda para acabar com o Governo “das direitas” mas também sublinhou o que teria sido se o PS tivesse vencido com maioria absoluta as eleições de 2015.
“É preciso também lembrar que o PS tinha assinado memorando de austeridade” em 2011 e que tinha acordado com PSD uma descida do IRC quando subia os outros impostos, destacou. Além disso, o PS levou às eleições de 2015 um programa que facilitava os despedimentos, baixava a Taxa Social Única para as empresas e congelava as pensões.
Este programa ia “tirar 1650 milhões de euros com congelamento das pensões e mais 1050 milhões em prestações sociais”, recordou, acrescentando que “se o PS tivesse imposto a sua vontade, os pensionistas teriam perdido o equivalente a duas pensões”.
“Se o PS tivesse tido maioria absoluta os pensionistas estariam hoje pior e os trabalhadores também“, concretizou.
Para Catarina Martins foram os acordos à esquerda que permitiram mudar a política. “Ainda bem que houve força à esquerda para contrariar as medidas do PS”, disse afirmando que quando o primeiro-ministro festeja medida que resultam desses acordos a resposta que o Bloco tem para dar é que “a política mudou porque o PS não tinha maioria absoluta”.
Um recado importante a menos de um ano das legislativas e numa altura em que o PS pede um reforço da sua força nas eleições.
De resto, o discurso de abertura dos trabalhos serviu também para elencar as próximas batalhas do Bloco de Esquerda: combate à precariedade, o fim das rendas na energia e a aposta nos transportes públicos e no Serviço Nacional de Saúde.
Catarina Martins defendeu ainda que o partido está hoje mais preparado mas rejeitou que se tenha “rendido às conveniências com o poder”.
Falou do caso Robles – que abriu um clima de mal-estar entre BE e PS – para tentar mostrar como o partido lida com os “erros” e insistiu que o Bloco vai continuar a defender as mesmas medidas na área da habitação.
Por entre grandes elogios, anunciou que a eurodeputada Marisa Matias será novamente a candidata do Bloco de Esquerda às eleições europeias que estão agendas para 26 de maio.
(Notícia atualizada)
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