Portugal empurra 1,9 mil milhões de dívida para 2023 e 2027

Ao fazer esta troca de dívida, a agência liderada por Cristina Casalinho tenta aliviar os reembolsos previstos para os anos de 2020 e 2021, atirando para mais tarde esta responsabilidade.

O Tesouro português atirou 1.906 milhões de euros em Obrigações do Tesouro (OT) para daqui a cinco e nove anos, numa operação de troca de dívida. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) recomprou, em troca, o mesmo montante em títulos que venciam em 2020 e 2021 com o objetivo de estender os prazos de reembolsos.

O IGCP colocou 1.565 milhões de euros em OT com maturidade em outubro de 2023, bem como 341 milhões de euros em títulos com prazo em abril de 2027. Em contrapartida, recomprou 1.036 milhões de euros em OT que venciam em junho de 2020 e 870 milhões de euros em OT com prazo em 2021.

Filipe Silva, diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa, explicou que “a procura não foi muito elevada, mas não podemos fazer comparações com as emissões normais de dívida, porque estas operações são reservadas aos investidores que detinham os títulos agora trocados”.

“Ainda assim, houve investidores interessados em trocar dívida que ia ser paga em 2020 e 2012, mas que tinha taxas negativas por dívida que só será paga em 2023 e 2027, mas com um juro positivo. Do ponto de vista do Estado a operação também foi positiva porque estende por uns anos o prazo do reembolso da dívida“, acrescentou.

Com a troca de dívida, a agência liderada por Cristina Casalinho tenta aliviar os reembolsos previstos para os anos de 2020 e 2021, atirando para mais tarde (2023 e 2027) a responsabilidade de assumir essa devolução.

Esta operação acontece num dia em que a yield das Obrigações a 10 anos negoceia em queda, em mercado secundário, nos 1,79% e após o fim dos leilões de dívida previstos pelo IGCP para este ano. O último realizou-se a 21 de novembro, ocasião em que o Tesouro conseguiu captar mil milhões de euros em bilhetes do Tesouro, obtendo juros ainda mais negativos. Antes disso, a 14 de novembro, emitiu 1.250 milhões de euros em OT a cinco e 10 anos.

O IGCP está a tentar aliviar os reembolsos previstos para esses anos numa altura de condições de financiamento favoráveis, depois de recentemente ter reduzido o valor total a reembolsar já em 2019. Portugal recomprou 400 milhões de dívida que vence no próximo ano. Em junho de 2019, vence uma linha de obrigações no valor de oito mil milhões.

A par das operações de mercado para gerir a maturidade média da dívida, Portugal tem também poupado em juros através de reembolsos ao Fundo Monetário Internacional (FMI). A 29 de novembro, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou no encerramento do debate do Orçamento do Estado para 2019, que Portugal vai pagar a totalidade da dívida remanescente ao FMI até ao final deste ano.

(Notícia atualizada às 11h30 com comentário)

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