Aforradores portugueses são os europeus com maior apetite por investimento sustentável
A Allianz GI não divulga as empresas portuguesas incluídas nos seus fundos, mas diz que o cumprimento de critérios ESG por parte das cotadas nacionais está "na média europeia".
Os aforradores portugueses são os europeus com maior interesse em investimento socialmente responsável. Um estudo da Allianz Global Investors indica que 86% dos investidores de retalho considera importante ou muito importante alocar as suas poupanças em investimentos sustentáveis e 87% têm intenções de apostar em fundos com estes objetivos.
“Pensamos sempre nos países nórdicos, mas o que vemos é uma grande importância dos países do sul da Europa. Há muitos países que falam sobre sustentabilidade, mas não fazem muito”, afirmou Isabel Reuss, diretora global de análise de Investimento Socialmente Responsável (ISR) do grupo, em declarações aos jornalistas na apresentação do estudo.
Critérios ambientais, sociais e de governance (ESG, na sigla em inglês) têm ganho destaque a nível europeu, que se começa a aproximar dos EUA, onde a tendência já está em forte crescimento. O estudo da gestora de ativos coordenado pela consultora Nielsen (realizado com mil investidores em cada um dos dez países) mostra que 92% dos portugueses está interessado em temas relacionados com sustentabilidade.
“Em Portugal, não há uma grande diferença entre homens e mulheres, o que acontece em muitos países“, explicou Reuss, acrescentando que os portugueses também conferem o mesmo grau de importância aos diferentes aspetos de sustentabilidade: 99% tanto a água limpa como a saúde, 98% a educação e a salários justos ou 97% à luta contra a corrupção, direitos humanos e sociais e o combate às alterações climáticas.
Quão importante é o investimento sustentável em cada país?
Fonte: Allianz GI
Assessoria financeira trava aposta no investimento sustentável
Os investidores até estão dispostos a comprometer parte da rendibilidade em prol da sustentabilidade, mas a diretora global de análise ISR considera que não será necessário. “É uma estratégia como outra qualquer. Há subidas e descidas, mas consegue gerar um desempenho como qualquer outra”, afirmou a responsável do grupo, que oferece uma série de fundos de investimento diferentes neste segmento, incluindo quatro fundos comercializados em Portugal. “Certo é que os critérios ESG têm um grande impacto a longo prazo”.
Reuss vê várias razões para que a tendência ganhe impulso na Europa no futuro. Além do interesse de investidores institucionais, a Allianz GI têm cada vez mais family offices e clientes de retalho a procurarem estas soluções. Também a mudança geracional poderá ajudar: “As mulheres e os millennials mostram particular interesse e, pela primeira vez, assistimos a uma divisão igual da riqueza entre sexos e a que sejam as mulheres a decidirem onde põem o seu dinheiro“.
Já do lado das empresas, a Allianz GI também considera que há avanços e que a integração de critérios ESG na gestão é “o novo normal”. A gestora de ativos aplica estas diretrizes tanto como parte da análise como enquanto objetivo de investimento, sendo que há setores excluídos — como os que envolvem trabalho infantil ou armamento — e há também uma forte componente de envolvimento com a gestão.
Não divulga quais as empresas portuguesas que são alvo de investimento por parte dos fundos da Allianz GI, mas Reuss explicou que o cumprimento de critérios ESG por parte das cotadas nacionais está “na média europeia”. França e Reino Unido destacam-se pela positiva, enquanto a Alemanha está na ponta oposta.
Há, no entanto, limitações. Entre os inquiridos no estudo que têm acesso a assessoria financeira, apenas a 30% já foi oferecido um fundo de investimento sustentável. “Há claramente muito a fazer no campo da assessoria financeira”, disse Reuss, elogiando a iniciativa em curso em Portugal de criação de uma certificação de analistas financeiros especializados em investimento socialmente responsável.
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