Mario Draghi falou e o mercado reagiu. As Euribor, taxas de juro que servem de referência para a grande maioria dos contratos de crédito à habitação em Portugal, recuaram e atingiram novos mínimos de sempre nesta quarta-feira.
A taxa Euribor a seis meses, a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação, baixou 0,023 pontos para -0,299%, fixando um novo mínimo histórico. O valor mínimo anterior para este indexante fixava-se nos -0,279%, verificado pela primeira vez a 31 de janeiro de 2018.
Já a Euribor a três meses caiu, por sua vez 0,014 pontos para -0,336%, registando também um novo mínimo histórico. No prazo de 12 meses, o cenário foi semelhante, com a taxa Euribor a caiu para um recorde mínimo de -0,208%, menos 0,024 pontos do que na terça-feira.
Foi desta forma que o mercado reagiu às palavras de Mario Draghi que num discurso no âmbito do Fórum do Banco Central Europeu (BCE), que termina esta quarta-feira em Sintra, revelou a sua preocupação com o rumo da economia da Zona Euro e reiterou a disponibilidade para tudo fazer para evitar que esta descarrile, com novos estímulos e incluindo a descida dos juros.
“Na ausência de melhorias, de tal forma que o regresso sustentado da inflação à nossa meta é ameaçado, serão necessários estímulos adicionais”, começou por dizer Draghi num discurso nesta terça-feira, acrescentando que “mais cortes nas taxas de juro e outras medidas” fazem parte do leque de instrumentos que o BCE está disposto a assumir.
A descida das Euribor não surpreende e já era antecipada pelo mercado de futuros. Na terça-feira, após as declarações de Mario Draghi, os futuros das Euribor afundaram ainda mais. De tal forma que estenderam por mais seis meses o período em que o mercado antecipa que os juros se mantenham em terreno negativo. Os futuros para a Euribor a três meses apontam para juros positivos apenas no final de 2023.
As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses entraram em terreno negativo em 2015, em 21 de abril, 6 de novembro e 5 de fevereiro, respetivamente.