Défice externo aumenta até abril. Desequilíbrio é três vezes maior do que no ano anterior

Apesar da ligeira melhoria em abril, o défice externo até abril é superior em quase 890 milhões de euros ao verificado nos meses homólogos. Importação de equipamentos explica o desequilíbrio.

O défice externo agravou-se nos primeiros quatro meses do ano e atingiu os 1.179 milhões de euros, mais 889 milhões de euros do que o verificado há um ano, em virtude de um agravamento de quase 40% do desequilíbrio entre exportações e importações de bens nos primeiros quatro meses do ano, revelam os dados publicados esta terça-feira pelo Banco de Portugal.

O saldo das balanças corrente e de capital tem sido consistentemente negativo desde o início desde ano, apesar de registar uma ligeira melhoria em abril, que permitiu inverter a tendência dos primeiros três meses do ano. Segundo os dados conhecidos esta terça-feira, o saldo conjunto da balança corrente e de capital melhorou 52,7 milhões de euros só no mês de abril.

No entanto, a acumulação de desequilíbrios desde o primeiro mês do ano — em que foi mais negativo –, que até têm vindo a ser menos expressivos, faz com que o défice externo português seja de 1.179 milhões de euros no final dos primeiros quatro meses do ano, um valor significativamente superior ao que se verificava há um ano — apenas 290 milhões de euros.

O principal motivo é a acumulação de um desequilíbrio cada vez mais expressivo na balança comercial de bens, tendo em conta o agravamento das importações de equipamentos, que cresce 28%. Este pode ser um indicador de crescimento tendo em conta que os equipamentos se destinam, normalmente, o aumento de produção de empresas. As exportações de bens estão a crescer, mas abaixo dos aumentos verificados nas importações, o que gerou um aumento do desequilíbrio entre o que as empresas portuguesas vendem para fora do país e o que compram de 1.626 milhões de euros apenas nos primeiros quatro meses do ano.

Os dados desagregados do comércio de bens — como os acima descritos relativos aos bens de equipamento — não são ajustados do chamado Free on Board, em que o exportador é responsável pelos custos de transporte e seguro da carga até que esta seja colocada no transporte (como por exemplo um navio) e o importador pelo pagamento destes custos a partir deste momento.

Caso contrário, o desequilíbrio da balança comercial de bens e serviços seria superior aos 1.935 milhões de euros registados dos valores ajustados, que é ainda assim mais de quatro vezes superior ao verificado entre entre janeiro e abril de 2018, de apenas 372 milhões de euros.

As restantes componentes da balança corrente tiveram evoluções positivas no conjunto destes quatro meses, quando comparado com o mesmo período de 2018, permitindo mitigar o desequilíbrio que se verifica na balança comercial de bens. Também as remessas dos emigrantes aumentaram neste período 266 milhões de euros, um aumento de 28,2% face aos primeiros quatro meses de 2018.

Já a balança de capital ficou ligeiramente menos positiva, menos 29 milhões de euros face aos primeiros quatro meses de 2018, o que significa um aumento das dívidas, ou redução dos créditos, face ao exterior.

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