Três anos depois, como o Revive mudou a vida destes imóveis

O Programa Revive arrancou há três anos e, desde então, colocou em marcha a reabilitação de sete imóveis. Aos 33 monumentos inscritos inicialmente vão agora somar-se outros 15.

Foi há três anos que o Governo decidiu dar uma nova vida a imóveis públicos classificados que estavam sem uso. O Programa Revive colocou no mercado conventos, quartéis e mosteiros devolutos espalhados pelo país, com o objetivo de encontrar interessados em reabilitá-los. Foram 33 os imóveis lançados, dos quais sete acabaram adjudicados, num investimento total de 54 milhões de euros. Mas a iniciativa não fica por aqui… vêm aí mais 15.

O objetivo é simples: transformar monumentos abandonados em unidades turísticas, de forma a “rentabilizar e recuperar o espaço e abri-lo aos cidadãos”, “utilizando fundos privados”, disse Manuel Caldeira Cabral, na altura ministro da Economia, em setembro de 2016, durante o lançamento do Revive. O Revive é um programa que junta os ministérios das Economia, Cultura e Finanças e o Governo abriu uma linha de financiamento de 150 milhões de euros para ajudar na recuperação deste património.

Imóveis inscritos na primeira edição do Programa Revive

A primeira edição do Revive incluiu 33 imóveis e, até ao momento foram lançados 17 concursos, revelou o Gabinete do Ministro Adjunto e da Economia. Em aberto estão dois concursos — o Convento do Carmo, em Moura, e o Mosteiro de Lorvão, Penacova –, enquanto cinco estão a ser avaliados — Casa de Marrocos (Idanha-a-Nova), Quartel da Graça (Lisboa), Paço Real de Caxias (Oeiras), Castelo de Vila Nova de Cerveira e Quartel do Carmo (Horta). Dos 17 concursos lançados, sete já foram adjudicados, somando um investimento superior a 54,5 milhões de euros.

Vila Galé dá o pontapé de partida em Elvas

O primeiro e único imóvel a ser reabilitado no âmbito do Revive foi o Convento de São Paulo, em Elvas (datado de 1721 e desocupado desde 2004), que acabou transformado num hotel de quatro estrelas. O concurso foi adjudicado ao Grupo Vila Galé, que investiu nove milhões de euros nas obras de reabilitação, ficando com a concessão durante 40 anos.

O Vila Galé Collection Elvas – Historic Hotel, Conference & Spa abriu portas em junho e conta com 79 quartos, dois restaurantes, bar, piscina exterior, spa e piscina interior, duas salas de reuniões, um salão de eventos e um claustro. Criou 43 postos de trabalho e é o 34.º hotel do grupo.

No âmbito do Revive, o Grupo Vila Galé transformou o Convento de São Paulo no Vila Galé Collection Elvas – Historic Hotel, Conference & Spa.

Slicedays transforma Convento de Santa Clara

Concluídos estão já oito concursos, embora não se conheça o resultado de todos. A norte está o Convento de Santa Clara, em Vila do Conde, cuja concessão foi adjudicada em novembro do ano passado à Slicedays, já proprietária de três unidades hoteleiras nos Açores e na Madeira. Este projeto prevê a construção de um hotel de cinco estrelas, num investimento de mais de oito milhões de euros, e tem abertura prevista para 2021.

Na altura do concurso, a Slicedays estava na corrida juntamente com a Empreendimentos Turísticos Montebelo, do Grupo Visabeira, que se propunha a pagar uma renda anual de 25 mil euros. Contudo, a Slicedays levou a melhor ao oferecer 51 mil euros anuais.

O Convento de Santa Clara, em Vila do Conde, vai ser transformado num hotel de cinco estrelas pela Slicedays.Wikimedia Commons

Grupo MS Hotels & Resorts vai reabilitar Mosteiro de Arouca

Outro dos concursos finalizados a norte é o do Mosteiro de Arouca, fundado no século XII, cujo contrato de concessão foi assinado em abril deste ano com o Grupo MS Hotels & Resorts. A concessão é válida durante 50 anos e prevê uma renda anual de 42 mil euros.

O contrato prevê a construção de uma unidade hoteleira de quatro estrelas, com cerca de 60 a 70 quartos, spa, piscina interior e exterior, um restaurante e um campo de padel. A cadeira hoteleira prevê um investimento de 3,5 milhões de euros.

O Mosteiro de Arouca vai ser transformado num hotel de quatro estrelas pelo Grupo MS Hotels & Resorts.Vítor Oliveira/Flickr

Hotel de Turismo da Guarda nas mãos do Grupo MRG

Na Guarda está o Hotel de Turismo, que vai ser reconvertido pelo Grupo MRG Construction, uma das empresas do Grupo Manuel Rodrigues. O consórcio ficou com a concessão do imóvel por um período de 50 anos, mediante o pagamento de uma renda anual de 63 mil euros. Para as obras de reabilitação está previsto um investimento de sete milhões de euros.

O Grupo MRG vai construir uma unidade hoteleira de quatro estrelas, com 50 quartos, restaurante e spa, e cujo tema será a neve. A construção terá em conta a sustentabilidade ambiental e o hotel vai ocupar, no mínimo, 55% da área bruta de construção. O Hotel Turismo da Guarda foi comprado em 2010 pelo Turismo de Portugal para um projeto de requalificação turística, mas este acabou abandonado dois anos depois, estando o imóvel deste então devoluto. Em 2015 ainda se tentou vender a unidade, mas não apareceram interessados.

O Hotel de Turismo da Guarda vai ser requalificado pelo Grupo MRG, que prevê lá investir sete milhões de euros.Vítor Oliveira/Flickr

Grupo Visabeira transforma pavilhões nas Caldas da Rainha em hotel

Nas Caldas da Rainha, os Pavilhões do Parque D. Carlos I vão ser transformados num hotel de cinco estrelas pelo Grupo Visabeira. O contrato de concessão foi assinado em setembro de 2017 e será válido por um prazo de 48 anos. O novo hotel vai abrir portas até ao final de 2020 e prevê uma renda mensal de 3.500 euros, estando previsto um investimento de 15 milhões de euros.

O hotel, instalado num imóvel centenário, vai ter 105 quartos e terá por base “um conceito de ligação da indústria hoteleira à indústria de faiança”, dado o Grupo Visabeira deter na cidade as Faianças Bordallo Pinheiro, explicou José Luís Nogueira, administrador da empresa, à Lusa. O projeto vai ainda contemplar uma ligação ao Museu da Cerâmica e ao Museu Malhoa, ambos localizados no parque.

Os Pavilhões do Parque D. Carlos I, nas Caldas da Rainha, vão ser transformados num hotel de quatro estrelas pelo Grupo Visabeira.Revive

Hotel Vila Galé Alter Real avança na Coudelaria de Alter

Depois do Vila Galé Collection Elvas, o Grupo Vila Galé venceu o concurso de concessão da Coudelaria de Alter, em Alter do Chão, no distrito de Portalegre. Tal como o próprio nome indica, o tema será o turismo equestre, e o novo hotel de quatro estrelas terá 76 quartos, bar, três piscinas exteriores, spa e piscina interior aquecida, biblioteca, enoteca e restaurante, num investimento previsto de 8,5 milhões de euros.

A concessão da coudelaria à cadeia hoteleira será feita por um período de 50 anos. Em junho, o ministro da Agricultura, Luís Capoula Santos, disse, em declarações à Rádio Campanário, que a requalificação do imóvel “está em bom ritmo” e que deverá estar concluída dentro de “seis meses a um ano”. Já o CEO do Grupo Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida, adiantou que o “Alter do Chão abrirá no primeiro trimestre do próximo ano”.

O Grupo Vila Galé vai fazer nascer na Coudelaria de Alter um hotel de quatro estrelasRevive

Convento de Santo António dos Capuchos reabilitado por três empresários

Em Leiria, o Convento de Santo António dos Capuchos vai ser reabilitado por três empresários: António Luís Sampaio de Almeida, Carlos Martins Oliveira e Paulo José Pereira de Sousa. O contrato de concessão foi assinado em fevereiro deste ano e será válido durante 50 anos, estando previsto um investimento de 4,5 milhões de euros.

Os três empresários vão pagar ao Estado uma renda anual de 40,1 mil euros e comprometem-se a construir um hotel de quatro estrelas com 50 quartos. “A recuperação do Convento de Santo António dos Capuchos no âmbito do Revive é uma ótima notícia para a cidade de Leiria. É um imóvel marcante que voltará a ser fator de geração de riqueza e de criação de postos de trabalho para a economia leiriense”, disse na altura a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, citada em comunicado.

O Convento de Santo António dos Capuchos, em Leiria, vai ser transformado num hotel de quatro estrelas por três empresários.Wikimedia Commons

Convento de S. Francisco, Colégio de S. Fiel e Quinta do Paço de Valverde vão a novo concurso

Dos 17 concursos lançados, três vão acontecer novamente. Foram o Convento de S. Francisco, em Portalegre, o Colégio de S. Fiel, em Castelo Branco, e a Quinta do Paço de Valverde, em Évora. Ao ECO, fonte oficial do Gabinete da Secretária de Estado do Turismo adiantou que os concursos vão ser relançados, dado que os primeiros falharam, ou por falta de interessados ou por atraso na entrega de propostas.

Concurso para a concessão do Convento de São Francisco não teve interessados.Revive

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