ASF mantém ramos Não Vida em risco máximo
O regulador confirma a tendência de nos ramos Não Vida se manterem elevados valores de indemnizações e custos, classificando-os com risco Alto, o pior da escala.
No seu Painel de Riscos do Setor Segurador, agora publicado e relativo ao primeiro trimestre do ano, a ASF afirma que “permanece como risco alto apenas a categoria de riscos específicos de seguros Não Vida, refletindo a persistência de rácios combinados elevados, embora reportados ao final de 2018, traduzindo a dependência dos resultados financeiros para a formação de resultados técnicos positivos”.
Na sua análise de oito classes de risco o ramo Não Vida é o mais preocupante, mas também o ramo Vida, as interligações entre setores de maior e menor ameaça e a próprios conjuntura macroeconómica a nível europeu e nacional são considerados de Médio Alto Risco.
Apenas a liquidez mantém um baixo nível de risco, segundo a ASF.
O painel de riscos do setor segurador português, de publicação trimestral, é uma das ferramentas utilizadas pela ASF para a identificação e mensuração dos riscos e vulnerabilidades do setor na perspetiva da preservação da estabilidade financeira, tendo por base um conjunto de indicadores, e considerando oito categorias de risco: macroeconómico, crédito, mercado, liquidez, rendibilidade e solvabilidade, interligações, específicos de seguros vida e específicos de seguros não vida.
Em síntese, a ASF considera que em final de Julho as tendências mantêm-se como desde há um ano.
As conclusões retiradas pela ASF para o último trimestre analisado são:
Risco Macroeconómico: Médio Alto
- Confirmação da tendência de abrandamento económico a nível europeu e nacional;
- Manutenção das expectativas de inflação baixa, acompanhada da queda de uma queda das taxas de juro de longo prazo;
- Ligeiro aumento da taxa de desemprego e da dívida pública face ao PIB em Portugal;
- Redução do endividamento dos particulares face ao PIB.
Risco de Crédito: Médio Baixo
- Diminuição dos prémios de risco dos soberanos;
- Ligeiro aumento do valor dos prémios de risco dos emitentes do setor financeiro e não financeiro;
- Ligeira melhoria da qualidade creditícia das obrigações detidas pela maioria dos operadores.
Risco de Mercado: Médio Baixo
- Manutenção dos níveis de volatilidade no mercado obrigacionista em paralelo com um ligeiro aumento da volatilidade no mercado acionista;
- Manutenção dos níveis de rentabilidade no mercado imobiliário nacional.
Risco de Liquidez: Baixo
- Ligeira melhoria do grau de liquidez dos ativos em carteira;
- Manutenção em níveis confortáveis do rácio de entradas sobre saídas.
Risco de Rendibilidade e Solvabilidade: Médio Baixo
- Manutenção do rácio de solvência, conjugando decréscimos nos fundo próprios elegíveis e nos requisitos de capital de solvência;
- Redução da dependência da utilização da media transitória relativa às provisões técnicas, em resultado da decisão da ASF de recálculo dessa medida.
Risco de Interligações: Médio Alto
- Ligeira diminuição de exposição a títulos de dívida soberana portuguesa, acompanhada pelo incremento da exposição a ativos emitidos pelo setor bancário, apenas visível nos operadores de maior dimensão;
- Ligeira diminuição de concentração de ativos no mesmo grupo económico;
- Ligeiro aumento dos níveis de concentração em ativos do mesmo setor de atividade económica.
Riscos Específicos de Seguros de Vida: Médio Alto
- Aumento da produção do ramo Vida, em termos homólogos, na maioria dos operadores;
- Redução da sinistralidade nos seguros de Vida risco e ligeiro aumento da taxa dos resgates dos produtos financeiros;
- Deterioração do diferencial entre a rentabilidade dos investimentos e as taxas de juro garantidas;
- Ligeira melhoria da diferença entre a duração dos ativos e das responsabilidades na maioria dos operadores, registando-se, no entanto, o comportamento inverso em alguns operadores de maior dimensão.
Riscos Específicos de Seguros Não Vida: Alto
- Continuidade da tendência de aumento da produção dos ramos Não Vida;
- Aumento da taxa de sinistralidade;
- Aumento ligeiro do rácio combinado e em nível acima dos 100%;
- Redução do Índice de provisionamento, ficando pouco acima de 90%.
O próximo painel será publicado em outubro deste ano.
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