G7 termina com elogios à unidade mas com acordos vagos

Os líderes das sete maiores economias avançadas do mundo dizem que conseguiram fechar vários acordos e que tudo decorreu num ambiente de grande unidade, mas o comunicado final é vago.

Depois de uma reunião repleta de peripécias, que incluiu desmentidos, mudanças de posição e convidados de última hora, os líderes dos países do G7 dizem que terminaram a reunião de Biarritz com uma demonstração de grande unidade e acordos em várias áreas, mas com uma declaração final vaga, onde o acordo mais concreto é a reforma da Organização Mundial do Comércio até 2020.

Foi uma reunião, no mínimo, diferente daquelas que têm caracterizado os encontros do G7, em parte, mais uma vez, pela presença de Donald Trump, mas também pela tentativa de Emmanuel Macron de (mais uma vez) tentar liderar a discussão.

Depois das palavras de Donald Trump que apontavam para dúvidas em relação à decisão de impor mais taxas aduaneiras sobre as importações chinesas, do desmentido da administração norte-americana e das palavras do Presidente dos EUA sobre as negociações com a China, que o seu secretário do Tesouro tentou retirar significado, os líderes assinaram um comunicado final onde elogiam os acordos alcançados, mas mais em torno de princípios do que decisões de fundo.

Sobre o comércio mundial, o principal elefante na sala, os líderes limitaram-se a concordar com a promoção do comércio livre e justo e da estabilidade da economia mundial, e mandataram os ministros das Finanças para acompanharem a situação.

O acordo mais concreto foi o relativo à reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC), um tema complexo e que tem dividido as principais economias do mundo – em especial a China e os Estados Unidos.

Os líderes dizem estar empenhados em conseguir uma reforma que simplifique os obstáculos criados pela regulamentação existente até 2020, a modernização do sistema fiscal internacional à luz dos princípios da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), e ainda melhorar o sistema de resolução de disputas no que diz respeito à proteção da propriedade intelectual e para eliminar práticas comerciais injustas, temas que colocam a China numa posição delicada no processo de adesão à OMC.

Depois de Emmanuel Macron ter convidado à última hora o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, para tentar encontrar uma forma de salvar o acordo nuclear com o Irão, que os Estados Unidos renegaram, o único acordo alcançado entre os líderes a este respeito foi dizer que partilham dos mesmos dois objetivos: que o Irão nunca venha a dispor de armas nucleares; e o da promoção da paz e da estabilidade na região.

sobre a Ucrânia, motivo pelo qual a Rússia foi excluída do G7 (e cujo regresso ao grupo Donald Trump tentou promover nos dias que antecederam a reunião, hipótese rejeitada pelos restantes líderes), a conclusão foi que França e Alemanha vão organizar uma conferência nas próximas semanas para “atingir resultados palpáveis”.

Os líderes deixaram ainda algumas palavras sobre Hong Kong, região onde há três meses há manifestantes nas ruas e que está sob a ameaça de uma potencial intervenção mais musculada do regime chinês. Sobre os protestos na região, os líderes reafirmaram apenas os princípios estabelecidos no acordo entre o Reino Unido e a China para a entrega do então colónia britânica para as mãos da China, em que estão estabelecidos os princípios de governação e a legislação própria de Hong Kong ao abrigo do sistema ‘um país, dois sistemas’, e que, entre outras coisas, prevê o sufrágio universal, algo que não acontece nesta altura.

Os líderes pediram também para que se evite a violência no território, numa altura em que o regime chinês tem tropas estacionados na região fronteiriça de Shenzen e que os meios de comunicação controlados pelo regime chinês falam da necessidade de uma eventual intervenção militar chinesa no território.

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