Cool Hunting: Marraquexe – A Cidade vermelha de Yves Saint Laurent

Muitas vezes esquecemo-nos que Rabat é uma das capitais mais próximas de Lisboa. Com apenas hora e meio de voo, trocamos o ritmo das nossas cidades, pelo labiríntico Souk de Marraquexe.

É conhecida como a cidade vermelha. Marraquexe continua a ser um dos principais destinos turísticos de Marrocos, cidade de jardins, palácios, riads e de souks onde nos perdemos entre ruelas, cores e sabores para todos os gostos. “Marraquexe é uma das cidades mais bonitas que conhecemos, comparável apenas a Bagdade. É grande e bem construída, cercada pelas suas poderosas muralhas e apresenta um bazar abundante com todos os tipos de mercadorias. Existem palácios e magníficas mesquitas, a principal, chamada Mesquita das Livrarias (Kutubiya), possui o minarete mais alto, de onde podemos ver a cidade na sua totalidade até às montanhas nevadas”. Foi desta forma que Ibn Battûta (1304-1369) viajante e o geógrafo árabe a descreveu à época, e sete séculos mais tarde, as suas palavras ainda fazem sentido. Marraquexe mudou, mas não mudou assim tanto. Está uma cidade diferente, cresceu para fora das portas da Medina, mas mantém o exotismo, um certo mistério, a alma e a identidade que faz com que muitos se apaixonem por ela à primeira vista.

A cidade imperial fundada em 1070 pela dinastia dos Almoravides, é a grande metrópole do sul do país. O seu coração continua a ser a Medina, onde se entra através das antigas grandes portas da cidade e se percorre entre ruas estreitas e labirínticas. Um destino que nos surpreende pelos contrastes de cores nas bancas dos vendedores, pelas paredes em tons terra, pelo céu azul, pelo recorte do Atlas ao longe, e pelo cheiro a jasmim e a flor de laranjeira que chegam muitas vezes de jardins secretos. Se quisermos, toda a cidade é um oásis, mas é também uma capital cultural, repleta de monumentos, museus, galerias de arte e onde, ao longo do ano, ocorrem diversos festivais, atraindo os mais diversos públicos.

E se há lugar incontornável numa visita à cidade, é a passagem pela mágica Praça Jemaâ El Fna, onde os turistas se juntam, principalmente, para ver o pôr do sol. Há quem diga que ali se sente o início de África, pelo ritmo, pelo caos organizado, pelas bancas que se começam a montar ao final da tarde. E há de tudo, tatuadoras de hena, encantadores de serpentes, macacos domesticados que nos saltam para o colo para uma fotografia. Há bailarinos, há quem conte histórias, há quem sirva comida ou um tradicional sumo de laranja. Ainda que ao final da tarde ganhe outro encanto e uma luz especial, durante todo o dia é ponto de passagem para quem visita a Medina.

E se o enquadramento não fosse suficiente, ao fundo, ergue-se na sua grandiosidade a Mesquita Koutoubia, a maior de Marraquexe. Um marco arquitetónico, que se transformou num símbolo da cidade. Os guias orgulham-se de contar que tem um minarete erguido em pedra, com uma altura e 77 metros, alcançado através de uma rampa, apontando para a sua decoração sóbria, com relevos esculpidos e azulejos brancos e verdes, pontuando as partes superiores.

Da tradição à arte contemporânea, a oferta cultural é rica e variada e recentemente cresceu com a criação do MACAAL, um museu dedicado à arte africana contemporânea. Um novo investimento na cidade que mostra o compromisso da Alliances Foundation de promover o acesso à arte por parte de todos os públicos, promovendo a criação artística africana. Ainda que fora do centro, convida a uma experiência que combina cultura, lazer e até estilo de vida, com café, jardim e loja e livraria. Já no Museu Dar El Bacha Musée des Confluences, situado em plena Medina, vive-se o espírito de um típico riad, neste palácio convertido em museu e que tem como missão exibir a cultura e a herança material e imaterial do país. Já no interior uma das novas descobertas da cidade é também o café Bacha, virado para o pátio e onde se encontra mais de 200 variedades de café 100% arábico, provenientes de 33 países diferentes. Um verdadeiro salão de café, que nos leva para os tempos em que o Palácio era habitado pelo próprio Bacha.

O Azul Majorelle e Yves Saint Laurent

O Jardim Majorelle é um jardim botânico inspirado nos jardins islâmicos situado no centro de Marraquexe, onde também funciona um museu da cultura berbere. Tornou-se há vários ano um símbolo da cidade, com as suas mais de 3 mil espécies botânicas e pela história que o liga a Yves Saint Laurent e Pierre Bergé, que o compraram em 1980. É precisamente ao lado do jardim e da Maison des Illustres, situada no interior do jardim, que foi construído o novo Museu Yves Saint Laurent, dedicado ao famoso designer de moda e à sua obra.

Localizado na Rue Yves Saint Laurent, o novo edifício com uma área total de 4.000 m2, oferece 400 m2 dedicados à exposição permanente Yves Saint Laurent, onde se exibe parte do seu legado: 5.000 roupas, 15.000 acessórios de alta-costura e dezenas de milhares de desenhos. Entre as peças em exposição estão vestidos célebres como Mondrian ou o famoso Smoking, mas mais do que uma retrospetiva trata-se de uma viagem ao coração das inspirações do famoso costureiro, apaixonado pela magia de Marraquexe.

A cidade que cresce para lá da Medina

Para lá da Medina, há toda uma nova cidade que cresce. O Palmeiral tem mais de 100.000 palmeiras e foi plantado durante a dinastia almorávida num terreno de mais de 13.000 hectares. Hoje é considerado uma zona de luxo e é o centro de um grande plano urbanístico que inclui residências, hotéis e campos de golfe. É entre as palmeiras que está situado o Hotel Be Live Collection, apenas para adultos e em sistema tudo incluído. Inserido numa tranquila zona residencial, oferece todos os serviços de um 5 estrelas, com piscinas, restaurantes, bar e Spa, e também é um lugar especial para assistir ao bonito pôr de sol de Marraquexe, que aqui chega entre o recorte das palmeiras e das montanhas do Atlas ao fundo.

 

 

Fotos: © Turismo de Marrocos/ONMT – Hope Production

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