Está por criar um modelo de gestão no Baixo Mondego, diz Ordem dos Engenheiros

  • Lusa
  • 24 Dezembro 2019

Ordem dos Engenheiros criticou o facto de estar por criar "há décadas" um modelo de gestão do empreendimento Baixo Mondego que foi concebido para o controle de cheias que afetam ciclicamente o vale.

A Ordem dos Engenheiros criticou esta terça-feira o facto de estar por criar “há décadas” um modelo de gestão do empreendimento do Baixo Mondego que foi concebido para o controle de cheias que afetam ciclicamente o vale.

“Desde há décadas que está por criar um modelo de gestão deste empreendimento, o que leva a que muitos usufruam e poucos contribuam para a sua conclusão, manutenção, busca de investimentos e demais responsabilidades”, afirmou esta terça-feira a Ordem dos Engenheiros, em comunicado enviado à agência Lusa.

A Ordem recordou que o empreendimento do Baixo Mondego “foi criado para o controle das cheias que sempre ocorreram e afetaram Coimbra e o Vale do Mondego”, tendo para isso sido construídas as barragens da Aguieira e Raiva (no Mondego) e a barragem de Fronhas (no rio Alva).

O rio Ceira continua por controlar e no rio Arunca faltam ainda algumas obras de regularização, notou, salientando que ainda se está “perante uma obra inacabada, que foi concebida para funcionar no seu todo e que urge concluir ou, no limite, revisitar a sua conceção”.

Para a Ordem dos Engenheiros, tem de ser criada uma unidade gestora, tal como aconteceu no Alqueva, por forma a assegurar “a gestão, a conclusão, a monitorização, a manutenção e a defesa dos diversos stakeholders [agentes], a partir da definição de um modelo de calendarização e financiamento sustentável”.

Segundo a Ordem, um modelo de gestão para aquele empreendimento “nem sequer tem merecido qualquer discussão”, considerando que “apontar o dedo à falta de manutenção é apontar o dedo à incúria do Estado que não canaliza os impostos dos contribuintes nacionais para apoio dos beneficiários locais”.

Vista aérea dos campos alagados pelo rio Mondego, perto de Lavatriz, devido ao mau tempo provocado pela depressão Elsa e Fabiano em Montemor-o-Velho.Paulo Cunha/EPA 23 Dezembro, 2019

“A falsa sensação de que o sistema de diques que materializou a artificialização do leito natural do Mondego pode garantir ilimitadamente a segurança das povoações e bens ribeirinhos tem sido ciclicamente posta em causa, por razões sobejamente conhecidas e que interessam resolver”, vincou.

Os efeitos do mau tempo da semana passada, na sequência das depressões Elsa e Fabien, provocaram dois mortos e um desaparecido e deixaram 144 pessoas desalojadas, registando-se mais de 11.600 ocorrências, na maioria inundações e quedas de árvores.

O mau tempo levou também a condicionamentos na circulação rodoviária e ferroviária, danos na rede elétrica e a subida dos caudais de vários rios, provocando inundações em zonas ribeirinhas das regiões Norte e Centro, em particular no distrito de Coimbra.

No rio Mondego, a rutura de dois diques provocou cheias em Montemor-o-Velho, onde várias zonas foram evacuadas e uma grande área, incluindo muitas plantações, estradas e o Centro de Alto Rendimento, ficou submersa.

A situação começou a ter esta terça-feira os primeiros sinais positivos de melhoria e diminuição do grau de risco, segundo a Proteção Civil, que se mantém, contudo, em alerta e reconhece estar em causa uma intensa e longa operação de recuperação.

O presidente da Câmara de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão (PS), pediu ao Governo a disponibilização de meios para obras urgentes nos dois diques, depois de o executivo ter dado um prazo de dois meses para a recuperação das infraestruturas.

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