Montenegro quer PSD como a “grande casa da alternativa não socialista”. Apoia Marcelo em Belém até 2026
Candidato à liderança do PSD promete uma “oposição firme e exigente” ao PS, nos próximos dois anos. Quer o partido como a alternativa não socialista e apoia Marcelo em Belém até 2026.
Luís Montenegro apresenta o PSD como a “grande casa da alternativa não socialista”, na moção de estratégia com que se candidata à liderança, e dá o seu “incondicional apoio” à recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à Presidência.
Estas são algumas das propostas do ex-líder parlamentar do PSD e candidato a presidente do partido na moção estratégica que entrega hoje ao fim da manhã na sede nacional, em Lisboa, e apresenta, à noite, em Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro.
Apesar de já ter feito afirmações, no início do mês, a incentivar uma recandidatura de Marcelo à Presidência da República, agora, no texto da moção, a cuja síntese a Lusa teve acesso, Montenegro é mais claro, apesar de afirmar o respeito pelo “cariz individual e suprapartidário” da “decisão pessoal” e “autónoma” do atual Chefe do Estado.
“O PSD incentiva e não se eximirá de manifestar o seu convicto e incondicional apoio a uma eventual recandidatura do atual Presidente da República”, lê-se no texto.
"[PSD deve ser a] grande casa da alternativa não socialista, que sempre soube envolver e potenciar sinergias e contributos de pessoas e visões não socialistas, moderadas e europeístas, que acreditam na iniciativa individual e na economia de mercado, mas que impõem uma forte consciência social em toda a ação política.”
E elogia o “sentido de Estado, o espírito de missão, a atitude congregadora e solidária, a visão estratégica, a opção equilibradora, a ação exemplarmente independente e a proximidade ativa e afetiva” de Marcelo Rebelo de Sousa, “motivo de orgulho e esperança de futuro para o PSD”.
Se for eleito nas diretas de janeiro de 2020, Montenegro promete fazer, no partido, um “laboratório de ideias na construção de um projeto político” alternativo ao do PS.
O PSD, escreveu no texto da moção, “atravessa um tempo difícil” depois dos “resultados eleitorais historicamente baixos” nas legislativas, sob a atual liderança de Rui Rio, “da redução da presença autárquica, de dificuldade na abertura à sociedade e de recrutamento de novos quadros qualificados”.
Porque “o PSD não está condenado ao definhamento”, a estratégia passa por colocar o partido como a “grande casa da alternativa não socialista, que sempre soube envolver e potenciar sinergias e contributos de pessoas e visões não socialistas, moderadas e europeístas, que acreditam na iniciativa individual e na economia de mercado, mas que impõem uma forte consciência social em toda a ação política”.
O PSD, acrescentou ainda, “é o partido personalista e reformista, de política popular e democrática”, assumindo as “raízes” sociais-democratas.
Nesta parte do texto, ao abordar os riscos do populismo na Europa, no Mundo e até em Portugal, Montenegro faz ainda uma advertência sem destinatário identificado ao afirmar: “Devemos começar por evitar qualquer laivo de tentativa de imposição de populismos antissistema ou de uma liderança unipessoal e autoritária no nosso PSD”.
Na moção, o líder parlamentar social-democrata durante o Governo liderado por Pedro Passos Coelho admite, ainda que implicitamente, que o atual governo minoritário poderá não cumprir quatro anos de mandato, ao escrever que as legislativas se podem realizar “até 2023”.
É na parte do texto em que afirma que, caso vença, “o PSD iniciará de imediato a preparação das próximas eleições legislativas que decorrerão até 2023”.
De resto, promete também uma “oposição firme e exigente” nos dois anos de mandato como líder do PSD, tentando afirmar-se como “a única verdadeira alternativa política ao PS”.
Embora insista na crítica a Rui Rio, por ter feito acordos e por se ter subalternizado ao executivo e ao PS, Luís Montenegro não excluiu eventuais entendimentos com o executivo, ou, como escreveu na moção – “abordagem suprapartidária e que visem perdurar para lá de governações conjunturais”, “colocando o interesse nacional acima de qualquer interesse partidário, com sentido de Estado e com visão de futuro”.
Na síntese a que a Lusa teve acesso, Montenegro defende que, para voltar a ganhar eleições, “o partido precisa de começar por se reformar a si próprio”, mas não concretiza, afirmando que quer “unir o partido, acarinhar a militância, reforçar a autoestima partidária, galvanizar as melhores ideias, mobilizar os melhores quadros e defender uma causa comum”.
As eleições diretas do PSD realizam-se em 11 de janeiro. São candidatos à liderança o atual presidente do PSD, Rui Rio, o antigo líder parlamentar do PSD Luís Montenegro e o atual vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz.
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