Moody’s alerta que ajudas estatais podem aumentar riscos de longo prazo na banca

Moody's salienta aspetos positivos das ajudas estatais a médio prazo, mas revela preocupação face aos efeitos que as moratórias no crédito e a forma de contabilização das perdas pode ter na banca.

A Moody’s salienta os efeitos positivos que as ajudas estatais podem ter a médio prazo, mas alerta para os riscos que estas podem vir a resultar a longo prazo sobre os bancos. Refere-se em particular à disponibilização de moratórias no crédito e à forma de contabilização das perdas sofridas pelos bancos.

O alerta vem numa nota publicada esta terça-feira, em que a agência de notação financeira começa por referir os programas de resposta à crise que disponibilizam apoio governamental a famílias, empresas, instituições financeiras e mercados financeiros atingidos pelas consequências económicas do coronavírus que estão a ser implementados, ou se preparam para tal, em vários países.

“Essas medidas mitigam coletivamente os riscos para as instituições financeiras“, começa por dizer a Moody’s, acrescentando, contudo, que “alguns elementos desses programas, no entanto, podem aumentar o risco para instituições financeiras individuais a longo prazo”.

A agência de rating norte-americana destaca neste âmbito, nomeadamente, as moratórias de crédito que estão a ser seguidas em vários países, incluindo Portugal, e que visam proteger famílias e empresas no cumprimento dos seus compromissos financeiros com a banca devido a perdas de rendimento resultantes dos efeitos da pandemia.

“Em particular, as moratórias de crédito mandatadas pelos governos podem enfraquecer a qualidade dos ativos, e a tolerância regulatória às regras de contabilização de perdas e dos requisitos de capital, podem aumentar os riscos para os credores sénior ao reduzir a probabilidade de uma intervenção regulatória antecipada”, alerta a Moody’s.

A agência de notação financeira mostra-se mais preocupada com as instituições com classificações mais baixas. “Após esta crise, as instituições financeiras com classificações mais levadas provavelmente irão regressar a lucros, restaurar as suas almofadas de capital, e continuar a merecer ratings elevados”, diz. “As instituições mas vulneráveis a downgrades [revisões em baixa de ratings] são aquelas que já têm ratings baixos e que estão em risco de falência ou operem em países que não dispõem de recursos para financiar amplos programas de apoio económico e que provavelmente sofrerão recessões profundas e prolongadas”, vaticina a Moody’s.

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