Ministro das Finanças alemão rejeita troika 2.0 por causa do vírus

O ministro das Finanças alemão afastou o cenário temido por alguns países de que o recurso a empréstimos europeus por causa da crise pandémica iria levar a um novo programa de ajustamento.

É uma garantia dada pelo ministro das Finanças alemão, Olaf Scholz: haverá uma resposta europeia “forte” à pandemia sem “requisitos sem sentido, como houve no passado”, ou seja, “não vai haver nenhuma troika a entrar num país para dizer ao Governo que medidas é que deve tomar“.

Em entrevista ao jornal alemão Funke divulgada no sábado, Olaf Scholz mostrou-se confiante de que será possível ultrapassar esta crise sem um desmembramento da Zona Euro, principalmente porque foram aprendidas lições da última crise. “Este é o momento de união na Europa“, afirmou, argumentando que é melhor usar os instrumentos já existentes, como as linhas de crédito criadas durante a crise das dívidas soberanas, em vez de se esperar pelas famosas “coronabonds”.

Este é um sinal importante dado pelo principal responsável pelas contas públicas na Alemanha, o país que mais influência tem nas decisões europeias. Esta terça-feira o Eurogrupo reúne-se para definir a forma como os países vão poder aceder ao dinheiro disponível no Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), existindo ainda dúvidas sobre quais serão as condições impostas.

Além de garantir que não haverá uma troika 2.0, Olaf Scholz também tinha dito na passada sexta-feira, citado pela Reuters, que o apoio do MEE não poderá implicar uma vigilância apertada aos países que o peçam, a qual está prevista nas regras atuais. “Do meu ponto de vista é especialmente importante assegurar que se um país disser que quer usar estes fundos não pode haver uma série de funcionários que vai lá e gasta as primeiras semanas a discutir com eles [o Governo] como podem mudar as suas políticas nos próximos anos“, explicou.

Estas declarações estão em linha com o que disse Klaus Regling, o presidente do MEE. Dado que esta é uma crise “diferente”, Regling garantiu que as condições serão diferentes face ao que aconteceu há dez anos no pós-crise financeira de 2008. O objetivo principal das condições será garantir que o dinheiro é gasto nas despesas com saúde e nas medidas que contrariem o impacto económico da crise.

Porém, o presidente do Mecanismo relembrou que “é claro que isto são empréstimos pelo que temos de nos assegurar que são reembolsados”, argumentando que é por isso que terá de haver o compromisso de respeitar as regras orçamentais da UE no futuro, “o que, claro, já é uma obrigação de todos os Estados-membros da UE de qualquer das formas”. E promete: “Não haverá mais [condições] do que isto”.

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