Centeno rejeita “BdP fechado sobre si próprio”. “Isso não assegura a independência, assegura a irrelevância”, diz o novo governador
No discurso de tomada de posse como governador do Banco de Portugal, Mário Centeno voltou a dizer que a sua ação vai ser acompanhada de diálogo e não isolar instituição.
Mário Centeno considera que a sua ação como governador do Banco de Portugal vem acompanhada de diálogo e que não pretende isolar a instituição. Pelo contrário. O novo líder do supervisor bancário disse ainda que não acredita em “estratégias de dividir para reinar”.
No discurso de tomada de posse, o ex-ministro das Finanças reforçou a ideia de que a independência do governador e do Banco de Portugal não é algo que possa ser questionado. “A independência não é mera uma atribuição, que nos é outorgada”, referiu Mário Centeno perante o ministro das Finanças, João Leão, que lhe sucedeu no cargo.
“Ao Banco de Portugal não cabem estados de alma acerca da sua independência”, adiantou, dizendo que a independência advém da ação. De uma ação que não deve ser exercida de forma isolada, deixando uma crítica velada ao anterior governador, Carlos Costa, que também esteve presente na cerimónia.
Neste ponto, o novo governador disse que o Banco de Portugal “não se deve fechar em si mesmo” porque “isso não assegura a independência”, mas antes “a irrelevância”. Por outro lado, o Banco de Portugal deve ao seu trabalho, à capacidade de adaptação e aos colaboradores “por fazer melhor e adotar novas abordagens que aprofundem o desempenho das instituições”. De seguida acrescentou: “Não acredito em estratégias de dividir para reinar”.
Centeno sublinhou ainda que o supervisor desempenha um papel “fulcral, seja quando consegue cumprir com sucesso os seus objetivos, o que tantas vezes não é percebido pela sociedade, seja quando falha nesse cumprimento, o que tem sempre enormes impactos e visibilidade”.
Para Centeno, são quatro os “desafios chave” que tem pela frente, tal como tinha referido no Parlamento: assegurar uma supervisão – prudencial e comportamental – eficiente e exigente; participar na condução da política monetária europeia e na sua revisão estratégica; definir uma política macroprudencial consonante com os complexos mecanismos de transmissão de risco no sistema financeiro; e credibilizar o mecanismo e processo de resolução, condição para a estabilidade financeira.
Na cerimónia de tomada de posse do novo governador marcaram ainda presença os presidentes dos principais bancos nacionais: Paulo Macedo (CGD), Miguel Maya (BCP), Pedro Castro e Almeida (Santander), António Ramalho (Novo Banco), João Oliveira e Costa (BPI), Pedro Leitão (Montepio). E também o presidente da Associação Portuguesa de Bancos, Faria de Oliveira.
As presidentes dos outros dois reguladores financeiros, Gabriela Figueiredo Dias (CMVM) e Margarida Corrêa de Aguiar (ASF), também estiveram presentes.
(Notícia atualizada às 12h31)
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