Furacão Katrina foi há 15 anos. Se fosse hoje custaria 86 mil milhões às seguradoras

  • ECO Seguros
  • 25 Agosto 2020

O furacão Katrina continua a ser o desastre natural mais caro de sempre na indústria seguradora. Se fosse hoje, com as alterações climáticas, o impacto global seria 200 mil milhões, estima a Swiss Re.

Os cinco dias de devastação provocada pelo furacão Katrina, há 15 anos, na região sudeste dos EUA, tiveram impacto económico global estimado em 160 mil milhões de dólares (cerca de 134,3 mil milhões de euros), segundo valores atualizados da inflação em 2020, mantendo-se a catástrofe natural com os custos mais elevados de sempre na história da indústria seguradora, afirma um estudo do Swiss Re Institute (Swiss Re).

Num relatório com recapitulação do evento catastrófico, tendo como ponto máximo ventos ciclónicos e cheias que deixaram 80% da cidade de New Orleans (Nova Orleães) praticamente submersa, a resseguradora questiona: “Hoje, estaríamos preparados?

Nova Orleães: vista parcial a 2 de setembro 2005. A cidade guarda memória da maior devastação do furacão Katrina.

A tragédia decorreu ao longo de vários dias, com a tempestade tropical a iniciar-se com origem numa depressão a sul das Bahamas (a 22 de agosto), reclassificada depois em furacão, aterrando no estado da Florida, para depois voltar ao Golfo do México, rodopiar e reentrar no continente ao sul do rio Mississippi. De 25 de agosto até final do mês, em 2005, a fúria do ciclone varreu diversos estados americanos.

O balanço da tempestade Katrina saldou-se por 1833 mortos, além de destruir milhares de edifícios residenciais e propriedades de comércio local em cidades da Florida, passando pelo Golfo do México, os estados do Luisiana, Alabama, Mississippi, Tennessee e a Georgia.

Os danos segurados no quadro do desastre (na altura estimados em cerca de 65 mil milhões de dólares) – incluindo perdas cobertas por seguros privados (49 mil milhões de dólares, nos ramos propriedade, automóvel e plataformas petrolíferas no Golfo do México), acrescidas de 16,3 mil milhões de pagamentos feitos por seguros públicos e fundo federal de emergência para inundações (FEMA NFIP) -, equivaleriam atualmente a 86 mil milhões de dólares em valores ajustados da inflação (mais 32% face ao estimado na ressaca da tragédia que teve lugar nos últimos dias de agosto de 2005). A diferença até aos 160 mil milhões da atualização apontada corresponde a perdas não seguradas.

No relatório “15 years after Katrina: Would we be prepared today?”, a companhia líder mundial na indústria de resseguro vai além da correção dos valores pela inflação e estima que, nas condições atuais (a cidade de Nova Orleães está mais preparada e equipada para lidar com cheias causadas por eventos extremos, enquanto outras áreas costeiras do sudeste dos EUA ainda se mostram vulneráveis face a riscos agravados pela evolução das alterações climáticas, nomeadamente a subida do mar e a intensidade crescente das tempestades tropicais), o custo de uma catástrofe como o furacão Katrina teria, hoje, um impacto em torno dos 200 mil milhões de dólares, estima a instituição suíça.

O estudo sugere este valor comparando as condições em que se deu o desastre de 2005 (o evento que varreu o Luisiana é lembrado a 29 de agosto) com as que são possíveis de aferir atualmente num hipotético cenário de catástrofe natural de natureza idêntica. Os modelos probabilísticos do Swiss Re Institute para análise de perdas resultantes de ciclones tropicais com origem no Atlântico permitem afirmar que, na atualidade, existe a possibilidade desafortunada de resultarem prejuízos ainda maiores do que os do furacão Katrina.

O modelo utilizado para avaliar o risco representa a carteira de seguros atuais do mercado americano (habitação, automóvel, indústria e comércio), e incorpora também a valorização dos bens segurados e os limites de capital das coberturas contratadas.

Nesta perspetiva, considerando que o Katrina acontecia em 2020 (atualmente a cidade de Nova Orleães tem 20% menos população do que tinha em 2005), o estudo conclui que as perdas seguradas (apólices privadas, excluindo os danos em plataformas no Golfo do México e as coberturas de seguros públicos) chegariam a 60 mil milhões de dólares, enquanto o impacto económico global rondaria 175 mil milhões de dólares.

Acrescentando ao cenário hipotético os efeitos mais gravosos decorrentes das alterações climáticas – como a subida do nível da água do mar (risco agravado de cheias) e tempestades tropicais com ventos mais fortes (risco agravado de destruição material) – a avaliação de risco elaborada pela Swiss Re conclui que o custo global [da catástrofe causada pelo Katrina] chegaria hoje facilmente a uns redondos 200 mil milhões (perto de 168 mil milhões de euros) ou, a preços atualizados, 40 mil milhões de dólares acima do valor estimado para o sinistro de 2005.

Ver relatório na íntegra (em inglês).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Furacão Katrina foi há 15 anos. Se fosse hoje custaria 86 mil milhões às seguradoras

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião