Chineses pagam dobro do mercado à família pela posição na Mota-Engil

Família Mota vai alienar quase um terço do capital da Mota-Engil, num negócio feito a um valor bem acima do mercado. Operação com a CCCC feita com avaliação de 750 milhões de euros.

A China Communications Construction Company (CCCC) vai pagar um prémio elevado para ficar com quase um terço do capital da Mota-Engil. A empresa chinesa, um dos maiores grupos de infraestruturas do mundo, prepara-se para se tornar acionista de referência num negócio com a família Mota em que avalia a empresa de construção em 750 milhões de euros, mais do dobro do valor atribuído pelo mercado à companhia portuguesa.

Ainda não está fechado, mas o acordo “encontra-se na fase final das negociações” entre a Mota Gestão e participações (MGP), acionista dominante da Mota-Engil, detida pela família Mota, e a companhia chinesa. Este acordo prevê a realização de um aumento de capital com a emissão de até 100 milhões de novas ações da construtora, com a CCCC a comprar “uma participação ligeiramente superior a 30%” da cotada.

Este negócio é feito a “um preço que reflete uma valorização que está muito acima do preço atual de mercado“, diz a Mota-Engil no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), apontando para um valor de 750 milhões de euros. Em bolsa, antes do anúncio de que este acordo está prestes a ser fechado, a Mota-Engil apresentava uma capitalização bolsista de cerca de 340 milhões de euros, depois de uma queda de 22% desde o início do ano.

A avaliação implícita na transação coloca o valor das ações da Mota-Engil em torno dos 3,00 euros, mais do dobro daquele a que estavam a ser avaliadas no mercado antes de ser revelado o avanço neste acordo que visa “reforçar as capacidades financeiras, técnicas e comerciais do Grupo Mota-Engil, a fim de aumentar as suas atividades em todos os mercados e abrir novas oportunidades para novos desenvolvimentos”.

Mota-Engil dispara em bolsa

Os 750 milhões de euros estão a ser bem recebidos pelos investidores, no mercado. Assumindo um prémio avultado face à atual cotação dos títulos, assiste-se a uma pressão compradora que está a catapultar o valor das ações da construtora que registam uma valorização de 14%. Chegaram a cotar nos 1,674 euros, um ganho de 15,6% face à sessão anterior, mas há margem para ganhos superiores.

Família Mota reduz posição

A entrada da CCCC no capital da Mota-Engil será feita, na sua maioria, através da redução da posição da família Mota no capital da construtora. De acordo com a Reuters, a família tem uma posição de cerca de 65%, mas com a chegada deste novo parceiro, reduzirá substancialmente a participação no capital da empresa.

Após o aumento de capital, “será imputável à MGP uma participação de cerca de 40% do capital social da Mota-Engil”, refere a empresa no comunicado enviado à CMVM, acrescentando que a manutenção de uma participação desta dimensão é “sinal de total empenho e alinhamento com a sua posição histórica no grupo”. Ainda assim, é uma redução significativa que permitirá à família realizar vários milhões de euros deste investimento.

Considerando a avaliação implícita na transação com a CCCC, a família Mota poderá, no âmbito desta operação, realizar um encaixe em torno dos 175 milhões de euros.

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