Marcelo alerta para eventual conflito de interesses na auditoria ao Novo Banco. “Ninguém é bom juiz em causa própria”, diz o Presidente

O Presidente da República levanta dúvidas sobre um eventual conflito de interesses na auditoria realizada ao Novo Banco pela Deloitte. Marcelo Rebelo de Sousa diz que “ninguém é bom juiz em causa própria”.

Se tivesse acontecido que uma entidade de auditoria tivesse intervindo sendo ouvida numa operação, — qualquer que ela fosse, compra ou venda de bens — e mais tarde fosse chamada a pronunciar-se sobre essa mesma operação é evidente que aí haveria uma situação muito incómoda em termos de conflito de interesses”, defendeu o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações transmitidas pela RTP3.

Em causa está o facto de a Deloitte ter realizado, a pedido do Governo, sob proposta do Banco de Portugal, uma auditoria especial ao Novo Banco cobrindo o período entre 2000 e 2018, que revelou perdas de quatro mil milhões de euros. A Deloitte foi a mesma auditora que, em 2019, assessorou o banco a vender a seguradora GNB Vida, numa operação gerou uma perda de 250 milhões de euros.

Apesar de assegurar que ainda não leu a auditoria, Marcelo Rebelo de Sousa considera que esta situação poderá desencadear um eventual conflito de interesses. “Ninguém é bom juiz em causa própria”, rematou.

As declarações do Presidente da República surgem depois de Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, ter vindo afirmar que “o facto de a Deloitte não referir na sua auditoria que assessorou o Novo Banco na venda da GNB Vida coloca em causa a auditoria”.

Perante a polémica, a Deloitte já veio a público defender qualidade e independência do trabalho feito. “A Deloitte responde pela qualidade dos seus trabalhos e dos seus relatórios e, em particular, nesta auditoria especial, face à natureza relevante para o país e partes interessadas”, disse em comunicado.

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