Seguradoras pagam indemnização se a temperatura atingir -1 grau no Algarve
O corretor FRego montou um seguro paramétrico para as quintas da JBI para proteger 162 hectares de abacate de temperaturas extremas. Não há peritagem, basta o termómetro.
Ainda não se registaram sinistros mas se, num pré-determinado período, as temperaturas forem abaixo de -1 grau nas quintas de produção de abacate do grupo JBI no Algarve, as seguradoras pagarão 40% do valor contratado com as empresas agrícolas. Se descer abaixo de -4 graus será de 100% o valor da indemnização. Neste caso específico, a fonte que garante a veracidade do fenómeno são estações meteorológicas próprias ligadas em permanência com as seguradoras – notificando-as assim que o trigger (gatilhos no sentido de disparo) seja atingido. Noutras soluções poderá ser via IPMA, por exemplo.
![](https://ecoonline.s3.amazonaws.com/uploads/2020/10/jbi-quinta-poco-dos-passaros-tavira-2.jpg)
Esta cobertura foi formatada pelo corretor FRego, pioneiro no seguro paramétrico contratado em Portugal. Os seguros paramétricos têm entre as suas vantagens o facto de quase sempre dispensarem peritagem. Logo que um fenómeno pré-estabelecido comprovadamente aconteça as seguradoras pagam as indemnizações contratadas.
Este tipo de coberturas conseguiu o interesse do grupo JBI, as iniciais do seu fundador João Bento Inácio, que está na agricultura desde 1988. Este ano a JBI vai produzir 2 mil toneladas em 2020 de frutos pequenos e exóticos, 95% para exportação em 8 quintas no Algarve, utilizando áreas de 22,5 Hectares de Framboesa, 2 Hectares de Amora, 1,5 Hectares de Manga e 162 Hectares de Abacate.
O abacate cultiva-se em áreas tropicais e subtropicais e a sua produção é afetada pelo frio extremo. Foi esse o objetivo da cobertura formatada pela FRego, assegurar rendimentos em caso de, no sul do país, acontecerem temperaturas invulgares. A corretora encara outros parâmetros para além do excesso ou defeito de temperatura, como o utilizado no caso da JBI, os triggers, poderão ser Velocidade de vento (ventos ciclónicos), excesso ou falta de chuva (incluindo secas e inundações), queda de granizo (medindo a volumetria) e até pandemias, embora algumas das seguradoras parceiras não garantirem este risco diretamente, a não ser que seja numa base de quebra de rendimento de área.
“A agricultura, enquanto setor fortemente exposto aos riscos climatéricos, é uma das áreas mais propícias para os seguros paramétricos”, refere a FRego, “garantem uma proteção muito importante para os produtores, reduzem o grau de incerteza e apresentam, ainda, uma vantagem adicional, que reside na rapidez da atuação da seguradora perante o sinistro”. Segundo a corretora existem várias seguradoras, quase todas com operações de nicho ou especializadas dos grandes grupos seguradores e resseguradores mundiais, com apetência para este tipo de risco.
Pedro Rego, CEO da FRego,, “o setor segurador terá que caminhar numa ótica de especialização e de personalização, abraçando novos riscos e realidades. Os seguros paramétricos oferecem uma valência muito importante a este nível, permitindo uma formatação à medida dos interesses e das necessidades do segurado, considerando como triggers para o sinistro causas não garantidas pelas apólices tradicionais”.
Embora a agricultura seja um setor mais imediato para desenvolver o modelo paramétrico, a FRego considera que “em setores como a indústria ou retalho, no vestuário, moda ou alimentar, será possivelmente muito brevemente garantir perdas de vendas pela verificação de variações anormais de temperatura que coloquem em causa a rentabilidade das empresas (por exemplo, um verão anormalmente chuvoso e frio que comprometa as vendas habituais de gelados)”.
A corretora resume a vantagem deste tipo de soluções “na possibilidade de ser definido objetivamente o risco do cliente, por base de gravidade, e salvaguardar de forma adequada os cenários catastróficos, numa conjuntura cada vez mais instável”. Além de garantir uma enorme transparência, por força desta definição objetiva do risco, esta é “uma solução altamente personalizada e cuja ativação e pagamento de indemnizações é extremamente rápida”, conclui a FRego.
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