BRANDS' TRABALHO À procura da felicidade… organizacional
Joana Gonçalves Rebelo, manager EY, e Pedro Alves, consultor EY, ambos People Advisory Services, explicam os fatores que mais impactam a felicidade dos trabalhadores nas organizações.
O título poderia muito bem ser uma referência ao filme protagonizado por Will Smith – À Procura da Felicidade – uma história de vida onde é retratado o quanto é importante sentir-se ativo e produtivo e, para além disso, ver, e serem reconhecidos, os frutos do trabalho desenvolvido. O filme fala sobre esse sentimento e este artigo também.
De há uns tempos para cá, a felicidade no trabalho enquanto conceito tem sido bastante debatido, mas por vezes pouco vivido. Os tempos mudam e hoje, mais do que nunca, é uma preocupação que está na agenda das organizações. Tendo noção dessa relevância, o Chief Happiness Officer começa a conquistar espaço e a ganhar algum protagonismo, na medida em que é responsável por supervisionar e monitorizar o grau de satisfação e felicidade dos colaboradores de uma empresa.
Vários estudos têm sido realizados por forma a traduzir a teoria em estratégias com teor prático. A Warwick University, do Reino Unido, refere que os colaboradores considerados felizes são 20% mais produtivos que os colaboradores menos satisfeitos. Neste sentido, há dimensões que impactam estes dados de forma mais direta:
- Natureza das tarefas realizadas. Os colaboradores que consideram que o seu trabalho acrescenta valor são quase 2,5 vezes mais felizes do que os restantes, segundo a empresa Robert Half, sediada na Califórnia. Para ter as pessoas certas nas funções certas, uma boa definição dos descritivos de função – principais atividades e responsabilidades – e a gestão de expectativas no decorrer dos processos de recrutamento, desempenham um papel crucial para o sucesso da função, impactando diretamente a atração e retenção do talento.
- Espírito de equipa. Naturalmente, a preferência é estar junto de pessoas com que nos identificamos. Existem testes de personalidade que poderão suportar e ajudar a conhecer melhor os colaboradores que compõem um grupo. Tendo isso em consideração, poderá ser um excelente ponto de partida de consciencialização para construir relacionamentos interpessoais e que encoraje os colaboradores a trabalharem juntos para o bem-estar comum da organização. Um ambiente de trabalho que seja agradável, e esta visão partilhada, contribuem para o crescimento da equipa e promovem uma maior dinâmica entre as pessoas.
- Compensação e Benefícios. Last but not least, a remuneração, a existência de prémios por desempenho e outros benefícios dando resposta à presença de diferentes gerações no mercado de trabalho deve ser revisto/atualizado periodicamente, não invalidando nenhuma das dimensões mencionadas anteriormente. A situação financeira da empresa e a respetiva partilha de resultados poderá refletir igualmente a sensação de responsabilidade, acrescendo o compromisso e o envolvimento de todos. Outros fatores, como o reconhecimento, fazem parte das compensações que contribuem para a felicidade no trabalho.
Em tempos excecionais como a presente situação causada pela pandemia, o objetivo não passa apenas por oferecer boas condições na tentativa de reter colaboradores, mas considerar o bem-estar geral e a procura de equilíbrio entre a vertente pessoal e profissional. Uma das formas de abordar o bem-estar geral aos colaboradores poderá começar por revisitar as necessidades humanas – Pirâmide de Maslow – e a respetiva necessidade de segurança. A partir deste momento estarão asseguradas as condições para fazer diferente, fazer com que todos se sintam parte da organização, valorizados e autênticos, caminhando para a realização pessoal.
Apesar de descritas individualmente, não nos esqueçamos que todas as dimensões acima referidas, e outras, deverão ser articuladas e analisadas de forma conjunta. Aquando da definição de políticas, é necessário ter em conta que este tipo de ações assumem um elevado foco na forma de reter talento nas organizações e na criação de ambientes de trabalho saudáveis. Na sua empresa, fala-se sobre o bem-estar ou, tal como Will Smith, vive-se o bem-estar?
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