ASF: Ramo Vida cai 43% e ramos Não Vida crescem 4% até setembro
A produção do setor segurador caiu 23%. Soma dos ramos Não Vida supera o negócio Vida. Ainda nos ramos Não Vida, os custos com sinistros apresentam valor semelhante ao do final do 3ºT de 2019.
A produção global de seguro direto diminuiu globalmente 22,9% em Portugal, até ao final do terceiro trimestre, face a igual período de 2019, somando 7,1 mil milhões de euros, revelou a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) no Relatório de Evolução da Atividade Seguradora – 3º trimestre de 2020 (REAS 3T2020).
“Esta evolução reflete um comportamento distinto dos diferentes ramos: enquanto o ramo Vida apresenta um decréscimo de 42,9%, os ramos Não Vida apresentam uma evolução positiva, com um crescimento de 4,2% no mesmo período”, explica a ASF detalhando que os ramos não-vida ganharam 14,9 pontos percentuais na estrutura da carteira seguradora, pesando agora 57,4%, contra 42,6% de Vida.
A distribuição da produção (seguro direto em valor) foi de 4,1 mil milhões de euros nos ramos não Vida e cerca de 3,04 mil milhões no ramo Vida. Na análise à evolução do negócio Não Vida, o relatório destaca crescimento de 8,9% nos seguros Doença, cujo peso relativo na produção passou a ser de 18% no final do período, enquanto os ramos Incêndio e Outros Danos e Automóvel assim como a modalidade Acidentes de Trabalho apresentaram igualmente acréscimos, de 5,5%, 3,2% e 4,2% respetivamente.
Já a evolução dos seguros Vida refletiu diminuição verificada nos seguros de vida não ligados, em particular nos PPR (-76,2%), tendo estes diminuído o seu peso na carteira de 41,2% para 17,2%, explicando o declínio no ramo Vida. No conjunto Vida (ligados e não ligados), os Planos Poupança Reforma (PPR) registaram um decréscimo de 68,6% face ao período homólogo de 2019, diminuindo o seu peso na estrutura do ramo Vida, representando apenas 26,3% da produção total, quando em setembro de 2019 representavam 48% da carteira.
Enquanto que, para as empresas sob supervisão prudencial da ASF (empresas nacionais), os ramos Não Vida apresentaram um crescimento de 4,8% e o ramo Vida teve um decréscimo de 44,2%, as sucursais de empresas da União Europeia a operar em Portugal (sucursais da UE) registaram um decréscimo de 23,2% no ramo Vida tendo a produção dos ramos Não Vida apresentado um ligeiro crescimento de 0,8%.
Os custos com sinistros globais sofreram um acréscimo de 15,4%, para 7,57 mil milhões de euros, “tendo contribuído para este resultado o acréscimo expressivo do ramo Vida, com 24,2%”, para mais de 5,14 mil milhões de euros, sendo que os ramos Não Vida apresentaram um aumento de 0,3%.
Nos ramos Não Vida, os custos com sinistros “apresentam um valor praticamente semelhante ao do final do terceiro trimestre de 2019”, refere o relatório explicando que as empresas nacionais representam 93,3% dos custos com sinistros registados pelo mercado.
Comparando o 3º trimestre com o precedente, as taxas de sinistralidade cresceram “nos segmentos automóvel e acidentes de trabalho”, observando-se “evolução oposta no segmento incêndio e outros danos, sendo que se verifica um movimento de convergência para a manutenção da taxa de sinistralidade global do mercado dos ramos Não Vida”, lê-se no relatório trimestral da ASF.
No rácio “Custos com Sinistros / Prémios Brutos Emitidos”, o indicador diminuiu 7,9 pontos percentuais nas coberturas de Acidentes de Trabalho, situando-se em 73,2% (81,1% em setembro de 2019), descendo de 68,4%, para 63,7% no seguro doença entre setembro de 2019 e igual mês de 2020. No mesmo sentido, no ramo automóvel, o rácio “Custos com Sinistros / Prémios Brutos Emitidos” diminuiu para 65,1%, contra 73,2% um ano antes. A contrariar a tendência, o ramo Incêndio e outros Danos viu o rácio subir dos 39,2% em setembro de 2019, para os 50,2% em igual mês de 2020.
Quanto às provisões técnicas, cujo valor ascendeu a 44,63 mil milhões de euros, apresentaram uma diminuição de 4% face ao final de 2019, embora com acréscimo para não Vida, para um total próximo de 3,2 mil milhões de euros. As provisões técnicas afetas a seguros PPR ascendiam a cerca de 17,6 mil milhões de euros, valor que representa uma redução de 5,4% face ao final de 2019.
No mesmo período, o valor das carteiras de investimento das empresas de seguros sob supervisão prudencial da ASF totalizou cerca de 51 mil milhões de euros, representando um decréscimo de 3,9% face ao final do ano anterior. No final do terceiro trimestre de 2020, a composição mantinha-se praticamente sem alteração, predominando as obrigações (públicas e de entidades privadas), seguido de ações e a varificar-se ligeiro incremento em fundos de investimento e numerário e depósitos.
O rácio de cobertura do Requisito de Capital de Solvência (SCR) – medida do montante de fundos próprios necessários para a absorção das perdas resultantes de um evento de elevada adversidade (VaR 99,5%, um ano) e que resulta da agregação das cargas de capital relativas aos vários riscos a que as empresas de seguros se encontram expostas – foi de 173%, representando “uma diminuição de seis pontos percentuais face ao final de 2019”.
Por fim, de acordo com o REAS 3T2020, o rácio de cobertura do Requisito de Capital Mínimo (MCR) – nível mínimo de fundos próprios abaixo do qual se considera que os tomadores de seguros, segurados e beneficiários ficam expostos a um grau de risco inaceitável – foi de 496%, a registar incremento de um ponto percentual, face ao final do ano anterior, situando-se acima dos 500% na atividade Vida e no intervalo 460%-470% para não Vida.
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