O que já se sabe sobre o plano de vacinação contra a Covid de Portugal

O plano nacional de vacinação contra o coronavírus vai ser conhecido esta quinta-feira, mas alguns detalhes já são conhecidos. Veja o que se sabe até agora.

O Governo vai apresentar esta quinta-feira o plano nacional de vacinação contra a coronavírus, mas alguns detalhes são já conhecidos. Sabe-se que estão a caminho 22 milhões de doses de vacina e que estas devem chegar logo no início de janeiro. Mas há ainda muitas perguntas sem resposta, que só são conhecidas hoje. Veja o que já se sabe.

Nove meses depois de a pandemia ter “explodido” em todo o mundo, incluindo no país, tem sido uma corrida contra o tempo na procura por uma vacina capaz de combater a doença. Numa altura em que Portugal tem registado máximos diários de infeções e mortes, são várias as farmacêuticas que dizem já ter desenvolvido uma vacina contra o coronavírus.

O tempo passa e aumenta a pressão para trazer uma vacina e as primeiras doses chegam a Portugal dentro de um mês. Antes disso, é preciso definir os detalhes do plano nacional de vacinação, que vai ser apresentado esta quinta-feira pelo Governo. Mas Luís Marques Mendes já levantou o véu quanto a alguns detalhes, no seu comentário semanal na Sic, assim como a ministra da Saúde. Saiba quais são.

  • 22 milhões de vacinas a caminho

“Haverá vacinas para todos os portugueses”, garantiu Luís Marques Mendes este domingo, no seu espaço habitual de comentário na SIC. De acordo com o advogado, Portugal vai receber 22 milhões de doses da vacina: 4,5 milhões da Pfizer/BioNTech, 6,9 milhões da AstraZeneca/Universidade de Oxford, 4,5 milhões da Johnson&Johnson, 1,9 milhões da Moderna e quatro milhões de doses da CureVac.

  • Primeiras vacinas a chegar são da Pfizer

Luís Marques Mendes garantiu que a vacina da Pfizer e da BioNTech será “a primeira a chegar a Portugal”, num “fornecimento gradual entre janeiro e setembro de 2021”. Esta quarta-feira, a própria Pfizer Portugal confirmou que as suas vacinas chegam ao país a 1 ou 2 de janeiro. “O que temos estimado nos nossos planos é que, assim que aprovada, e sabendo nós quais são os pontos de vacinação onde temos de fazer chegar as vacinas, no máximo em três dias teremos as vacinas nos locais designados”, disse Susana Castro Marques, diretora médica da Pfizer Portugal, em declarações à RTP.

A responsável notou que está a faltar a aprovação do regulador europeu, cuja reunião para esse efeito acontece a 29 de dezembro e que, se tudo correr bem, a vacina da Pfizer poderá chegar a Portugal no máximo em três dias, ou seja, a 1 ou 2 de dezembro.

Depois da Pfizer, é a vez de a Moderna trazer a sua vacina para território nacional. De acordo com Luís Marques Mendes, esta carga chegará a Portugal “entre fevereiro e o fim de 2021”. “Relativamente às demais, ainda não há calendário definido”, disse, referindo, contudo, que “quando começarem a ser distribuídas, chegarão a Portugal ao mesmo tempo do que qualquer outro país da União Europeia”.

  • Uma ou duas doses? Depende da farmacêutica

As vacinas das várias farmacêuticas diferem no preço (pago por cada país), nas formas de armazenamento e na toma. As vacinas da Pfizer, Moderna e AstraZeneca necessitam de duas doses, tomadas entre períodos de 21 a 28 dias (três a quatro semanas), enquanto a da Johnson&Johnson “será tomada, em princípio, numa só dose”.

  • Vacinas serão universais e gratuitas

“Será obviamente uma vacinação universal, gratuita, facultativa e a realizar no Serviço Nacional de Saúde”, revelou a ministra da Saúde esta quarta-feira. António Costa já tinha prometido em agosto, quando autorizou a compra de 6,9 milhões de vacinas contra a Covid-19 que o processo de vacinação seria assim. “Confiamos que a DGS defina os critérios que devem obedecer à vacinação progressiva, universal e gratuita da população portuguesa para assegurar a imunização”, disse o primeiro-ministro.

  • Idosos incluídos nos grupos prioritários

Entre os cidadãos prioritários na toma da vacina, vão estar os idosos, os residentes e profissionais de lares. Seguem-se os profissionais de saúde, forças de segurança e agentes da proteção civil. António Costa, em entrevista ao Observador, fez questão de sublinhar que os critérios para definir as prioridades “não são políticos”. “Têm de ser critérios definidos pelos técnicos”. Ainda assim, estabeleceu limites: “A ideia que estava a ser passada de que vamos prescindir de uma parte da população e que os mais de 75 anos deixaram de ser prioritários é politicamente inaceitável”, frisou António Costa.

  • Vacinas administradas inicialmente nos centros de saúde

Segundo Luís Marques Mendes, numa primeira fase, as vacinas serão administradas exclusivamente nos centros de saúde. “Não haverá nesta fase vacinas nas farmácias”, sublinhou, referindo que, após a administração nos centros de saúde, poderá, no entanto, haver pontos de vacinação “em pavilhões de campanha”, seguindo “o modelo alemão”. Questionada sobre se seria esta a estratégia, Marta Temido frisou que a vacina será administrada no SNS. “Admitimos que no primeiro trimestre tenhamos ainda alguma escassez de vacinas, que justificaram a seleção de grupos de populações-alvo ou prioritárias, em Portugal e nos outros países. Depois, teremos cenários de maior disponibilidade de vacinas no mercado que levarão a outras soluções. Num cenário extremo, de final do ano, é equacionável que haja uma distribuição muito mais descentralizada do que num momento inicial”, disse.

Uma fonte da Direção Geral de Saúde já tinha avançado ao Público que “as vacinas vão ser enviadas para os serviços farmacêuticos das Administrações Regionais de Saúde, que depois as distribuem pelas unidades dos centros de saúde do país”. O presidente da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar, Diogo Urjais, alerta, contudo, para o facto de os centros de saúde não disporem de equipamentos para conservar as vacinas, “porque nunca foi necessário conservar nada a uma temperatura tão baixa”, e diz ser “impensável ter tantas pessoas em simultâneo nestes espaços”. Em declarações ao Expresso, o responsável sugere que a solução pode passar por deslocar enfermeiros para quartéis de bombeiros e criar brigadas móveis em localidades mais isoladas.

  • Vacinas armazenadas em local secreto e geridas pelo SNS

As vacinas serão totalmente geridas pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) e armazenadas em locais que não serão revelados, “por questões de segurança”, disse Marques Mendes. Haverá um “armazenamento central único”, mas também armazenamentos regionais nas administrações regionais de saúde e nos Açores e Madeira, bem como armazenamentos em agrupamentos de saúde.

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