Portugueses fizeram grandes compras depois do confinamento. Carros brilham
Após o adiamento da compra de bens duradouros, os consumidores compraram-nos no terceiro trimestre, especialmente carros. Tal ajudou à recuperação da economia, assim como a exportação de bens.
Mais de dois terços da recuperação da economia no terceiro trimestre deveu-se à recuperação do consumo privado com os portugueses a gastarem entre julho e setembro aquilo que não conseguiram durante o primeiro confinamento. Isso é visível nos dados do PIB divulgados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE): a aquisição de bens duradouros, que tende a cair em momentos em crise, recuperou durante o verão de tal forma que cresce face ao terceiro trimestre de 2019, principalmente por causa da compra de carros.
A economia portuguesa recuperou 13,3% no terceiro trimestre face ao segundo trimestre, mantendo uma quebra de 5,7% face ao mesmo período do ano passado. Esta recuperação deve-se principalmente à melhoria da procura interna, a principal componente do PIB, de onde se destaca o consumo privado e o consumo público. Este último também já cresce em termos homólogos com a prestação de mais serviços públicos, após o fecho de alguns durante o primeiro confinamento.
No caso do consumo privado, o desempenho não foi igual em todas as componentes. A compra de bens alimentares manteve-se em alta mesmo durante o confinamento, intensificando até o crescimento. Tal como o ECO escreveu, esta componente chegou mesmo a registar a maior subida desde 1999 numa altura em que os consumidores estavam limitados nas idas aos restaurantes e em que houve corridas aos supermercados.
Já os bens não duradouros e serviços — que são a maior componente dentro do consumo privado — desceram 12,5% no segundo trimestre, mas já recuperaram 10,8%, contribuindo de forma decisiva para a recuperação da economia. Tal reflete o fim do confinamento mais apertado que vigorou em março, abril e parcialmente em maio, o que também foi visível nas transações feitas com recurso ao multibanco.
Um comportamento mais oscilante tiveram os bens duradouros: afundaram 22,5% em cadeia no segundo trimestre numa altura em que a venda de carros novos baixou 64% (de acordo com os cálculos do ECO com base no dados da ACAP), mas recuperaram em força (40,2% em cadeia) no terceiro trimestre com a venda de carros a apresentar uma queda homóloga de apenas 8,6%.
Assim, em termos homólogos, as despesas dos portugueses em bens duradouros aumentaram 2,1% face ao terceiro trimestre de 2019, “observando-se uma variação homóloga menos negativa das aquisições de veículos automóveis no terceiro trimestre face ao observado no trimestre anterior”, nota o INE no destaque divulgado esta segunda-feira.
Mas nem só de consumo interno se fez a recuperação do terceiro trimestre. A economia portuguesa também beneficiou de um crescimento significativo das exportações com a retoma gradual do comércio internacional, o que não foi totalmente acompanhado pelas importações: após uma queda em cadeia de 37% no segundo trimestre, as exportações de bens e serviços cresceram 38,9% no terceiro trimestre face ao trimestre anterior. Já as importações aumentaram 26,5%, depois de terem registado uma queda de 29,2%.
Tal deveu-se “sobretudo à evolução das exportações de bens”, assinala o gabinete de estatísticas, uma vez que as exportações de turismo continuam condicionadas pela pandemia, o que é bem visível pela queda de 9,4% do consumo privado no território económico (inclui residentes e não residentes).
Por fim, o investimento também recuperou com escoamento de stocks, a recuperação do equipamento de transporte e o contínuo crescimento do setor da construção. Este setor continua, aliás, a ser o único que registou um crescimento homólogo no VAB (Valor Acrescentado Bruto), resistindo para já à crise pandémica (pelo menos nesta ótica).
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