PSD critica “esperança contemplativa” de Costa
A mensagem de Natal de António Costa revela falta de "ambição e futuro", denuncia André Coelho Lima. Oposição unânime nas criticas ao primeiro-ministro.
O PSD considera que a mensagem de Natal de António Costa “define bem” a “forma paradigmática” de governar do atual executivo pela ausência de palavras de “ambição e futuro”, disse o vice-presidente dos sociais-democratas, André Coelho Lima. “Não houve uma palavra de ambição. Não houve uma palavra de futuro. Esta mensagem é de tal forma paradigmática que o senhor primeiro-ministro se esqueceu que Portugal terá dentro de cinco dias a tarefa honrosa que vai por os olhos da Europa sobre nós que é a de presidir à União Europeia (UE). Essa tarefa não mereceu uma única palavra”, disse André Coelho Lima.
Para o PSD, a mensagem de Natal de António Costa “define bem o que é este Governo e a sua forma de governar”, porque foi focada na palavra “esperança”, mas ofereceu ao país uma “esperança contemplativa”.
“É curioso que [o primeiro-ministro] escolhe a palavra ‘esperança’ sem ser acompanhada de futuro. É uma esperança contemplativa. Uma manifestação absolutamente paradigmática da forma de governar deste Governo e muito particularmente deste primeiro-ministro”, vincou o vice-presidente dos sociais-democratas.
Em declarações aos jornalistas, na sede do PSD, no Porto, André Coelho Lima disse que Costa “teve o cuidado de situar a ‘esperança’ em três circunstâncias”, mas enumerou-as uma a uma para concluir que todas são alheias à atuação do executivo socialista de António Costa.
“Falou da passagem para o novo ano, que é uma circunstância que depende apenas do calendário. Falou da vacina [para a covid-19], que é algo que depende da investigação científica e tecnológica. A nós compete-nos apenas fazer competentemente um plano de vacinação. E o que o senhor primeiro-ministro chamou de solidariedade reforçada da UE, os fundos extraordinários que virão para Portugal e restantes países europeus”, analisou o vice-presidente do PSD.
O deputado único da Iniciativa Liberal (IL) defendeu hoje que “Portugal precisa de um primeiro-ministro (PM) bom e não apenas de um PM bonzinho”, reagindo à mensagem de Natal do chefe do Governo minoritário socialista, António Costa.
Iniciativa Liberal: Portugal precisa de um PM bom e não “bonzinho”
“Portugal precisa de um primeiro-ministro bom (capaz de garantir um plano de vacinação sólido e ambicioso e um caminho de recuperação que não dependa só do Estado) e não apenas um primeiro-ministro bonzinho (focado na gratidão e solidariedade a tantos a quem o Governo falhou). Assim fica difícil ter esperança”, declarou João Cotrim Figueiredo.
“Uma mensagem de esperança implica ter um bom plano de vacinação, não apenas palavras. Uma mensagem de esperança implica ter ideias concretas para a retoma económica e não estar apenas dependente de dinheiro europeu. O Governo não dá qualquer confiança de que será capaz de implementar um plano de vacinação, nem medidas económicas que permitam a retoma social e económica do país”, apontou Cotrim Figueiredo.
O parlamentar da IL lamentou que “as principais figuras do Estado” considerem que “o futuro dos portugueses se resolve apenas com expressão de afetos”. “Uma mensagem de Natal deve sobretudo apontar para o futuro e dar esperança, infelizmente não se ouviram novas soluções, apenas o mesmo caminho cujos resultados não têm criado condições para progresso. Temos um Governo que não confia nos portugueses. Um Governo que não acredita e não dará condições à iniciativa privada”, lamentou.
CDS: Governo em fim de ciclo
O vice-presidente do CDS-PP Miguel Barbosa sentenciou hoje o “fim de ciclo” do Governo minoritário socialista dirigido por António Costa, ao comentar a mensagem de Natal do chefe do executivo. “António Costa serviu-nos hoje, em dia de Natal, um Governo em fim de ciclo e sem qualquer capacidade para contagiar de esperança os portugueses. O Natal de 2020 é marcado por uma angústia profunda em que centenas de milhar de portugueses vivem o Natal do seu descontentamento, sem direito a espírito nem ‘milagre de Natal'”, afirmou.
Segundo o dirigente democrata-cristão, “a mensagem de António Costa desfia lamentos e acrescenta desalento ao sofrimento”.
Sobre o plano de vacinação anticovid-19, Miguel Barbosa mostrou preocupação pela “opção preferencial pelos centros de saúde, em alternativa a centros de vacinação em larga escala”, pela “ausência de um plano de comunicação agressivo de sensibilização da população para aderir à vacinação”, questionando ainda “o porquê de os profissionais de saúde do setor privado não estarem incluídos na primeira fase de vacinação”.
“O CDS defende claramente um maior envolvimento das Forças Armadas em todo o plano de vacinação e no combate à pandemia em geral”, acrescentou.
PCP: O que faltou foi anunciar contratações para o SNS
O dirigente comunista João Frazão sublinhou a falta do anúncio de mais contratações para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou de políticas de rutura na mensagem de Natal da véspera do chefe do Governo, António Costa. “O que faltou ao primeiro-ministro (PM) foi anunciar a contratação dos profissionais de Saúde em falta, para o que tem, por proposta do PCP, cabimento no Orçamento do Estado. O que faltou foi anunciar a rutura com as políticas que criaram os problemas estruturais que ficaram agora expostos com a pandemia”, declarou.
“A dificuldade está em passar do reconhecimento dos profissionais do SNS, que deram uma notável resposta até agora, para a valorização concreta das suas carreiras e profissões. A dificuldade está em passar da solidariedade com o sofrimento de quem perdeu o seu emprego para a defesa concreta de empregos e salários, em passar da preocupação com a economia para a defesa da produção nacional”, defendeu Frazão.
“Certamente não fizemos tudo bem e cometemos erros, porque só não erra quem não faz”, admitiu Costa, prometendo não regatear esforços para combater a pandemia e aliviar o sofrimento dos portugueses.
BE: Governo tem de passar das palavras aos atos
O deputado Moisés Ferreira, do BE, disse que “só palavras não chegam” e instou o primeiro-ministro a traduzir os agradecimentos da mensagem de Natal “em atos” como a contratação “imediata” dos precários do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Só palavras não chegam. As palavras têm de ter uma tradução em atos que têm de ser consequentes. Reconhecer a importância dos profissionais da saúde, em particular do SNS, e depois não traduzir em atos é manifestamente insuficiente”, disse Moisés Ferreira.
Num ano marcado pela pandemia de Covid-19, e quando fazia uma reação à mensagem de Natal de António Costa, também centrada na crise pandémica, o deputado bloquista referiu que Portugal “não pode ter um SNS com milhares de trabalhadores com contratos de quatro meses precários” e, ao mesmo tempo, um “Governo que se recusa a mexer no que quer que seja das carreiras dos profissionais da saúde, mas lhes agradece”.
Moisés Ferreira também falou do plano nacional de vacinação contra a covid-19, que arranca no domingo, apontando que “é bom” que comece este ano, mas tratando-se de um “processo que vai demorar muitos meses”, período durante o qual ter-se-á de conciliar “a vacinação com a resposta à covid-19, bem como a atividade programada e todas as outras doenças”, faltou a António Costa anunciar um reforço do SNS.
O deputado do BE deixou, ainda, notas sobre as medidas do Governo para fazer face à crise sanitária, económica e social do país, considerando que Costa promete “não regatear esforços” para ultrapassar a crise, mas “já tem regateado esses esforços”.
“Há apoios que continuam a não chegar a quem precisa desses apoios. Por exemplo, profissionais a recibos verdes que estão há meses sem rendimento ou à espera de uma resposta da Segurança Social. O que se espera também é que depois de anunciar que não regateará esses esforços, então que não continue a insistir nos mesmos erros que é de não ter apoios que chegam às empresas, pessoas e trabalhadores”, disse Moisés Ferreira.
PAN: Costa está em “confinamento político”
O porta-voz do PAN, André Silva, afirmou que o primeiro-ministro, António Costa, está em “confinamento político”, além do isolamento profilático pela pandemia de covid-19, por esquecer as “pontes” com outros partidos.
“O primeiro-ministro fez o discurso em confinamento político, uma vez que, sabendo que não reúne uma maioria absoluta no parlamento, continua a assumir o discurso oficial do PS como único caminho possível e parece já ter esquecido as pontes com outras forças políticas lançadas em sede do último orçamento do Estado”, lamentou, em reação à mensagem de Natal do chefe do executivo.
Segundo o deputado do partido Pessoas-Animais-Natureza, Costa “parece falar de um país que só existe no discurso oficial” e que não se vê “nas ações práticas do Governo e do PS”.
“A gratidão expressa-se, acima de tudo, em ações, e as palavras do primeiro-ministro só têm significado se forem acompanhadas de medidas concretas que toquem a vida das pessoas”, defendeu André Silva.
Chega: Costa imitou Marcelo com mensagem “vazia”
O presidente do Chega acusou o primeiro-ministro, António Costa, de protagonizar uma mensagem de Natal “vazia”, só com afetos, à imagem do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. “O que fica é uma mensagem vazia, supérflua, sem qualquer conteúdo político real, de um Governo minoritário, provavelmente a chegar aos últimos tempos da sua governação. António Costa quis fazer uma espécie de exercício à Marcelo Rebelo de Sousa, transmitir afetos, vazios, sem qualquer sustentabilidade em termos de medidas e isso é muito errado num primeiro-ministro”, disse André Ventura.
O também candidato presidencial do Chega afirmou que Costa “quis transmitir esperança e acabou por transmitir mais preocupação” aos cidadãos portugueses.
“Não foi capaz de, para lá dos afetos, explicar coisas que aos portugueses interessavam como a vacinação, o plano de apoio aos setores mais fragilizados como comércio, restauração e turismo”, lamentou.
“Veio dizer que tem esperança, que 2021, provavelmente, será um ano de ultrapassagem de alguns problemas, mas não conseguiu dizer porquê nem em que é que o Governo contribuirá para isso”, criticou o deputado único do partido da extrema-direita parlamentar.
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