Centeno diz que Portugal está focado em superar expectativas do mercado

  • ECO
  • 3 Março 2021

Em entrevista a uma revista internacional, Centeno foi questionado sobre a presença de muitos ex-ministros no BCE. O ex-ministro português vê isso com naturalidade e não uma ameaça à independência.

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, defendeu em entrevista à revista Central Banking que o governo português continua comprometido em controlar as contas públicas e está focado, inclusivamente, em “superar as expectativas do mercado”, mas sem prejudicar a “tão necessária” resposta à crise pandémica.

Segundo Centeno, Portugal deverá fechar 2020 com um défice “claramente abaixo de 7% do PIB”, um resultado melhor do que a estimativa de outubro e que mostra o compromisso do país.

Portugal está preparado para continuar a superar as expectativas do mercado e agir de acordo com a disciplina de mercado. O governo está bastante focado nisso [na disciplina de mercado], sem comprometer o tão necessário apoio à economia”, referiu o ex-ministro das Finanças, depois de questionado sobre se receia que a política de compra de ativos do Banco Central Europeu (BCE) possa enfraquecer a disciplina de mercado do país, dificultando a reconstrução dos “amortecedores orçamentais”.

Foram vários os pontos abordados nesta entrevista à revista Central Banking. Desde a bazuca europeia, com Centeno a sublinhar que os fundos europeus serão importantes para Portugal e que o “verdadeiro desafio é a necessidade de alocar corretamente os recursos, preservando a competição entre as empresas”.

"Portugal está preparado para continuar a superar as expectativas do mercado e agir de acordo com a disciplina de mercado. O governo está bastante focado nisso, sem comprometer o tão necessário apoio à economia.”

Mário Centeno

Governador do Banco de Portugal

Até às moratórias bancárias: “A crise está a ter consequências assimétricas em todos os setores económicos, e poderá ser necessário uma abordagem mais direcionada à moratória. Tudo isso deve ser implementado de acordo com as condições económicas vigentes após o verão”.

Muitos ex-ministros no BCE? É um “fenómeno natural”

Outra questão levantada pela revista foi a presença de muitos antigos ministros das Finanças no conselho de governadores do BCE e a ameaça que isso pode representar para a independência do banco central.

Centeno é um desses exemplos, depois de ter trocado no verão do ano passado o ministério do Terreiro do Paço pelo Banco de Portugal, tendo lugar no conselho de governadores da autoridade monetária europeia. A lista de ex-ministros inclui ainda Christine Lagarde, Olli Rehn e Luis de Guindos. A independência do BCE está ameaçada?

Centeno diz que não e que essa situação deve ser encarada com naturalidade. “Todos os membros do conselho de governadores que mencionou desempenharam altos cargos nas suas carreiras profissionais. Todos têm experiência muito relevante no governo e ou no setor privado, em instituições nacionais e internacionais. A presença de antigos ministros no conselho de governadores deve ser encarada como um fenómeno natural. Isso aconteceu com frequência no passado”, lembrou o governador do Banco de Portugal.

“Se recuarmos dez anos e contarmos o número de antigos ministros, não devemos encontrar diferenças substanciais em relação à atual situação. Esta situação não ameaçou a independência do banco central no passado e nem ameaçará hoje”, garantiu.

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