Setor de seguros é frágil no reporte sobre o clima, diz Fundo soberano da Noruega

  • ECO Seguros
  • 3 Março 2021

O fundo que gere a riqueza petrolífera da Noruega avaliou o que 1521 empresas, de diversos setores e países, divulgam sobre a questão ambiental. Os seguros estão entre setores com reporte mais fraco.

O escrutínio e classificação são do Norges Bank Investment Management (NBIM), divisão do banco central da Noruega a quem cabe gerir o Fundo de Pensões do país, comummente designado fundo petrolífero ou Fundo soberano da Noruega. Paralelamente ao relatório anual de 2020, a instituição nórdica publicou o seu 7º relatório sobre Investimento Responsável, um extenso documento que avalia a sustentabilidade da carteira de investimentos do Government Pension Fund Global.

Nesse relatório, a entidade que gere o fundo municiado em cerca de 1,04 bilião de euros (1,3 trillion USD), em valor de mercado, detendo participações acionistas em 9100 empresas distribuídas pelo mundo e é considerado um dos maiores investidores mundiais em obrigações, ações e ativos imobiliários, considera que as empresas “estão a melhorar a forma como relatam o seu impacto nas alterações climáticas”.

Em 2020, de um universo superior a 1500 empresas avaliadas quanto à informação que divulgam sobre as questões do Ambiente, o NBIM conclui que 42% apresentou relatórios “muito bons” e 24% tinha “bons relatórios”. Em geral, “vimos melhores relatórios sobre risco, governance e processos de gestão do que em estratégias e métricas”, mas ainda existe desfasamento no “nível de relatórios climáticos tanto entre empresas como indústrias”, observa o investidor global.

De acordo com o documento do fundo soberano da Noruega, empresas de telecomunicações, bens de consumo pessoal e doméstico, e os cuidados de saúde apresentaram, em geral, os melhores reportes sobre a questão das alterações climáticas. Já a os relatórios de companhias de seguros, materiais de construção, construção civil, petróleo e gás e bens e serviços industriais mostraram-se “geralmente mais fracos”.

Cerca de 17% das empresas relataram informação em conformidade com as recomendações e standards internacionais, sendo que 48% das empresas avaliadas declararam que realizam análises utilizando diferentes cenários climáticos, o que representa um aumento de 13 pontos percentuais em relação a 2019. Por outro lado, o número de empresas que assumem objetivos de redução de emissões aumentou para 67%.

Há anos que o fundo norueguês vem exigindo (das suas participadas) a prestação de informação mais completa sobre o clima e relativamente ao impacto da respetiva atividade nas alterações climáticas, constituindo-se como referência internacional na defesa de normativos em questões ESG (Environmental, Social and Governance).

Segundo indica o Responsible Investment 2020 no capítulo dedicado ao clima (acessível em língua inglesa), o fundo norueguês avaliou a divulgação feita por 1521 empresas de 19 setores de atividade, nomeadamente automóvel, materiais básicos, químicos, construção e materiais de construção, bancos, serviços financeiros, seguros, bens imobiliários, alimentação e bebidas, bens de consumo pessoal e domésticos, tecnologia, comércio retalhista, cuidados de saúde, meios de comunicação, telecomunicações, bens e serviços industriais, petróleo e gás, produção e distribuição de energia, e viagens e lazer.

Entre outros, os critérios de análise à qualidade do reporte não financeiro, capítulos relativos às questões ESG, focaram-se no papel dos conselhos de administração, nos processos para enfrentar os riscos climáticos e as oportunidades, na utilização de cenários e planeamento para mitigação de riscos climáticos, métricas climáticas, tais como redução e emissão de gases com efeito de estufa e nas metas relacionadas, tendo também sido verificado se os reportes sobre o clima estão em conformidade com as recomendações TCFD (Task Force sobre Divulgações Financeiras relacionadas com o clima), um acervo que o Financial Stability Board (FSB) publicou em junho de 2017, por ocasião da Conferência de Paris (COP21), após esforço de quase uma década sob impulso do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP).

Na introdução ao relatório, a entidade norueguesa afirma que, como maior acionista do mundo, esteve presente em cerca de 2900 reuniões de administração de empresas ao longo de um ano que, por causa da pandemia, as organizações foram postas à prova. Tendo participado nas votações de mais de 121 mil resoluções em assembleias de acionistas, o NBIM passou a publicar uma explicação sempre que votou contra as decisões ou recomendações das administrações das participadas.

Segundo informação disponível no site do Norges Bank, o fundo norueguês detém cerca de 370 milhões de euros em títulos de dívida portuguesa, dos quais 282,6 milhões são em Obrigações do Tesouro (dívida do Estado), repartindo-se o restante por papel de emissões da CGD, Montepio e Parpública (holding que gere as participações do Estado). Também é acionista da EDP – Energias de Portugal, detendo cerca de 1,9% do capital da companhia portuguesa.

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