“Estamos numa situação francamente pior”, alerta Rui Rio
O Presidente da República reuniu esta terça-feira com os partidos com assento parlamentar para discutir a renovação do estado de emergência, que termina a 15 de abril.
O Presidente da República deverá propor a renovação do estado de emergência até ao final de abril, mantendo as restrições atualmente em vigor, que vigoram até 15 de abril. Medidas serão conhecidas no decreto presencial enviado à Assembleia da República, depois de ouvidos todos os partidos.
Esta terça-feira, Marcelo Rebelo de Sousa reuniu com os partidos com assento parlamentar para discutir o prolongamento do estado de emergência, o 15º desde o início da pandemia, depois de esta manhã especialistas e partidos terem participado na reunião do Infarmed.
O Chefe de Estado já disse que espera que este seja o último estado de emergência. “Se me perguntam o que eu mais desejaria, eu desejaria que fosse a última renovação do estado de emergência, coincidindo com o fim do mês de abril. Verdadeiramente, era a minha vontade. E penso que é a vontade de todos os portugueses“, afirmou aos jornalistas, durante uma visita a um centro social, na passada quinta-feira. A confirmar-se, o novo estado de emergência deverá arrancar às 00h00 da próxima sexta-feira, 16 de abril, e terminar às 23h59 de 30 de abril.
“Dados positivos justificam continuação do desconfinamento”, diz Iniciativa Liberal
“Os dados são positivos e justificam a continuação do desconfinamento”, disse João Cotrim Figueiredo, em declarações transmitidas pela RTP3, após a audiência com o Presidente da República. Nesse sentido, os liberais defendem que “está na altura de Portugal retomar a sua vida”, alertando, no entanto, que é preciso dar “urgência” ao plano de vacinação. Questionado sobre o facto de esta poder a vir a ser a última renovação do estado de emergência, João Cotrim Figueiredo disse que Marcelo Rebelo de Sousa “não se comprometeu”.
Ao mesmo tempo, a IL anunciou que tenciona pedir a reapreciação do diploma já promulgado pelo Presidente da República relativo ao teletrabalho, justificando que os estudos demonstram que há vários portugueses com “grande dificuldade em cumprir as medidas em relação ao teletrabalho”, considerando até que a obrigatoriedade do teletrabalho “não tem cobertura constitucional”. Nesse sentido, o deputado único da IL diz que está a contactar outros partidos para obter o apoio necessário à revisão.
“Um país que possa estar desconfiando não precisa de estado de emergência”, diz BE
À esquerda, o Bloco de Esquerda (BE) defende que “um país que possa estar desconfiado é um paiís que não precisa de estado de emergência”, pelo que partido considera que este regime de exceção não “deve ser banalizado” e só “deve continuar se houver medidas a aplicar”, disse Catarina Martins, após a audiência com o Presidente da República.
Ao mesmo tempo, os bloquistas destacam a “importância da vacinação”, apelando a que haja “um esforço” para se ultrapassar os atrasos nas entregas, bem como para “se produzir mais vacinas”. Além disso, a coordenadora do BE considera “irresponsável” a forma como tem sido geridos os “efeitos secundários das vacinas”, já que até agora “não existe nenhum risco acrescido da administração” de uma determinada vacina relativamente a outras ou em “ser ou não se ser vacinado”, “É nossa responsabilidade que haja uma política estável sobre vacinação e que não se crie alarmismos”, apontou.
“É preciso tomar medidas alternativas ao confinamento”, diz PCP
Do lado do PCP, Jerónimo de Sousa defende que “a solução não pode ser insistir no fecho de atividades” e apontou que “é preciso tomar as medias alternativas ao confinamento”, garantido a segurança dos portugueses. “A opçao não pode ser confina, desconfia e volta a confinar”, assinala.
Ao mesmo tempo, o líder do PCP diz que é importante garantir que o plano de vacinação avance “sem mais sobressaltos”, pedindo ao Governo “resposablidade na organização do processo” e que contrate profissionais, ao invés de “empurrar” a responsabilidade para as autarquias. Além disso, Jerónimo de Sousa diz que Portugal corre o risco de ver “o processo de vacinação em causa se se mantiver agarrado às decisões da União Europeia”.
PEV quer planos para “tornar as rotinas seguras”
Do lado PEV, Mariana Silva assinala também que “os dados positivos” demonstram que Portugal pode “passar para outra fase do desconfinamento”, mas alerta que é necessário fazê-lo em segurança. “Como é óbvio haverá mais mobilidade e, por isso, é necessário rastrear, testar e isolar os casos”.
Depois de terem tido as garantias por parte dos especialistas na reunião do Infarmed de que os estabelecimentos de ensino são “espaços seguros”, o PEV propõe que se aplique as medidas de contenção em todos os locais públicos onde haja circulação de pessoas. “Vamos aplicar planos nos locais de trabalho, teatros, centros de saúde, espaços públicos, em todos os locais onde temos que circular para tornar as nossas rotinas seguras“, apelou a deputada. Nesse contexto, o PEV diz que não é a “favor da declaração do estado de emergência”. Por fim, o partido reitera que é necessário comprar “vacinas de outros fornecedores” para acelerar o rtimo de vacinação, que consideram estar “a passo de caracol”.
“Estamos numa situação francamente pior”, alerta Rui Rio
O líder do PSD admite que Portugal está numa situação “francamente pior”, tendo em conta que “na última sessão do Infarmed eram precisos 30 dias para reduzir os casos para metade e agora são precisos 30 dias para duplicar os casos”, destaca o líder do PSD.
Por outro lado, o líder do PSD admite que “se o plano de vacinação for cumprido, na primeira semana de junho poderemos ter todos os portugueses maiores de 60 anos vacinados e isso quer dizer que conseguimos vacinar 96% das mortes em Portugal, tendo em conta que até à data 96% dos óbitos eram pessoas com mais de 60 anos. Se todas essas estiveram vacinadas estamos salvaguardados”, afirma Rui Rio.
Rui Rio aprova a renovação de mais um estado de emergência e defende o desconfinamento não global. O líder do PSD destaca que devem manter-se as medidas restritivas nos concelhos em situação de risco mais elevado e também nos concelhos que fazem fronteira com os mesmos. Para além das medidas restritivas defende mais testagem e controlo dos aeroportos.
“Não continuar o desconfinamento global nos concelhos que estão com os indicadores de risco mais elevados e nos concelhos que têm fronteiras com esses concelhos. Os concelhos com risco mais elevado e os concelhos que estão à volta não devem desconfinar enquanto não tiverem os indicadores de risco num plano aceitável. Caso contrário se não travar aí daqui a um mês ou dois estamos ter que travar o país todo outra vez“, destaca Rio Rui.
PS admite que “índice de transmissibilidade vai continuar a crescer”
À semelhança do PAN, PSD e CDS, o PS manifestou o apoio à renovação do estado de emergência para os próximos 15 dias. Esta posição prende-se pelo partido considerar que “há riscos que importa acautelar e é que é fundamental que o Governo disponha de instrumentos para adotar as medidas necessárias para fazer face a estes mesmos riscos”, diz o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carvalho.
De acordo com o partido, “estes riscos têm por base a incidência que tem vindo a aumentar, sendo que o índice de transmissibilidade (Rt) tem vindo a crescer em todo o país e é natural que continue a a crescer à medida que decorre o desconfinamento”, alerta o secretário-geral adjunto do PS. Acrescenta ainda os riscos inerentes à variante britânica e sul-africana.
(Notícia atualizada às 19h38 com mais informação)
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