Painel de Riscos dos seguros mantém macroeconomia no “vermelho”

  • ECO Seguros
  • 5 Maio 2021

Os riscos macroeconómicos completaram em abril um ano em nível alto, contaminados pela pandemia. Restantes 5 categorias de riscos medidos pela ASF apresentam grau médio, constante a descendente.

O Painel de Riscos do setor segurador, com informação das variáveis financeiras relativa a 15 de abril de 2021 conjugada com os dados reportados pelas empresas de seguros com referência a 31 de dezembro de 2020, mostra que a conjuntura atual se mantém “condicionada pela evolução da pandemia COVID-19.

O relatório trimestral da Supervisão realça os atrasos na disponibilização de vacinas no seio da União Europeia e o surgimento de novas estirpes mais infeciosas, “que criam pressões adicionais sobre o processo de desconfinamento e prolongam os impactos negativos sobre a atividade económica”, refere a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF).

Painel de Riscos do Setor Segurador – abril de 2021

 

Fonte: Painel de Riscos do Setor Segurador (ASF, abril 2021). Apresentação de ECOseguros.

 

Assim, o relatório – produzido para identificar e medir os riscos e vulnerabilidades do setor na perspetiva da preservação da estabilidade financeira – indica que a categoria de “riscos macroeconómicos permanece no nível alto, embora com tendência inclinada descendente, refletindo as expectativas de recuperação para o ano de 2021 em matéria de crescimento económico e de inflação”.

Ao nível dos riscos de crédito, as políticas monetárias mantêm um papel estabilizador nos mercados financeiros, com a manutenção dos prémios de riscos da dívida pública e privada em níveis contidos.

No âmbito dos riscos de mercado, destaca-se o aumento da volatilidade nos mercados obrigacionistas durante o mês de fevereiro, situação que se reverteu, parcialmente, em março. Assim, ambas as categorias mencionadas mantêm a classificação do Painel anterior.

No que respeita ao risco de liquidez, único com alteração visível face ao trimestre homólogo do ano passado, o rácio de entradas sobre saídas registou um novo decréscimo devido ao contributo negativo do ramo Vida, mantendo-se, assim, a avaliação desta categoria em médio-baixo. Adicionalmente, no final de 2020, “verificou-se um aumento dos resultados líquidos provisórios das empresas de seguros, paralelamente à recuperação dos indicadores de solvência”.

De acordo com a ASF, “estas evoluções favoráveis permitiram assim a revisão da categoria de riscos de rendibilidade e solvabilidade de médio-alto para médio-baixo. Os restantes riscos, designadamente de interligações e específicos de seguros Vida e Não Vida, permaneceram no nível médio-alto, com tendência constante.

Segundo desenvolve a Supervisão no relatório Painel de Riscos (abril 2021), a rendibilidade do setor segurador nacional evoluiu favoravelmente no segundo semestre de 2020, registando-se, face ao ano precedente, um aumento dos resultados líquidos (58,6%) e dos resultados técnicos (63,1%), “evolução muito influenciada por dois operadores que empreenderam medidas extraordinárias de reforço de provisões em 2019”, recorda o documento.

O crescimento observado “permitiu a revisão desta categoria de riscos do nível médio-alto para médio-baixo. Paralelamente, os indicadores de solvabilidade mantiveram a trajetória de recuperação, atingindo-se, no final do ano, um valor do rácio global de solvência superior ao registado em 2019.

Em resultado da situação aferida pela ASF em abril, o painel não regista agravamento face ao diagnóstico de janeiro, apontando até inclinação favorável para “macroeconómicos” e “rendibilidade e solvabilidade,” agora a apontarem tendência descendente.

No âmbito da exploração do ramo Vida, como anteriormente referido, a produção global apresentou uma contração face ao trimestre anterior. Em simultâneo, verificou-se uma “redução da taxa de sinistralidade dos produtos de seguros vida-risco, enquanto a taxa de resgates dos produtos financeiros permaneceu globalmente estável em níveis contidos”.

Nos ramos Não Vida, “verificou-se um incremento, ainda que em ritmo de desaceleração, do valor anualizado dos prémios brutos emitidos”. Ao nível da sinistralidade, no quarto trimestre, “observou-se, de forma geral, uma tendência de subida, em aproximação às taxas registadas no ano precedente, com exceção do seguro Automóvel, onde se verificou nova descida”.

Finalmente, o índice de provisionamento do ramo Doença registou uma quebra significativa após o aumento verificado no trimestre anterior. Nos restantes segmentos principais Não Vida assistiu-se a uma ligeira redução do nível de provisionamento, por efeito da evolução de alguns operadores de maior dimensão.

O Painel de Riscos do setor segurador português, de publicação trimestral, é uma das ferramentas utilizadas pela ASF para a identificação e mensuração dos riscos e vulnerabilidades do setor na perspetiva da preservação da estabilidade financeira, tendo por base um conjunto de indicadores, e considerando 6 categorias de risco: macroeconómico, crédito, mercado, liquidez, rendibilidade e solvabilidade, interligações, específicos de seguros vida e específicos de seguros não vida.

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