Custo dos medicamentos ainda dificulta acesso a saúde para portugueses

A proporção de pessoas que deixou de comprar os medicamentos que necessitava, pelo menos uma vez num ano, cresceu de 11% para 15% na classe socioeconómica mais baixa.

Os custos com medicamentos são das principais dificuldades financeiras de acesso a cuidados de saúde que os portugueses enfrentam, segundo revela um relatório desenvolvido pela Cátedra BPI | Fundação ”la Caixa” de Economia da Saúde. A proporção de pessoas que deixou de comprar os medicamentos que necessitava foi de 15% na classe socioeconómica mais baixa.

Para quem vai ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) com um episódio de doença inesperado, a principal despesa é a comparticipação dos medicamentos prescritos, conclui o relatório “Acesso a cuidados de saúde – As escolhas dos cidadãos 2020”, lançado pela Fundação “la Caixa” e a Nova SBE e elaborado pelo professor Pedro Pita Barros.

Apesar de se destacar nas “barreiras” de acesso, o número de pessoas que não comprou medicamentos que precisava, pelo menos uma vez num ano, melhorou, tendo passado de 10,7% para 5,4% entre 2017 e 2020. Mas é possível observar que há diferenças entre os grupos socioeconómicos, sendo esta uma dificuldade que afeta mais as classes desfavorecidas.

Para resolver esta questão, neste momento, seria necessária uma “boa avaliação do que são as comparticipações e perceber se vale a pena rever” algumas partes do sistema, sinaliza Pedro Pita Barros, em declarações ao ECO. Nos últimos dez anos houve uma descida dos preços de medicamentos nas farmácias comunitárias, pelo que era necessário “perceber em que medicamentos é que as pessoas estão a gastar e as comparticipações” destes.

Seria também necessária uma avaliação mais aprofundada para perceber se o problema se foca no preço de certos medicamentos ou no volume de prescrição. É preciso “perceber melhor qual é o padrão por detrás deste efeito”, sendo que as “medidas adotadas têm sido e deviam ser no sentido de reduzir esta proporção”.

Já a proporção de pessoas que indica ter pedido a substituição de medicamento de marca por genérico tem diminuído ao longo dos anos, apesar de ser ainda de 24,6% em 2020.

O relatório, que recolheu dados entre os dias 23 de Maio e 30 de Junho de 2020, mostra ainda que em 2020 foram identificadas duas novas barreiras de acesso, “o receio de ir ao sistema de saúde por causa da Covid-19, referida por 15% das pessoas, e o cancelamento de um agendamento por iniciativa do prestador, referido por 20% dos entrevistados”, segundo sinaliza o comunicado.

Numa altura em que foram desencorajadas as deslocações desnecessárias, verificou-se também uma “fuga” das urgências hospitalares, públicas e privadas, para outro ponto de contacto. “A proporção de pessoas que referiu a urgência hospitalar como primeiro ponto de contacto com o sistema de saúde caiu de 41,1% em 2019 para 32,2% em 2020 no setor público, e de 5% para 2,1% no setor privado”, sublinham.

Neste sentido, o número de pessoas que escolheu contactar primeiro a linha SNS24 aumentou, passando de 2,82% em 2019 para 5,29% durante o ano passado.

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