TAP avança com despedimento coletivo de 124 trabalhadores

Companhia aérea nacional iniciou esta quinta-feira um processo de despedimento coletivo, que abrange menos 94% dos trabalhadores que estavam previstos inicialmente.

A TAP vai dar início esta quinta-feira ao despedimento coletivo de 124 trabalhadores, decorrente da sua restruturação, informou a empresa num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Trata-se de uma “redução muito expressiva”, admite a companhia aérea portuguesa.

Na sequência da execução do plano de reestruturação, a TAP implementou, entre fevereiro e junho deste ano, um conjunto de “medidas laborais de cariz voluntário e consensual para os seus colaboradores, nomeadamente rescisões por mútuo acordo, reformas antecipadas, pré-reformas, trabalho a tempo parcial, licenças sem vencimento, bem como candidaturas a vagas disponíveis na Portugália”.

Essas medidas tornaram possível que a meta inicial de redimensionamento do plano de reestruturação fosse “ajustada em baixa”, permitindo, assim, que o número de trabalhadores elegíveis para medidas unilaterais fosse reduzido para 124, ou seja, cerca de 94% do número inicialmente previsto (perto de 2.000), refere a empresa na mesma nota.

Assim, serão despedidos 35 pilotos (por comparação com o número inicial de 458), 28 tripulantes de cabina (inicialmente eram 747), 38 trabalhadores da área de manutenção e engenharia (face aos 450 iniciais) e 23 trabalhadores na sede da TAP (eram 300 inicialmente). O processo de despedimento destes trabalhadores deverá estar concluído no último trimestre.

Durante o despedimento coletivo, a TAP vai continuar a oferecer, durante uma fase inicial, “condições semelhantes às oferecidas nas fases voluntárias para os trabalhadores que optem por reconsiderar a sua decisão anterior de não aderir às medidas voluntárias, bem como manter a possibilidade de candidatura às restantes vagas na Portugália”. A companhia espera, assim, “reduzir o número de trabalhadores com saídas unilaterais”.

Num outro comunicado divulgado esta manhã pela TAP, a empresa refere que esta redução do número de trabalhadores incluídos no despedimento coletivo “é resultado de um esforço extraordinário”. “A nossa principal prioridade sempre foi promover e encorajar medidas voluntárias e, no caso das saídas, com compensações mais elevadas do que as previstas na lei”, diz Christine Ourmières-Widener, que assumiu recentemente a presidência executiva da TAP.

A gestora lamenta, por fim, todos os cortes de postos de trabalho que foram feitos, na sequência da pandemia. Contudo, diz que a TAP tem de “assumir um compromisso firme com o plano de restruturação” e que a sua “sobrevivência” e “recuperação sustentável” dependem disso.

Sitava diz que despedimento coletivo “não se justifica” e é “desumano”

O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) considerou esta quinta-feira que o despedimento coletivo de 124 trabalhadores da TAP “não se justifica”, “é desumano” e disse que vai recorrer a todas as medidas que levem a empresa a reconsiderar.

“Lamentamos que a TAP tenha optado por esta medida, depois de ter já provocado mais de 2.000 saídas da empresa, que tenha optado por mais esta descaracterização”, afirmou à Lusa o secretário-geral do Sitava, José Sousa.

“Obviamente que o Sitava irá reunir com todos os seus associados e com o nosso corpo jurídico e iremos lutar contra este despedimento coletivo, porque entendemos que, além de desumano, ele não se justifica na empresa”, acrescentou, sublinhando que o sindicato vai recorrer a “todas as medidas possíveis para levar a empresa a reconsiderar este processo”.

Da listagem de trabalhadores abrangidos pelo despedimento coletivo, 61 são pessoal de terra, precisou José Sousa.

“Entendemos que é uma medida errada, a TAP não tinha necessidade disto, é uma crueldade, a empresa precisa destes trabalhadores, hoje é notória a falta de mão de obra para executar trabalho”, realçou o dirigente sindical, que disse ter sido surpreendido pelo anúncio desta medida, numa altura em que falta mão de obra nalguns setores de atividade da companhia aérea.

(Notícia atualizada às 11h32 com a reação do Sitava)

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