Credores dão mais tempo à Dielmar à espera de propostas melhores

A assembleia de credores da Dielmar decidiu suspender os trabalhos até 26 de outubro. O gestor judicial diz que há agora quatro potenciais interessados na empresa de vestuário de Castelo Branco.

Os credores da Dielmar decidiram esta quarta-feira adiar uma decisão final sobre o futuro da histórica empresa de vestuário de Alcains, no concelho de Castelo Branco, que se apresentou à insolvência no final de julho.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Têxtil da Beira Baixa, Marisa Tavares, adiantou ao ECO que “a assembleia suspendeu os trabalhos até ao dia 26 de outubro para que o administrador trabalhe as duas propostas existentes e para que as outras duas que se manifestaram se concretizem”.

Na reunião, que decorreu esta tarde no Juízo de Comércio do Fundão, os credores optaram assim por dar um prazo adicional de mais quase três semanas para o administrador de insolvência, João Maurício Gonçalves, tentar alcançar um acordo satisfatório com algum dos interessados.

Além das duas propostas formais referidas no relatório enviado na semana passada ao Tribunal do Fundão – e que apresentavam “insuficiências ou condicionantes eventualmente inultrapassáveis, no que se refere ao preço, ao objeto ou aos meios financeiros associados” –, o gestor judicial recebeu, entretanto, outras duas manifestações de interesse.

O ECO tentou contactar o administrador de insolvência para esclarecer quais as propostas que estão em cima da mesa – e respetivas condições – para esta derradeira ronda negocial. Sem sucesso, até à hora de publicação do artigo. Fora da corrida e em definitivo, confirmou o ECO, está um consórcio de cinco empresas históricas do têxtil e vestuário, que chegou a apresentar uma proposta, mas acabou por desistir na semana passada.

Citado pela Lusa, João Gonçalves destacou que todas as potenciais soluções precisam de ser “consubstanciadas ao nível do modelo de financiamento”. O único investidor que não pediu reserva sobre a sua identidade foi Vítor Madeira Fernandes, proprietário da Outfit 21, sediada em Leiria, que na reunião explicou aos credores que quer ficar com a empresa e respetivos trabalhadores e pretende começar a laborar “tão rápido quando possível”.

A Dielmar era uma das maiores empregadoras da região da Beira Baixa e deixa uma dívida ao Estado de oito milhões de euros, à banca de cerca de seis milhões e ainda 2,5 milhões a fornecedores e 1,7 milhões à Segurança Social. O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, disse mesmo que o dinheiro público não serve para salvar empresários” e reconheceu que “se calhar” o Estado não vai recuperar o montante que tinha concedido à empresa.

Banco de Fomento ajudou a pagar salários

No relatório analisado pela assembleia de credores, o administrador de insolvência da Dielmar avisou que a massa insolvente não dispõe de recursos para suportar o pagamento dos vencimentos e das obrigações contributivas referentes ao mês de outubro aos 244 trabalhadores que mantêm vínculo contratual com a empresa.

Nesse documento, João Maurício Gonçalves refere que o Apoio Extraordinário à Retoma Progressiva (AERP) terminou no final de setembro e revela que foi complementado por um financiamento do Banco de Fomento, que permitiu pagar os salários de agosto e de setembro e evitar os despedimentos.

O recurso ao AERP libertou o equivalente a 75% dos salários nestes dois meses, tendo os restantes 25%, assim como as contribuições para a Segurança Social, sido cobertos através de um empréstimo contraído junto do Banco Português de Fomento no montante de 171.875 euros.

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