Moreira diz que acordo com PSD dá “estabilidade de que o Porto precisa”

Na posse do novo Executivo do Porto, sem maioria absoluta, Rui Moreira lembra “o que se passa no país”, numa alusão à ameaça de chumbo do OE2022, para valorizar acordo de governação assinado com PSD.

Quase um mês depois de ter vencido as eleições “contra tudo e contra todos”, como referiu esta quarta-feira numa alusão ao caso Selminho, que marcou a campanha, Rui Moreira prometeu que saberá “ouvir e ponderar as posições dos vereadores da oposição” no seu terceiro e último mandato à frente da Câmara Municipal do Porto.

A 26 de setembro, Rui Moreira venceu as eleições autárquicas no Porto. No entanto, ao contrário do que aconteceu nos últimos quatro anos, o ex-presidente da Associação Comercial do Porto vai ter de governar a segunda cidade do país sem maioria absoluta no Executivo municipal.

Falando na cerimónia de tomada de posse do novo executivo e da assembleia municipal, o autarca portuense fez também questão de lembrar que teve uma “vitória inequívoca” e que o movimento independente pelo qual se candidatou registou em 2021 “a mais expressiva distância” para os dois principais partidos (PS e PSD).

Na sessão realizada no Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, em que marcou presença o novo autarca de Lisboa, Carlos Moedas, Rui Moreira lembrou “o que se passa no país”, numa referência à ameaça de crise política por causa do Orçamento do Estado para 2022, para destacar a importância do acordo de governação com o PSD que “permite criar a estabilidade que o Porto merece e de que precisa”.

“Estabilidade [que] é fiel à vontade expressa pelo povo do Porto e muito se deve ao sentido de responsabilidade de Miguel Seabra, presidente da concelhia do PSD, e ao cabeça-de-lista, Vladimiro Feliz. Estou certo de que o Porto reconhece o vosso nobre gesto”, elogiou o independente, que foi apoiado pelo CDS-PP e pela Iniciativa Liberal.

O movimento independente foi obrigado a assinar um acordo de estabilidade com o PSD, acordando várias medidas para o mandato, como a redução da carga fiscal, a transferência de competências para as freguesias, a aposta na mobilidade, a criação de uma rede de creches e a redução da fatura da água.

Acertado na semana passado com a concelhia laranja, o entendimento à direita não envolve pelouros nem cargos em empresas municipais, mas garante a eleição do candidato social-democrata, Sebastião Feyo de Azevedo (ex-reitor da Universidade do Porto), para a presidência da Assembleia Municipal, contra o candidato do PS, Alberto Martins.

Do “frio económico e político” aos independentes federados

No discurso de tomada de posse como presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira prometeu “trabalhar na sustentabilidade económica, social e ambiente da cidade” até 2025, sem esquecer a “agenda da descarbonização”. E elogiou a “capacidade crítica” dos munícipes desta cidade “que tudo discute e tudo critica – e muito bem”.

“Positivo e agregador”, como jurou que será nos próximos anos, Moreira alertou que “depois do inverno pandémico que vivemos, há um frio económico e político que se está a aproximar e Portugal vai precisar, uma vez mais, desta importante nação que é o Porto”. “Nunca faltaremos a Portugal”, reclamou.

Depois do inverno pandémico que vivemos, há um frio económico e político que se está a aproximar e Portugal vai precisar, uma vez mais, desta importante nação que é o Porto

Rui Moreira

Presidente da Câmara do Porto

Já na reta final deste discurso, o líder da Invicta retomou um tema que tinha deixado na noite eleitoral em que manteve as cinco Juntas de Freguesia (só não controla as de Paranhos e de Campanhã), quando referiu que “este projeto político independente, a par de outros que foram a votos, não pode continuar diluído e submetido ao interesse e ao taticismo carreirista de muitos dirigentes partidários”.

E “para o bem da democracia”, sublinhou novamente na tomada de posse, avisou para a necessidade de promover a participação efetiva dos eleitores e defendeu mesmo “a federação dos milhares de cidadãos” que se reveem nos movimentos independentes, que foram a terceira força política nas últimas autárquicas.

Manifesto a minha total disponibilidade para ajudar a dar corpo a esta ideia, (…) mas recuso qualquer cenário de liderança”, completou Rui Moreira, notando não ter “qualquer obsessão” por esse caminho e dizendo que, entre as centenas de eleitos a 26 de setembro há “altos e qualificados quadros políticos” capazes de chefiar esse movimento nacional de autarcas independentes.

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