Produtores de jogos de tabuleiro “lançam dados” na pandemia

A Mebo e a Pythagoras, duas empresas portuguesas de jogos de tabuleiros, estão a bater recordes de vendas e a lançar mais produtos. Jovens adultos, entre os 20 e os 30 anos, são os melhores clientes.

Os portugueses gostam de jogos de tabuleiro e “nos últimos anos este tipo de jogos têm conquistado mais adeptos“. Quem o diz é o fundador da Mebo Games, Gil d’Orey. Numa altura que o mundo está cada vez mais digital, o gestor destaca que este tipo de jogos é uma forma de aproximar as pessoas e “obrigá-las a comunicar entre si”.

Para o fundador da Mebo Games, a “quantidade impressionante” de jogos de tabuleiro que existem numa retalhista como a Fnac é a prova de que existe procura por este tipo de jogos. “Hoje em dia, a procura por jogos de tabuleiro evoluiu muito”, insiste, em declarações ao ECO.

Fundada em 2010, é uma editora portuguesa de jogos de tabuleiro, que aposta sobretudo na criação e edição de jogos para toda a família. Gil d’Orey descreve que, em regra, quem compra jogos de tabuleiro e procura as novidades são jovens adultos, entre os 20 e 30 anos, com o objetivo de jogar com os amigos.

O fundador da Pythagoras Games, David Mendes, corrobora a ideia quanto ao público-alvo. Com o surgimento da pandemia de Covid-19, os consumidores passaram a ter mais tempo para os jogos de tabuleiro e isso refletiu-se as vendas. No ano passado vendeu cerca de 25 mil jogos e alcançou o melhor resultado de sempre.

A Pythagoras Games é dois anos mais nova que a Mebo. Esta editora portuguesa de jogos e conteúdos educativos surgiu pelas mãos de um antigo professor de História, que viu nos jogos de tabuleiro uma ideia de negócio.

Os jogos de tabuleiro tornam-nos mais humanos, obrigam-nos a comunicar uns com os outros, a estar à volta da mesa, a ouvir e a falar.

Gil d’Orey

Fundador da Mebo Games

Enquanto professor, David Mendes sentia algumas dificuldades em cativar os alunos. Começou por testar jogos com os alunos e percebeu que seria uma boa solução. Posteriormente, começou a desenvolver alguns jogos e detetou a ideia de negócio. Sentindo que outros colegas se queixavam do mesmo problema, foi a principal motivação para desenvolver a ideia. Deixou de lecionar e dedica-se agora a 100% ao negócio dos jogos de tabuleiro.

Em 2020 e 2021, a Pythagoras Games lançou dois novos jogos. Para o ano está previsto o lançamento de mais três, sendo um deles dedicado ao Mosteiro da Batalha. A empresa trabalha ainda com as autarquias e está neste momento a desenvolver jogos sobre Palmela e sobre Penela.

Com uma dimensão bem maior, a Mebo Games continuou este ano a animar os serões dos portugueses, com o lançamento de 21 novos jogos de tabuleiro. Para o próximo ano está previsto o lançamento de 30 novos jogos. “Os jogos de tabuleiro tornam-nos mais humanos, obrigam-nos a comunicar uns com os outros, a estar à volta da mesa, a ouvir e a falar. Isto dá uma nova dimensão e permite uma maneira de estar de que, hoje em dia, as pessoas têm necessidade”, sustenta Gil d’Orey.

Questionado sobre se os jogos de tabuleiro conseguem competir com as novas tecnologias, Gil d’Orey realça que o segredo é apostar em “propostas lúdicas muito fortes”. Até porque em casa a competição é enorme. Há smartphones, tablets, consolas. “Se não forem propostas muito fortes e boas, os jogos ficam num canto e não são jogados”, responde o gestor.

A força da fusão e da exportação

Em novembro do ano passado, a Mebo Games e a Morapiaf — empresa especializada na distribuição de jogos de tabuleiro — fundiram-se, passando a ter mais de 90 jogos em catálogo. Após a fusão, todos os jogos passaram a ser comercializados com a marca Mebo Games, que passou a ser igualmente detentora de mais de 15 licenças internacionais.

A Morapiaf tinha um “catálogo muito poderoso” e, segundo Gil d’Orey, isso refletiu-se no volume de faturação da empresa. Este ano, a Mebo Games ultrapassou, pela primeira vez, a fasquia de um milhão de euros de vendas. Os produtos estão disponíveis nas principais cadeias de distribuição (Continente, Auchan, El Corte Inglês, Pingo Doce, Fnac) e em lojas de brinquedos e papelarias. E são comercializados também online, através do site. Os jogos custam entre 9,95 e 75 euros.

Já os jogos de tabuleiro da Pythagoras Games estão disponíveis no Pingo Doce, Fnac e El Corte Inglês e custam entre 9,95 euros e 34,95 euros. No online trabalha com o marketplace da Worten. A Pythagoras Games, que destina 70% da produção ao mercado externo, vai ainda apostar no lançamento de uma nova página na internet, em março do próximo ano.

A Mebo Games, que já tem loja online há alguns anos, teve este ano um upgrade depois da fusão com a Morapiaf. “Cresceu bastante, mas as vendas ainda não são significativas. É uma área que temos de trabalhar mais”, reconhece Gil d’Orey. Desde a fundação já editou 180 jogos de tabuleiro, entre criações próprias sobre temáticas portuguesas ou formatos exportáveis e adaptações de títulos internacionais. E a exportação representa 30% do negócio.

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