De Jesus à auditoria, o que falhou e o que está por cumprir
Passaram-se 79 dias desde que as eleições aconteceram e já muito ocorreu no universo encarnado. Será que algumas das promessas de Rui Costa se aguentaram no tempo?
Assinalava-se o dia 9 de outubro no calendário, as eleições antecipadas do Benfica decorriam no estádio da Luz repleto de adeptos de cachecol ao pescoço e os ânimos estavam no auge, quando Rui Costa foi eleito o 45º presidente do emblema encarnado, sucedendo oficialmente a Luís Filipe Vieira.
Passaram-se 79 dias desde que as eleições aconteceram e já muito ocorreu no universo encarnado: as águias estão a quatro pontos da liderança do campeonato nacional, estão fora da Taça de Portugal, após perderem por 3-0 na casa do FC Porto, e, mais recentemente, rescindiram o vínculo contratual com o técnico Jorge Jesus.
No entanto, recuando a esse dia, que promessas foram feitas pelo ex-futebolista Rui Costa para o seu mandato? Será que algumas já foram cumpridas? O ECO juntou um conjunto de promessas do líder das águias proferidas nas eleições e tentou descobrir se estão a ser cumpridas.
Sucesso desportivo aquém do pretendido
“Há uma estratégia delineada. Um plantel curto, homogéneo, aproveitando a formação. Que nos permita ser líderes no futebol nacional e estar bem em termos europeus, como esta época está a correr. O Benfica tem que liderar em tudo, no futebol nacional“, estas foram as palavras proferidas por Rui Costa na altura da sua eleição, citado pelo jornal Abola, acrescentando que “quem está aqui [no Benfica], o principal objetivo do clube tem de ser dominar o futebol nacional”.
Olhando para o discurso do antigo “maestro”, há uma grande distância com o atual momento da equipa. Atualmente, o conjunto encarnado encontra-se no terceiro lugar da Liga Bwin e fora da Taça de Portugal, após ter perdido na casa do FC Porto (3-0) no passado dia 23 de dezembro.
Utilizando como referência o dia das eleições, o Benfica realizou desde então um total de 16 jogos, dos quais somam-se quatro derrotas (duas vezes com o Bayern Munique, Sporting e FC Porto), nove vitórias e três empates.
Contudo, vale salientar que o Benfica garantiu um lugar nos oitavos de final da presente edição da Liga dos Campeões, após ficar em segundo lugar num grupo composto por Bayern Munique, Barcelona e Dynamo Kiev.
De recordar que na temporada de estreia do técnico de 67 anos, o Benfica somou 32 vitórias, 12 empates e nove derrotas num total de 53 jogos, repartidos entre as várias competições em que estava inserido. Números que impediram as águias de vencerem qualquer título, além disso não conseguiram melhor que um terceiro lugar no campeonato nacional.
Auditoria prometida mas ainda sem detalhes à vista
Outro dos compromissos feitos por Rui Costa foi a questão da realização de uma auditoria forense à SAD do Benfica, como resposta às suspeitas que surgiram à volta do clube e SAD aquando da detenção de Luís Filipe Vieira. Dois dias antes das eleições, o atual líder das águias revelou a existência de “processos em curso” e que de facto estava a “decorrer uma auditoria forense“, reforçando que “quando eu anuncio uma auditoria, é porque a vou finalizar”.
Passado mais de dois meses, ainda não se conhecem factos concretos acerca dos resultados da dita auditoria à administração.
Perante a situação, o movimento ‘Servir o Benfica’, grupo encabeçado por Francisco Benitez, anunciou na passada terça-feira que aguarda até ao momento por uma resposta ao pedido de esclarecimento enviado a Rui Costa, relativamente à auditoria forense ao clube e SAD.
“O Servir o Benfica enviou hoje mensagem dirigida ao Presidente da Direção Rui Costa a solicitar esclarecimentos relativamente à auditoria ao Grupo empresarial do Sport Lisboa e Benfica, cujo compromisso assumiu na campanha eleitoral passada”, indicou o movimento em comunicado.
Jesus, afinal, não faz parte do “projeto Benfica”
Muitas vezes questionado pelo jornalistas sobre a permanência do treinador de 67 anos nas águias após as eleições, Rui Costa sempre foi perentório na sua resposta: “Jesus faz parte do projeto Benfica”.
Chegado o dia 28 de dezembro, o técnico acabou por não permanecer no clube. Porém, este era um desfecho sem surpresas depois dos resultados menos positivos nos últimos jogos, incluindo a derrota por 3-0 diante do FC Porto na passada quinta-feira e que ditou o afastamento dos encarnados da Taça de Portugal.
Este era um desfecho anunciado depois dos resultados menos positivos nos últimos jogos, incluindo a derrota por 3-0 frente ao FC Porto na passada quinta-feira e que ditou o afastamento dos encarnados da Taça de Portugal.
Mais tarde, o assédio do Flamengo junto de Jesus também degradou a relação do técnico com os dirigentes encarnados, sobretudo pelo facto de o treinador não ter colocado um ponto final definitivo logo nas primeiras abordagens feitas pelo clube brasileiro.
Tudo isto culminou no episódio com os jogadores nos últimos dias. O jornal desportivo Record fala em “motim” no balneário, depois de o técnico ter tentado afastado o jogador Pizzi do grupo de trabalho, o que motivou uma reação em bloco dos colegas contra a decisão, obrigando a reintegração do médio.
Falta de aposta na formação
Por fim, outra das temáticas que mereceu a atenção do antigo camisola 10 foi a formação, na aposta em jogadores “made in Seixal”. Dias antes da sua eleição, Rui Costa prometeu que “o Benfica Campus não tem só a ver com o futebol de formação, mas é a casa da equipa principal”.
“O Benfica tem jogadores espalhados pelo mundo inteiro, nos 18 clubes da Liga tem jogadores da sua formação. Pretendemos continuar a trabalhar com ela, metê-los na primeira equipa. Este trabalho tem de ser bem medido, a porta tem de ser aberta pelos jogadores, não pode ser um dado adquirido”, explicou Rui Costa numa entrevista concedida à BTV.
Apesar da vontade do presidente do Benfica em querer apostar na formação, a verdade é que na presente temporada o foco está virado para ativos com maior maturidade desportiva.
Os cinco jogadores formados no Seixal, com menos de 23 anos, que fazem parte do plantel sénior somaram um total de 1.463 minutos de jogo, quando comparando apenas com João Mário, são menos 553 minutos de tempo de jogo. São eles Paulo Bernardo, Tomás Araújo, Henrique Araújo, Gedson Fernandes e Gonçalo Ramos.
Com a mudança de treinador, fica no ar qual será a qual estratégia que Rui Costa quererá implementar no futebol profissional do Benfica daqui para a frente, se sempre será virado para os jovens do Campus ou em jogadores já consagrados no desporto rei.
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