Subida de preços da energia em país da OPEP desencadeia protestos violentos

  • Joana Abrantes Gomes e Lusa
  • 5 Janeiro 2022

O aumento de preços da energia no Cazaquistão, país membro da OPEP, está a desencadear protestos violentos em várias cidades. Em duas delas, o Presidente do país já declarou estado de emergência.

O Presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, declarou o estado de emergência por duas semanas em Almaty, a maior cidade do país, na capital, Nursultan, e na província de Mangistau, após uma série de protestos violentos desencadeados na sequência de um forte aumento do preço do combustível no início deste ano, avança a Reuters (acesso pago, conteúdo em inglês).

A declaração surge após o Governo do país, pertencente à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), ter anunciado, na noite de terça-feira, o aumento de alguns limites de preço do gás, nomeadamente do gás liquefeito (GPL), de 60 tengues por litro (0,12 euros) para o dobro, 120 tengues (0,24 euros).

No mesmo dia, o Presidente Tokayev disse, na sua conta do Twitter, que iria realizar uma reunião com os membros do Governo já esta quarta-feira para discutir as exigências dos manifestantes, a quem apelou a um comportamento responsável.

Muitos cazaques converteram os seus automóveis de modo a funcionarem com GPL, mais barato do que a gasolina no Cazaquistão. No entanto, o Executivo do país considerou que o custo baixo era insustentável e aumentou o preço a partir de 1 de janeiro.

Esta subida do preço resultou em manifestações com milhares de pessoas, que irromperam no dia 2 de janeiro na cidade de Zhanaozen, um centro petrolífero, espalhando-se depois por outras partes da província de Mangistau e da zona ocidental do país, incluindo o centro provincial de Aktau e um campo da maior produtora de petróleo do Cazaquistão, a Tengizchevroil.

Durante as duas semanas de estado de emergência, a população de Almaty e Mangistau estará sujeita a um recolher obrigatório entre as 23 e as 7 horas, restrições à circulação e proibição de ajuntamentos em massa, de acordo com documentos publicados no site do Presidente.

Manifestantes tomam aeroporto de Almaty

Os manifestantes cazaques que esta quarta-feira ocuparam vários edifícios públicos da cidade de Almaty em protesto contra a subida dos preços do gás no Cazaquistão tomaram também o aeroporto da cidade, que cancelou todos os seus voos.

“O serviço de segurança do aeroporto disse-nos: desculpem, o aeroporto foi tomado. Hoje, não haverá voos”, indicou o ‘blogger’ cazaque Alisher Yelikbayev, citado pela agência russa Interfax, durante um corte total de internet no país centro-asiático que impede o acesso aos meios de comunicação social locais.

Segundo Yelikbayev, as autoridades asseguraram durante todo o dia aos passageiros que o exército estava a defender o aeroporto e os aviões a descolar a horas, mas os militares não enfrentaram os manifestantes e retiraram.

O Presidente cazaque, Kassim-Yomart Tokaïev, afirmou esta quarta-feira que há vítimas mortais, embora sem precisar o número, e mais de 500 feridos, e alertou que tomará medidas severas contra os manifestantes violentos, após assumir a presidência do Conselho de Segurança do país.

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