Autotestes: são confiáveis? E o que fazer em caso positivo?

Os autotestes são uma das ferramentas para despistar eventuais casos de infeção por Covid-19, ainda que seja necessário um teste de confirmação. O ECO preparou um conjunto de 5 respostas sobre o tema.

Governo e especialistas têm vindo a incentivar o uso de autotestes para despistar eventuais casos de infeção por Covid-19. A viabilidade destes testes não é tão boa quanto os testes PCR, mas apresentam várias vantagens já que são mais baratos, podem ser feitos em casa e têm-se revelado suficientemente sensíveis quando uma pessoa tem uma carga viral mais alta e, portanto, é mais contagiosa. Contudo, o teste PCR continua a ser o método de referência para o diagnóstico.

1. Para que servem os autotestes?

Os testes rápidos de antigénio são utilizados para despistar eventuais casos de infeção por Covid-19 e são especialmente dirigidos a doentes com suspeita de infeção e em caso de contacto com doentes positivos, bem como, para fins de rastreio. Neste contexto, estes testes não constituem “uma ferramenta clínica”, mas sim uma “ferramenta de Saúde Pública”, já que “a sua principal função é descartar infecciosidade”, explica Bernardo Gomes, ao ECO. O objetivo é “detetar se a pessoa se está a excretar vírus de uma forma expressiva”, resume, o especialista em Saúde Pública e investigador do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto.

2. Os autotestes são iguais aos testes PCR?

Não. Ao contrário dos testes PCR que detetam o material genético do vírus (o chamado RNA) a partir de uma amostra de fluido, os autotestes (tal como os testes rápidos de antigénio – TRAg) detetam certas proteínas do vírus a partir de uma amostra de fluido. Não obstante, os autotestes além de ser consideravelmente mais baratos permitem resultados mais rápidos: entre 15 a 30 minutos. No entanto, não são considerados pelas autoridades de saúde como testes confirmatórios.

3. Qual o grau de fiabilidade destes autotestes?

A fiabilidade dos autotestes (tal como dos testes rápidos de antigénio) não é tão elevada quanto a dos PCR, contudo, estes têm-se revelado suficientemente sensíveis quando uma pessoa tem uma carga viral mais elevada e, portanto, é mais contagiosa. “Não evitam todas as situações, mas há muitas situações que são detetadas”, aponta Bernardo Gomes, acrescentando que estes testes “são uma espécie de filtro” que ajudam na “decisão probabilística” de saber se a pessoa está ou não infetada, nomeadamente quanto tem sintomas.

No entanto, o especialista em Saúde pública alerta que “é preciso ter noção de que este teste pode ser falível”, pelo que recomenda a que as pessoas com sintomas ou que estiveram em contacto com um caso positivo ” reforcem as “cautelas habituais” e evitem participar em eventos. Os autotestes “não são 100% viáveis”, pelo que há algumas situações em que as pessoas repetem os autotestes e só “ao final de x tempo dão positivo“, remata.

4. Como interpretar o resultado do autoteste?

Independentemente da marca, os autotestes podem marcar duas linhas. A primeira (a letra C) é a barra de controlo e a segunda, onde aparece a letra T, indica que foi detetada carga viral na amostra. Deste modo, qualquer que seja a intensidade desta segunda linha, se parecer, significa que o resultado é positivo.

Os vários cenários para interpretar um resultado de um autoteste

Contudo, importa sublinhar que, mesmo que não apareça a linha na barra com a letra C, isso não significa que não haja infeção, já que o teste pode não ter sido bem feito ou, até, não ter carga viral suficiente para ser detetável. Além disso, uma das novidades trazidas pela variante Ómicron, que é já dominante em Portugal, é que os sintomas podem surgir antes de a pessoa testar positivo. Assim, perante a suspeita de contágio é aconselhável contactar a linha SNS24 para realizar um teste confirmatório.

5. O que fazer em caso positivo?

Segundo as autoridades de saúde, os indivíduos sintomáticos ou que contactaram com um caso confirmado devem contactar a linha de Saúde 24 (808 24 24 24) independentemente do resultado do teste, para realizar um teste confirmatório. Este segundo teste será, de preferência, PCR, sendo também admitido o TRAg em doentes com sintomas e com critérios para internamento, por indisponibilidade dos testes moleculares ou por falta de resposta em tempo útil, segundo a norma 004/2020 da DGS.

Já para quem não tenha tido sintomas ou contactado com o caso confirmado, mas após a realização do autoteste apresente um resultado positivo ou inconclusivo deve também comunicar o respetivo resultado às autoridades de saúde “por contacto telefónico ao Centro de Contacto SNS24 (808 24 24 24)” ou através do preenchimento de formulário eletrónico que pode consultar aqui, segundo a circular do Infarmed. Posteriormente, é-lhe também emitida uma prescrição para teste confirmatório PCR ou TRAg.

Contudo, importa sublinhar, que, os testes laboratoriais para a identificação de SARS-CoV-2 não devem ser realizados em pessoas com historial de infeção, confirmada laboratorialmente, nos últimos 180 dias desde o fim do isolamento (a menos que tenham sintomas e que ao mesmo tempo tenham contactado com um caso confirmado).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Autotestes: são confiáveis? E o que fazer em caso positivo?

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião