PAN e IL chocam nas prioridades climáticas
Os liberais defendem que "as soluções que o PAN propõe conduzem ao empobrecimento dos países”. PAN responde que é "falacioso" dizer que as atividades que mais poluem geram mais rendimento no país.
Os líderes do PAN e da Iniciativa Liberal partilharam esta sexta-feira preocupações sobre o ambiente e o Serviço Nacional de Saúde, temas em destaque no debate televisivo na SIC Notícias, mas distanciaram-se nas soluções para os problemas.
A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, e o presidente da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim Figueiredo, estiveram esta sexta frente a frente na SIC Notícias, num debate para as eleições legislativas de 30 de janeiro marcado essencialmente por dois temas em que partilharam preocupações, mas discordam nas soluções.
Desde logo, os dois candidatos sublinharam a importância das questões climáticas, mas a diferença entre ambos foi apontada por Cotrim de Figueiredo, quando disse que, enquanto a maior preocupação do PAN é o ambiente, a da IL é o crescimento económico “como veículo para resolver os problemas ambientais”.
“As soluções que o PAN propõe conduzem ao empobrecimento dos países”, avaliou o liberal, justificando como exemplo que não é possível reduzir as emissões gases com efeito de estufa sem reduzir a atividade económica.
No mesmo tom cordial que mantiveram, de parte a parte, ao longo dos 25 minutos de debate, o argumento foi imediatamente contrariado por Inês de Sousa Real. “É falacioso achar que as atividades que hoje estão a poluir geram mais rendimento ao país”, começou por dizer a líder do PAN, acrescentando que, no futuro, Portugal será particularmente afetado pelas alterações climáticas e, por isso, a transição energética será uma inevitabilidade.
Apesar da explicação, Cotrim de Figueiredo insistiu que é do crescimento económico que se deve partir para as políticas ambientais e considerou ainda que “os planos de intervenção para a correção das alterações climáticas estão a ser usados como espécie de substituto da luta de classes para atacar a economia de mercado e facilitar a intervenção do Estado”.
Em vez disso, a IL propõe para as políticas ambientais uma lógica contratual, que substitua a regulamentar, em que as empresas são compensadas mediante o cumprimento de certos objetivos.
Quanto ao Serviço Nacional de Saúde, os dois candidatos reconheceram problemas no funcionamento atual, mas colocaram-se em polos opostos quanto ao futuro. Para os liberais, a solução é uma espécie de sistema misto, público mas em que o prestador de cuidados de saúde pode ser privado, mantendo o acesso universal gratuito.
Já a porta-voz do PAN criticou a canalização de investimento para o setor privado, defendendo que o Serviço Nacional de Saúde precisa de ser priorizado e reforçado, sob pena de “transformar a saúde em algo a que apenas alguns podem aceder”.
Ao longo do debate, a questão em que os dois candidatos mais se aproximaram foi na necessidade de alargar a rede ferroviária nacional, mas já no final voltaram a distanciar-se quando o tema dos impostos foi colocado em cima da mesa.
Do lado da IL, Cotrim de Figueiredo insistiu na taxa única de IRS, afirmando que “o sistema fiscal não pode ser redistributivo ao ponto de ser punitivo”. Inês de Sousa Real, por seu turno, defendeu a introdução de mais dois escalões para beneficiar a classe média.
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