Bloco questiona Câmara de Lisboa sobre venda do antigo Hospital do Desterro

Estado vendeu antigo hospital à Mainside, como noticiou o ECO. Bloco quer saber se Câmara de Lisboa deu "luz verde" e se exerceu o direito de preferência sobre o imóvel.

O antigo Hospital do Desterro, em Lisboa, foi vendido pela Estamo à Mainside, noticiou o ECO esta quinta-feira. O edifício estava há oito anos arrendado aos agora novos donos, através de um acordo entre as duas partes e a Câmara de Lisboa. Depois de a venda ser tornada pública, o Bloco de Esquerda questiona agora a autarquia lisboeta quanto aos motivos para não ter sido exercido o direito de preferência sobre o imóvel.

Ao fim de oito anos de impasses e desentendimentos, a Estamo (imobiliária do Estado) vendeu o antigo Hospital do Desterro, na Avenida Almirante Reis, em Lisboa, por 10,5 milhões de euros aos próprios arrendatários: a Mainside Investments. A empresa era arrendatário do edifício desde 2013, ano em que assinou um acordo com a Estamo e a autarquia para a exploração do imóvel por dez anos e a sua consequente transformação.

Depois de o ECO ter noticiado a venda do imóvel, a vereadora do Bloco de Esquerda na Câmara de Lisboa vem questionar a autarquia: “O negócio (…) parece ter sido feito com enorme celeridade”, uma vez que os documentos da Estamo indicam que o contrato de promessa compra e venda (CPCV) foi assinado “apenas seis dias antes da venda”, a 23 de dezembro de 2021.

Em comunicado, a vereadora bloquista afirma que o protocolo assinado em 2013 “nunca foi cumprido pelo arrendatário ao longo de oito anos”. Nesse acordo, a Mainside “comprometia-se a criar várias valências naquele edifício, incluindo oficinas e residências artísticas, espaços para eventos culturais, espaços comerciais, uma escola e ainda atividades hoteleiras”.

Agora, de acordo com a informação adiantada ao ECO pela coordenadora do projeto, Susana Pais, os planos para aquele hospital passam pela criação de um hotel de quatro ou cinco estrelas no primeiro piso e outra componente de alojamento, “mais descontraída”, noutro piso. O imóvel terá uma componente de restauração no piso térreo, não havendo ainda a certeza quanto à instalação de um polo de produção para empresas.

Beatriz Gomes Dias nota que aquela zona da cidade “tem mais de uma dezena de hotéis e inúmeras residências, para além do alojamento local”. E acrescenta: “Esta venda do antigo Hospital do Desterro atenta contra o Programa de Ação Territorial para a Colina de Santana que foi criado na sequência da desativação de um conjunto de equipamentos naquela zona da cidade”.

A vereadora questiona, assim, se a Câmara de Lisboa deu “luz verde” a esta operação e se foi cumprido o prazo para o direito de preferência sobre o imóvel.

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