Medidas para mitigar seca estão aquém das necessidades, defendem agricultores

  • Lusa
  • 22 Fevereiro 2022

A Confederação Nacional da Agricultura considera que as medidas apresentadas pelo Governo para mitigar a seca "não respondem de forma eficaz às grandes dificuldades" dos agricultores.

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) defendeu esta terça-feira que as medidas apresentadas pelo Governo para mitigar o impacto da seca não respondem “de forma eficaz” às necessidades do setor, reclamando apoios financeiros extraordinários.

“A ministra da Agricultura do Governo português acaba por anunciar um punhado de medidas que não respondem de forma eficaz às grandes dificuldades que os agricultores estão a enfrentar. Depois de ter ido a Bruxelas ‘negociar’ apoios para a agricultura portuguesa minimizar os efeitos da seca, a montanha pariu um rato”, apontou, em comunicado.

Para a CNA, mais do que antecipação de pagamentos, flexibilização de restrições, programas de investimento ou medidas que “arriscam aumentar o endividamento”, são “urgentes apoios financeiros extraordinários” para os agricultores.

A confederação sublinhou que o adiantamento das ajudas da Política Agrícola Comum (PAC) para outubro, antecipa pagamentos aos quais os agricultores já tinham direito, contudo, questiona como é que estes vão aguentar, até lá, as perdas de rendimento, face ao aumento dos custos e ao facto de as culturas estarem comprometidas.

Exige-se, por isso, e no imediato, que sejam implementadas medidas que venham reforçar a capacidade financeira dos agricultores e que passem pela atribuição de ajudas a fundo perdido pela perda de rendimentos e capazes de repor o potencial produtivo onde este tenha sido afetado”, reiterou.

Por outro lado, a CNA pediu a criação de ajudas à alimentação animal, que minimizem as dificuldades decorrentes da escassez de pastagem, fenos e palhas, bem como os elevados custos com as rações.

Com 90% do território em seca severa ou extrema, se estas medidas não avançarem, muitas explorações agrícolas serão obrigadas a encerrar, vincou, precisando que serão, sobretudo, as pequenas explorações da agricultura familiar as mais afetadas.

A confederação voltou também a defender o reforço do Ministério da Agricultura para que esteja dotado dos recursos para apoiar o setor face a situações extremas. Por último, a “CNA reafirma que é necessário combater a escalada especulativa com os preços dos combustíveis, eletricidade, fertilizantes e reações e, de uma vez por todas, enfrentar o poderio desmedido da grande distribuição, que esmaga, em baixa, os preços na produção nacional”.

A ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, garantiu, esta segunda-feira, ter observado, por parte da Comissão Europeia, uma “abertura grande” para avançar com “medidas imediatas” de apoio “para fazer face às necessidades” dos agricultores portugueses, devido à seca.

Recebemos, por parte do comissário, uma abertura grande para poder fazer face a medidas imediatas que ajudem os agricultores da Península Ibérica a ter respostas imediatas a esta contingência”, declarou a responsável pela tutela.

Falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas, no final de um Conselho de Agricultura no qual apresentou, com o seu homólogo espanhol, medidas de apoio para “ajudar os agricultores que passam por momentos muito difíceis” devido à seca, Maria do Céu Antunes escusou-se a avançar com valores, explicando que “isso vai depender daquilo que são as disponibilidades de cada um dos Estados-membros”.

“Aquilo a que o senhor comissário se comprometeu connosco foi a estar atento àquilo que são as necessidades e àquilo que é a evolução também da situação” e que “podemos estar à espera do que for necessário para fazer face às necessidades dos nossos agricultores”, referiu a governante.

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