BCE prevê inflação de 5,1% este ano e PIB a crescer 3,7%

O staff do BCE reviu em alta a aceleração da taxa de inflação para 5,1% em 2022. Por outro lado, reviu em baixa o crescimento económico para 3,7%, devido ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

Os economistas do Banco Central Europeu (BCE) calculam agora que a taxa de inflação vai acelerar para 5,1% em 2022 na Zona Euro. Já a economia europeia vai travar mais do que o esperado anteriormente, crescendo 3,7% este ano. As novas previsões foram divulgadas esta quinta-feira após a reunião de política monetária que manteve os juros e acelerou a redução dos estímulos.

Anteriormente, o staff do BCE previa um crescimento do PIB da Zona Euro de 4,2% em 2022, desacelerando para 2,9% em 2023 e 1,6% em 2024. Já a taxa de inflação ia acelerar para 3,2% em 2022, desacelerando posteriormente para 1,8% tanto em 2023 como em 2024.

Agora, devido à guerra, o crescimento do PIB da Zona Euro é revisto em baixa para 3,7% em 2022, 2,8% em 2023 e 1,6% em 2024. No caso da taxa de inflação, esta é revista em alta “significativamente” para 5,1% em 2022, 2,1% em 2023 e 1,9% em 2024.

Na conferência de imprensa, Christine Lagarde, presidente do BCE, admitiu que o conflito armado terá impacto nos preços da energia, no enfraquecimento da confiança e na disrupção do comércio internacional em determinadas áreas. Na reunião desta quinta-feira, o conselho de governadores avaliou uma “série de cenários” possíveis para os próximos meses.

Em relação à subida dos preços, Lagarde reconheceu que no curto prazo pode ser “consideravelmente mais alta” e que os aumentos são cada vez mais transversais aos vários tipos de bens e serviços. De tal forma que a inflação core (subjacente), a qual exclui os preços da energia e dos alimentos não transformados, vai fixar-se em 2,6% em 2022, 1,8% em 2023 e 1,9% em 2024.

Perante estas previsões, a opinião do BCE é que “cada vez mais provável que a taxa de inflação estabilize no objetivo de 2%” no médio prazo.

A invasão russa da Ucrânia irá afetar negativamente a economia da Zona Euro e aumentou significativamente a incerteza“, disse a presidente do BCE, revelando que o banco central está a trabalhar com uma cenário base, um negativo e um severo. Se as projeções do staff do BCE se concretizarem, a economia europeia continuará a recuperar dos efeitos da pandemia, fruto do forte consumo interno e mercado de trabalho.

Mas Lagarde também deixou um recado aos Governos nacionais, tal como já aconteceu no passado, pedindo respostas à política orçamental: “Medidas orçamentais, incluindo ao nível da União Europeia, também iriam ajudar a proteger a economia“. A referência à UE poderá estar relacionada com a notícia da Bloomberg de que estaria a ser preparada uma nova emissão de dívida conjunta, à semelhança do SURE, para depois emprestar aos Estados-membros e canalizar esse dinheiro para colmatar a subida do preço da energia e investir em defesa.

Porém, não há dúvidas de que neste momento os riscos são negativos, principalmente por causa da guerra, com a pandemia a deixar de ser um problema. “A Guerra na Ucrânia pode ter um efeito mais forte no sentimento da economia e pode piorar os constrangimentos do lado da oferta outra vez“, avisou Lagarde, acrescentando que a persistência de custos elevados da energia podia colocar um travão no consumo e no investimento na Zona Euro.

No caso da inflação, há dois potenciais efeitos contraditórios: se a procura cair por causa da guerra, as pressões sobre os preços podem aliviar; se as pressões sobre os preços, principalmente por causa da energia, forem transmitidas para maiores aumentos salariais, a inflação pode vir a ser mais elevada no médio prazo. Para já, o BCE continua a não ver a espiral entre preços e salários nos dados: “o crescimento dos salários mantém-se ténue”.

(Notícia atualizada às 14h39 com mais informação)

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